terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Aprendizagem, um processo constante

    O que é aprendizagem? Como ocorre?


    Toda criança, e toda pessoa, tem capacidade de assimilar novos conhecimentos, que se sobrepõem aos conhecimentos anteriores, com estruturas mentais cognitivas e pela maturação biológica, que vão se acomodando e por fim, com experiências, ocorre uma equilibração, ou seja, uma auto-regulação do conhecimento adquirido.

     A aquisição de conhecimento não é passiva e nem espontânea, mas se dá pela ação da pessoa sobre o objeto. Desta ação, surge o processo de aprendizagem, em estruturas cada vez mais complexas e diversificadas, em um contínuo aprendizado ao longo da vida.

Portanto,
     APRENDIZAGEM é o resultado de todo um processo de aquisição de conhecimento - acomodação nas estruturas mentais cognitivas - e equilibração, com um sujeito ativo sobre o objeto.

domingo, 3 de dezembro de 2017

Considerações - a importância de conhecer os alunos


  • Como professora, sei da importância de conhecer cada criança, sua cultura, diferenças étnico-raciais, origem, e a realidade de suas famílias, para compreendê-las melhor, tanto psíquica, emocional e cognitivamente, e realizar o processo ensino-aprendizagem.


O tema aprender e ensinar em meio a relações étnico-raciais, portanto em contextos de sociedades multiculturais como a nossa, é amplo, vasto e permite muitas aproximações... No Brasil, temos de tratar juntos indígenas, afrodescendentes, descendentes de europeus e de asiáticos, sem medo das tensões, abertos a nossa diversidade, sem querer ninguém ser o melhor, o superior.” (Gonçalves e Silva)


  • Com o intuito de qualificar e humanizar a prática docente, precisamos conhecer nossos alunos.


"Em todas as dimensões do cuidar e educar é necessário considerar a singularidade de cada criança com suas necessidades, desejos, queixas, bem como as dimensões culturais, familiares e sociais”. (MEC)


  • Fundamental:

Conhecer - respeitar - compreender - valorizar -   auxiliar/ensinar o aluno.

Colocando "panos quentes"

   Quantas vezes na vida somos enganados pela nossa mente? Quantas distorções fazemos e achamos que estamos certos, mas depois questionamos como foram possíveis tais interpretações? 
   Muitas vezes somos enganados pela mente, ainda mais quando se trata de assuntos que tendem à paixões e fanatismos, em opiniões controversas e com diferentes interpretações. Certos assuntos são polêmicos, como política e religião, por exemplo, onde amizades são arranhadas e até desfeitas. São tantas informações contraditórias, duvidosas e sensacionalistas que recebemos que não é a toa que nosso raciocínio se confunde.
    A ilusão faz parte dos enganos e devaneios que nós mesmo criamos, onde questões do coração e carências cegam para o entendimento. Emoções e expectativas fazem, com frequência, projeções distorcidas que à luz da razão são descabidas.
   Self-deception = mentir para si mesmo, justificado pela própria mente. A explicação para nossas fantasias e erros está neste aspecto da mente. Por isso tanto nossos alunos como todas pessoas cometem enganos e ainda julgam-se corretos, pois as percepções  foram configuradas equivocadamente, e não raramente, os erros são atribuídos a outros.
   Gosto muito de relacionar conceitos científicos com a sabedoria popular, como estes que dizem: "Fulana só escuta o que quer ouvir." Ou "Alguém tem que ser o culpado. Tanto faz quem." Embora sejam frases triviais, esboçam os atalhos e  enganos da mente humana, que "Coloca panos quentes" na realidade e na verdade.



