quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Deficientes: aspectos a serem considerados



           Quantas vezes percebemos a forma errada que são tratados os deficientes físicos ou mentais. As pessoas ficam apreensivas frente ao diferente e, sem informação, agem equivocadamente.

          Ao encontrarmos uma pessoa com deficiência  pensamos em como lidar com sua limitação, querendo ajudar, e pode ocorrer de generalizarmos sua condição, tratando um cego como se não ouvisse, por exemplo, exagerando em nossas preocupações. Sabe-se que o portador de alguma necessidade especial não quer ser tratado como inválido, digno de pena e precisando de suporte o tempo todo, mas quer respeito por ser exatamente como é: com alguma limitação, mas que pode ser adaptada e ter uma vida plena, fazendo valer seus direitos, capacidades e possibilidades, quando, não raro, maiores que de outros chamados normais.

     Percebo também a superproteção que algumas vezes recebem, pois, exemplificando, tenho uma sobrinha com déficit intelectual, decorrente de falta de oxigenação ultra uterina no final da gestação. Sua mãe demorou muito para aceitar a situação e quando finalmente o fez. sempre tratou a menina como não sendo capaz de inúmeras tarefas e funções, deixando-a dependente, sempre suprindo todas necessidades
      Outro fato é a vulnerabilidade dos deficientes mentais/intelectuais, pois facilmente são explorados e viram alvo de chacotas e abusos, vista a fragilidade de sua condição.   Do mesmo modo, a sua necessidade de agradar faz com que falem coisas contra sua verdade e se expõem desnecessariamente. 






domingo, 15 de outubro de 2017

Diferenças e necessidades especiais na escola


Avestruzes e crocodilos: como agimos?


    Uma avestruz, frente a algo que não quer enfrentar, coloca sua cabeça dentro da terra, não enxergando e não existindo, ao ser ver, o problema. A atitude da avestruz demonstra atenuação da situação, o não enfrentamento mesmo sabendo da existência da mesma, como uma fuga temporária.
    Crocodilos agem submersos e abocanham vítimas desatentas. Ele está aí, tranquilo, e quem ele encontra no seu espaço, é o culpado por isso e irá morrer, ou apenas “virar refeição”. Crocodilos, na Idade média, viviam em fossos ao redor de castelos, tornando o acesso perigoso demais. A porta do castelo abria somente de dentro pra fora, formando uma ponte, sob a ordem do rei ou seus súditos diretos, mediante análise. Se quem estivesse fora quisesse entrar e fazer parte do “mundo” do castelo teria que pedir permissão ou transpassar o fosso e pular o muro.


    Esta metáfora vem ao encontro de situações do cotidiano, na esfera escolar. Dentro do castelo há o saber, a convivência, o respeito às diferenças, as formas de aprender, a acessibilidade, a vontade de ajudar neste processo por quem habita o castelo. O fosso representa o preconceito, os rótulos e dificuldades que a escola tem de se adaptar ao aluno diferente. Os crocodilos são as desculpas e a acomodação para não ter que fazer nada a respeito. A ponte é o direito ao acesso, que deveria estar estendida para todos. Será que nossas escolas, e mesmo nós, como professores, estamos estendendo esta ponte, ao largando aos crocodilos? Ou mesmo estendendo a ponte, que condições oferecemos ao alunos, sem que o vejamos como incômodo?
     Alunos que chegam à escola com alguma deficiência física ou mental tem direito à educação de qualidade com a utilização de recursos materiais e pedagógicos  que possibilitem o máximo de aprendizado e interação, de acordo com sua deficiência. A deficiência faz com que tenham limitações e precisa-se buscar outras formas de chegar ao aprendizado, usando braile, a língua de sinais, ou ao menos começando por procurar informações sobre a deficiência e suas restrições, que incapacitam para determinadas funções, assim como possibilidades que podem ser avivadas. A situação de desvantagem do aluno aos parâmetros “normais” de técnicas em sala de aula precisa ser revisto, pois a escola como um todo precisa se adaptar ao deficiente, e não este ficar à deriva dentro do educandário.
   O aluno com síndromes ou deficiência tem direito a acompanhamento em suas necessidades fisiológicas, e assim como todos os outros, direito à dignidade e respeito como ser humano. E a escola é o lugar que se constrói e se aprende a convivência e a cidadania.
   Por vezes somos contempladas com alunos ditos “difíceis”, vindos de famílias desestruturadas ou condição social vulnerável, ou mesmo com transtornos diversos e nem sempre nossa aceitação é imediata. Almejamos ter um ano letivo tranquilo, sem percalços, mas quando temos alunos nestas condições entramos, não raro, em estado de alerta e nosso “castelo” desmorona. Mas aí está a batalha contra os crocodilos que querem invadir o castelo, então o que fazemos? Podemos ser uma avestruz ou arregaçar as mangas e fazermos a diferença na vida escolar (e até pessoal) daquele aluno.