terça-feira, 14 de novembro de 2017

À sombra desta mangueira - reflexões


   
     Dialogicidade é a proposta de Paulo Freire tendo em vista a liberdade de questionar, refletir e discutir em sala de aula, tendo como princípios a natureza humana e a democracia. A comunicação está presente em toda ação humana como fenômeno vital e a informação encurta o tempo e o espaço. 
     Somos seres finitos e inacabados e a consciência disso nos faz buscar constantemente um algo mais, um educar-se. Sem esta consciência seríamos como animais adestrados ou como plantas, cultivadas. O saber-se finito e inacabado permite que sejamos educados. Aí também reside a esperança, fundamental no processo deste projeto de educar-se como ser humano.
     A curiosidade se apresenta como elemento fundamental neste processo, pois move a pessoa a conhecer, compreender e buscar a razão de ser das coisas. Pela curiosidade somos seres disponíveis a indagação e a perguntas que expressam a possibilidade de conhecer. Com esta base fica difícil compreender a memorização forçada que se aplica em sala de aula. A mera curiosidade espontânea, em sala de aula, pode tornar-se epistemológica, pela reflexão crítica e metodologia que converterá o conhecimento comum em conhecimento científico.
      O papel do educador é lançar desafios à curiosidade dos alunos, fazendo valer inúmeros recursos em sala de aula, no contexto escolar, onde se desvelam verdades escondidas a partir desta provocação.
      O pensamento “as coisas são assim porque não podem ser de outra maneira” vai na contramão da curiosidade, da criticidade, da liberdade de buscar informação e conhecimento. Historicamente, governos dominadores preferem podar o cidadão, com indivíduos passivos, que não pensam nem contestam, treinados nas escolas, em vez de formar para a democracia, protestando e transformando o mundo.

Referências: 

Freire, Paulo. À sombra desta Mangueira. Livro. Editora Olho D água. São Paulo, 2000. Pg. 74-82.

sábado, 11 de novembro de 2017

Altas habilidades: característica ou problema?

     Trabalho há quinze anos com educação infantil e tive vários alunos com altas habilidades, um desempenho destacado em algum aspecto nos seus desenvolvimentos.

    Porém, ao longo dos anos, muitas situações se apresentaram e equivocadamente, não compreendemos e nem tomamos nenhuma atitude para acompanhar, conduzir ou favorecer o aluno, por desconhecimento. Ocorreu que confundimos as características de alunos com altas habilidades com um problema.
     O caso mais interessante foi de um aluno do Berçário 2, que há 14 anos atrás, passava as tardes correndo em círculos ao redor da sala e não se socializava. No ano seguinte o tive novamente, então no Maternal, e se mostrava impaciente, hiperativo, não participava de nenhuma atividade proposta, brincava sempre isolado, falava sozinho coisas desconexas e corria pelo pátio com um graveto apontando para o céu. Lembrava muito o personagem do filme “Uma mente brilhante” (Ron Howard, 2001) e realmente estava certa. Na época chegamos a pensar em autismo ou um déficit intelectual, mas a verdade só se revelou quando ingressou no ensino fundamental. 
     O aluno em questão, hoje, tem um altíssimo nível cognitivo e é um expert em diversas áreas do conhecimento. Já foi premiado em várias olimpíadas de matemática e homenageado a nível estadual por projetos de Ciências, recebendo cursos e bolsas por seu desempenho. Em inglês está em um nível avançado para sua idade, destacando-se consideravelmente.

   Acredito que a rotina escolar deve ter sido tediosa e sua energia precisava ser liberada. Seus pensamentos, certamente, estavam bem além das atividades que eram sugeridas. Suas habilidades eram outras e estavam se articulando em sua mente.

    Esta situação poderia ter sido tratada de outra maneira, como até chegamos a pensar na época, com um atendimento individualizado e com uma sala de recursos, onde poderia realizar as coisas que gostava, mas por desconhecimento nada foi feito. E ainda surgiu a questão: “porque ele tem que ter atendimento diferenciado, se não é diferente de ninguém”, “se os outros tem que se adaptar, ele também tem que se acostumar.” Durante a hora do soninho era um stress enorme, pois ele rolava de um lado para o outro, suava e ficava impaciente, sem nunca dormir. 
     Atualmente existe um esclarecimento maior a respeito dos superdotados e com altas habilidades, mas as características apresentadas no caso exemplificado foram mal interpretadas, como falta de limites em casa e talvez alguma perturbação ou retardo. Se tivéssemos uma orientação, a respeito do seu comportamento, de um psicólogo poderíamos ter olhado este aluno com outros olhos e assistido melhor em suas diferenças.



Referências:
 Cupertino, Christina Menna Barreto. SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Um olhar para as altas habilidades: construindo caminhos/Secretaria da Educação, CENP/CAPE; organização, São Paulo: FDE, 2008


domingo, 5 de novembro de 2017

Preconceito: revendo padrões e conceitos


      O discurso atual de igualdade, inclusão, respeito às diferenças e sem preconceitos nem sempre condiz com a realidade. 
     O ser humano é, em essência, livre de preconceitos, pois este não é inato, mas adquirido, ou melhor, aprendido. O meio onde a criança cresce e se desenvolve irá afetar significativamente seu modo de ver e sentir o mundo. E do meio em que está inserida que vai construir seu esquema mental, pois de lá  que terá referencias. 
     Conforme as pesquisas de Allport(1946) e de Adorno et al. (1965) mostram, o preconceito         não é inato; ele se instala no desenvolvimento individual como um produto das relações                    entre os conflitos psíquicos e a estereotipia do pensamento - que já é uma defesa psíquica                  contra aqueles-e o estereótipo, o que indica que elementos próprios à cultura estão          presentes.   (Crochík)
      O preconceito é uma defesa da pessoa, uma forma de lidar com o que lhe causa aflição, o que lhe perturba e provoca, mas que não sabe, inconscientemente, lidar com isso, por desconhecimento, baseado em estereótipos que classificam as pessoas, separando-as por categorias. O sujeito, ainda na infância se apropria de estereótipos, que são produtos sociais e mesmo Freud afirmava: “Contudo. como aquilo que se formou no passado é preservado no presente, podemos supor que aquela dicotomia, por vezes, tome o lugar da experiência."( Crochík)
    Muitas vezes nos surpreendemos com atitudes de pessoas esclarecidas, com posturas preconceituosas em nosso dia a dia e nos questionamos a respeito disso, pois acreditamos que o preconceito deriva da ignorância ou da falta de estudo, atestando, mais uma vez, os nossos próprios estereótipos, de que alguém sem estudo é ignorante e preconceituoso. Bem ao contrário, o preconceito está presente no ser humano de qualquer escolaridade e condição social, e novamente, categorizando as pessoas.
    A criança tende a imitar as pessoas com quem convive, criando padrões de pensamento, não raro coletivos, de uma cultura, grupo étnico-racial ou social. “Papalia (2013) afirma que a criança é exposta - ao que se refere apreconceito - primeiro no ambiente familiar e em seguida quando está em idade escolar e passa a interagir com outras crianças."(Manuel, Oliveira, Silva)
   O educador é um profissional que está diretamente atrelado à formação das crianças, que, preocupados com a construção do conhecimento do aluno, devem atentar-se para os aspectos  motivadores do despertar da curiosidade, abrangendo também as relações interpessoais. Sua influencia tem peso na vida psíquica e emocional do aluno, pois é objeto de transferências, que seriam reedições dos impulsos e fantasias despertadas que trazem como característica a substituição de uma pessoa anterior, comumente os pais, pela pessoa do professor. 
     “Dessa forma, sentimentos de simpatia ou rejeição gratuitos que tanto o professor pode sentir em relação a algum aluno, assim como algum aluno em relação ao professor; podem ter origem nesta premissa, já que os relacionamentos posteriores são obrigados a arcar com uma espécie de herança emocional. Todas as escolhas posteriores de amizade e de amor seguem a base das lembranças deixadas por esses primeiros protótipos.” (Jesus)
     Neste sentido, as pessoas que estão ligadas ao desenvolvimento e formação da criança precisam atentar para seus próprios preconceitos, analisando e revisando seus conceitos, pois existe uma saída para nossas concepções preconceituosas: esclarecimento, informação e boa vontade.

Referencias:
Crochík, José Leon. Preconceito, indivíduo e sociedade. Universidade de São Paulo. 1996.
Acesso em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X1996000300004

Jesus, Angela Vujanski de.  RELAÇÃO PROFESSOR/ALUNO NA EDUCAÇÃO INFANTIL. Pedagogia ao pé da letra. Acesso em: https://pedagogiaaopedaletra.com/relacao-professoraluno-na-educacao-infantil/https://pedagogiaaopedaletra.com/relacao-professoraluno-na-educacao-infantil/


Manuel, Daniela Fiorin Falco Pereira. Silva, Marcus Vinícius. Oliveira, Roselle Fernandes Torres. A origem do preconceito Artigo. Centro Universitário de Itajubá.
Acesso em: http://www.fepi.br/revista/index.php/revista/article/view/260/147










quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Berçários: desafios para o desenvolvimento

   
     Um dos desafios de quem trabalha com Educação Infantil é o que realizar com os pequenos dos Berçários, de modo que não sejam forçados aprendizados que sufoquem com atividades e, em um lado oposto, não somente se cuide das crianças. Muito se fala em estimulação (e mais e mais estimulação), e atividades sensoriais, vista a fase do desenvolvimento em que se encontram, Sensório-motor, segundo Piaget.