Referências:
AMARAL, Lígia Assunpção. Sobre crocodilos e avestruzes: falando de diferenças físicas, preconceitos e sua superação. Diferenças e preconceito na escola: alternativas teóricase práticas/coordenação de Júlio Groppa Aquino. São Paulo. Editora Summus. 1988.


domingo, 8 de outubro de 2017

Pontos de vista

    A recente atividade proposta na Interdisciplina FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO veio ao encontro de situações vivenciadas em nosso dia a dia. Após leitura do texto: "O dilema do antropólogo francês", tivemos que defender ou contestar a atitude tomada por ele.
    Esta atividade serviu para nos mostrar que sempre há uma outra opinião, diferente da nossa, que devemos ouvir e respeitar, pois pode estar baseada em outra cultura, outro costume ou moral. Por mais que julgamos correto nosso julgamento, devemos dar oportunidade para o outro se manifestar, e não raramente, acabamos mudando nossa visão sobre o fato ou objeto em questão.

     Argumentar é essencial para expor nosso pensamento, onde defendemos nossa ideia e contestamos o que acreditamos ser diferente. Porém o diálogo entre as partes é necessário, seja em uma discussão, uma conversa com os pais de nossos alunos, com coordenadores pedagógicos ou direção de escola, nas redes sociais, onde deparamos com ofensas e inverdades, ou simplesmente nas conversas em família ou com amigos.

     O dilema moral do texto apresentado foi uma comparação com nossa vida prática, onde temos que tomar atitudes que podem agredir o outro ou a nós mesmos, ora consentindo para o "bem comum", ora indo contra nossos valores, ora facilitando um aluno em situação de reprovação, por exemplo. A ética muitas vezes é violada, dada a relatividade da moral vigente. Este texto vem contemplar nossa defesa, nossa argumentação e faz vermos que temos que expor nosso ponto de vista, mas considerar e respeitar o dos outros. 

Texto apresentado:

"O dilema do antropólogo francês

      Claude Lee, antropólogo francês, há dez anos vive numa ilha de um arquipélago na Polinésia. Sua missão é pesquisar os hábitos dos nativos que lá habitam. Os costumes dos nativos são bastante diferentes dos costumes dos franceses, mas ele tem o cuidado de não julgar o modo como estes nativos vivem, porque tal avaliação sempre seria parcial. Como poderíamos abstrair sinceramente a concepção de mundo que herdamos da nossa cultura e avaliar imparcialmente todas as culturas?
     O antropólogo tem ainda outro argumento: qual seria a medida pela qual julgaríamos as culturas. Existem quesitos transculturais que nos permitem avaliar toda e qualquer cultura? A reposta do antropólogo é não: toda avaliação está condicionada pelo cultura do avaliador.
     Assim, Claude decidiu jamais interferir no modo-de-vida dos habitantes do arquipélago. Entre os costumes destes, existe o de considerar intocável o povo da ilha X, pois seriam feitos de uma substância diferente daquela da qual os seres humanos são constituídos, de tal modo que, ao se tocar um morador da ilha X, ele se transformaria em areia e água.
    Num dia de temporal muito forte, um náufrago veio dar na ilha onde o antropólogo estava morando. Ele percebeu que este homem era habitante da ilha X e que estava bastante ferido, mas que poderia ser facilmente curado, desde que os nativos o cuidassem. Estes, contudo, por força de seu costume, não querem tocar no náufrago
   Claude Lee, após refletir sobre o assunto, decidiu continuar não intervindo nos costumes dos nativos da ilha." (Autoria desconhecida).