     Creio que, como sempre, o bom senso e um olhar atencioso são sempre bem-vindos. Cabe ao professor dar atenção, afeto, estimular a linguagem e os movimentos, e assegurar que as crianças estejam bem alimentadas, asseadas, descansadas, protegidas de qualquer intempérie ou fator qualquer que prejudique e diminua o bem estar das crianças. Porém, desde o nascimento, o bebê começa um processo contínuo de desenvolvimento, conforme avança biológica, psíquica, social, emocional e cognitivamente. Cada dia um novo aprendizado, uma nova experiência que o motivará a seguir adiante no mundo maravilhoso das descobertas e do domínio de suas capacidades.

   
     O bom professor terá um olhar atento sobre as descobertas das crianças e irá instrumentalizar para que ocorram mais avanços e experiências, valendo-se de criatividade e ofereça o elemento surpresa a cada dia, sempre fascinando o pequeno ser. Não é necessário realizar projetos elaborados e usar recursos caros, mas há uma variedade de possibilidades utilizando sucata, objetos simples, ou que a criança conheça, ou elementos da natureza, até mesmo flores que soltam tinta, por exemplo, ampliando a gama de estratégias a utilizar.

     "Ao professor cabe criar desafios fazendo interrogações, dando oportunidades para pensar a fim de estabelecer relações entre as coisas novas que se apresentam e os conhecimentos prévios". (MARQUES)



       Na criança menor de dois anos as estruturas mentais ainda estão começando a se organizar, e após vivenciar esta fase, inicia-se uma nova etapa, a pré-operatória, que se sobrepõe à primeira, como revelou Piaget, para a construção das capacidades humanas e do conhecimento, pela interação com o meio (no caso, a própria sala do Berçário e dependências da escola) e demais crianças, o  necessário para seguir avançando.



Referências: 

MARQUES, Tania Beatriz Iwaszko. Epistemologia Genética. In: SARMENTO, Dirléia Fanfa; RAPOPORT, Andrea e FOSSATTI, Paulo (orgs). Psicologia e educação: perspectivas teóricas e implicações educacionais. Canoas: Salles, 2008. 





 





quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Deficientes: aspectos a serem considerados



           Quantas vezes percebemos a forma errada que são tratados os deficientes físicos ou mentais. As pessoas ficam apreensivas frente ao diferente e, sem informação, agem equivocadamente.

          Ao encontrarmos uma pessoa com deficiência  pensamos em como lidar com sua limitação, querendo ajudar, e pode ocorrer de generalizarmos sua condição, tratando um cego como se não ouvisse, por exemplo, exagerando em nossas preocupações. Sabe-se que o portador de alguma necessidade especial não quer ser tratado como inválido, digno de pena e precisando de suporte o tempo todo, mas quer respeito por ser exatamente como é: com alguma limitação, mas que pode ser adaptada e ter uma vida plena, fazendo valer seus direitos, capacidades e possibilidades, quando, não raro, maiores que de outros chamados normais.

     Percebo também a superproteção que algumas vezes recebem, pois, exemplificando, tenho uma sobrinha com déficit intelectual, decorrente de falta de oxigenação ultra uterina no final da gestação. Sua mãe demorou muito para aceitar a situação e quando finalmente o fez. sempre tratou a menina como não sendo capaz de inúmeras tarefas e funções, deixando-a dependente, sempre suprindo todas necessidades
      Outro fato é a vulnerabilidade dos deficientes mentais/intelectuais, pois facilmente são explorados e viram alvo de chacotas e abusos, vista a fragilidade de sua condição.   Do mesmo modo, a sua necessidade de agradar faz com que falem coisas contra sua verdade e se expõem desnecessariamente. 






domingo, 15 de outubro de 2017

Diferenças e necessidades especiais na escola


Avestruzes e crocodilos: como agimos?


    Uma avestruz, frente a algo que não quer enfrentar, coloca sua cabeça dentro da terra, não enxergando e não existindo, ao ser ver, o problema. A atitude da avestruz demonstra atenuação da situação, o não enfrentamento mesmo sabendo da existência da mesma, como uma fuga temporária.
    Crocodilos agem submersos e abocanham vítimas desatentas. Ele está aí, tranquilo, e quem ele encontra no seu espaço, é o culpado por isso e irá morrer, ou apenas “virar refeição”. Crocodilos, na Idade média, viviam em fossos ao redor de castelos, tornando o acesso perigoso demais. A porta do castelo abria somente de dentro pra fora, formando uma ponte, sob a ordem do rei ou seus súditos diretos, mediante análise. Se quem estivesse fora quisesse entrar e fazer parte do “mundo” do castelo teria que pedir permissão ou transpassar o fosso e pular o muro.


    Esta metáfora vem ao encontro de situações do cotidiano, na esfera escolar. Dentro do castelo há o saber, a convivência, o respeito às diferenças, as formas de aprender, a acessibilidade, a vontade de ajudar neste processo por quem habita o castelo. O fosso representa o preconceito, os rótulos e dificuldades que a escola tem de se adaptar ao aluno diferente. Os crocodilos são as desculpas e a acomodação para não ter que fazer nada a respeito. A ponte é o direito ao acesso, que deveria estar estendida para todos. Será que nossas escolas, e mesmo nós, como professores, estamos estendendo esta ponte, ao largando aos crocodilos? Ou mesmo estendendo a ponte, que condições oferecemos ao alunos, sem que o vejamos como incômodo?
     Alunos que chegam à escola com alguma deficiência física ou mental tem direito à educação de qualidade com a utilização de recursos materiais e pedagógicos  que possibilitem o máximo de aprendizado e interação, de acordo com sua deficiência. A deficiência faz com que tenham limitações e precisa-se buscar outras formas de chegar ao aprendizado, usando braile, a língua de sinais, ou ao menos começando por procurar informações sobre a deficiência e suas restrições, que incapacitam para determinadas funções, assim como possibilidades que podem ser avivadas. A situação de desvantagem do aluno aos parâmetros “normais” de técnicas em sala de aula precisa ser revisto, pois a escola como um todo precisa se adaptar ao deficiente, e não este ficar à deriva dentro do educandário.
   O aluno com síndromes ou deficiência tem direito a acompanhamento em suas necessidades fisiológicas, e assim como todos os outros, direito à dignidade e respeito como ser humano. E a escola é o lugar que se constrói e se aprende a convivência e a cidadania.
   Por vezes somos contempladas com alunos ditos “difíceis”, vindos de famílias desestruturadas ou condição social vulnerável, ou mesmo com transtornos diversos e nem sempre nossa aceitação é imediata. Almejamos ter um ano letivo tranquilo, sem percalços, mas quando temos alunos nestas condições entramos, não raro, em estado de alerta e nosso “castelo” desmorona. Mas aí está a batalha contra os crocodilos que querem invadir o castelo, então o que fazemos? Podemos ser uma avestruz ou arregaçar as mangas e fazermos a diferença na vida escolar (e até pessoal) daquele aluno.

Referências:
AMARAL, Lígia Assunpção. Sobre crocodilos e avestruzes: falando de diferenças físicas, preconceitos e sua superação. Diferenças e preconceito na escola: alternativas teóricase práticas/coordenação de Júlio Groppa Aquino. São Paulo. Editora Summus. 1988.


domingo, 8 de outubro de 2017

Pontos de vista

    A recente atividade proposta na Interdisciplina FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO veio ao encontro de situações vivenciadas em nosso dia a dia. Após leitura do texto: "O dilema do antropólogo francês", tivemos que defender ou contestar a atitude tomada por ele.
    Esta atividade serviu para nos mostrar que sempre há uma outra opinião, diferente da nossa, que devemos ouvir e respeitar, pois pode estar baseada em outra cultura, outro costume ou moral. Por mais que julgamos correto nosso julgamento, devemos dar oportunidade para o outro se manifestar, e não raramente, acabamos mudando nossa visão sobre o fato ou objeto em questão.

     Argumentar é essencial para expor nosso pensamento, onde defendemos nossa ideia e contestamos o que acreditamos ser diferente. Porém o diálogo entre as partes é necessário, seja em uma discussão, uma conversa com os pais de nossos alunos, com coordenadores pedagógicos ou direção de escola, nas redes sociais, onde deparamos com ofensas e inverdades, ou simplesmente nas conversas em família ou com amigos.

     O dilema moral do texto apresentado foi uma comparação com nossa vida prática, onde temos que tomar atitudes que podem agredir o outro ou a nós mesmos, ora consentindo para o "bem comum", ora indo contra nossos valores, ora facilitando um aluno em situação de reprovação, por exemplo. A ética muitas vezes é violada, dada a relatividade da moral vigente. Este texto vem contemplar nossa defesa, nossa argumentação e faz vermos que temos que expor nosso ponto de vista, mas considerar e respeitar o dos outros. 

Texto apresentado:

"O dilema do antropólogo francês

      Claude Lee, antropólogo francês, há dez anos vive numa ilha de um arquipélago na Polinésia. Sua missão é pesquisar os hábitos dos nativos que lá habitam. Os costumes dos nativos são bastante diferentes dos costumes dos franceses, mas ele tem o cuidado de não julgar o modo como estes nativos vivem, porque tal avaliação sempre seria parcial. Como poderíamos abstrair sinceramente a concepção de mundo que herdamos da nossa cultura e avaliar imparcialmente todas as culturas?
     O antropólogo tem ainda outro argumento: qual seria a medida pela qual julgaríamos as culturas. Existem quesitos transculturais que nos permitem avaliar toda e qualquer cultura? A reposta do antropólogo é não: toda avaliação está condicionada pelo cultura do avaliador.
     Assim, Claude decidiu jamais interferir no modo-de-vida dos habitantes do arquipélago. Entre os costumes destes, existe o de considerar intocável o povo da ilha X, pois seriam feitos de uma substância diferente daquela da qual os seres humanos são constituídos, de tal modo que, ao se tocar um morador da ilha X, ele se transformaria em areia e água.
    Num dia de temporal muito forte, um náufrago veio dar na ilha onde o antropólogo estava morando. Ele percebeu que este homem era habitante da ilha X e que estava bastante ferido, mas que poderia ser facilmente curado, desde que os nativos o cuidassem. Estes, contudo, por força de seu costume, não querem tocar no náufrago
   Claude Lee, após refletir sobre o assunto, decidiu continuar não intervindo nos costumes dos nativos da ilha." (Autoria desconhecida).







sábado, 30 de setembro de 2017

Preconceitos

       O que é preconceito? 
     A própria palavra já define: PRÉ CONCEITO. Algo que vem antes de ter certeza do mesmo. Opinião que antecede a reflexão, a crítica e o conhecimento.

      O preconceito é uma precipitação que faz o juízo humano, com consequências tanto para quem o tem como para quem (ou alguma coisa) é o objeto deste. Pode se originar ainda na infância, através do convívio com pessoas preconceituosas, até na família, na escola ou mesmo ao longo da vida adulta.
     Ao pensarmos em preconceito vem logo à mente o racismo, homofobia ou mesmo síndromes, como a de Down. Ocorre geralmente por medo, em um mecanismo de defesa inconsciente. Preferimos nos afastar para não ver, sentir, "pegar" ou pensar sobre o mesmo. Quanto mais nos afastamos, mais longe ficamos de conhecer e esclarecer dúvidas que houverem.
    O preconceito vai muito além de racismo ou homofobia, mais em voga na atualidade. Qual o motivo? Em termos de preconceito nem precisa haver um motivo, apenas um pré julgamento. A homofobia, infelizmente, é um dos preconceitos mais comentados na atualidade, como na recente aprovação da "cura gay", ou seja, a justiça brasileira permitiu que a homossexualidade fosse tratada como doença, mesmo com a Organização Mundial de Saúde já ter comprovado não ser.
 "Justiça gera polêmica: permite tratar homossexualidade como doença"  (http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2017/09/justica-gera-polemica-permite-tratar-homossexualidade-como-doenca.html)
     Situações do dia a dia revelam preconceito sobre  moradores de comunidades, alcoolistas, dependentes químicos, obesos, deficientes físicos ou mentais, portadores de necessidades especiais, doenças congênitas ou adquiridas, idosos, mulheres, refugiados, estrangeiros, por credos diferentes, e pasmem, mães solteiras ou até adoção, entre outras. Ou seja, o desconhecimento e a não reflexão intimidam, e podem promover preconceito, fazendo sofrer quem passa por situações constrangedoras, agressivas ou de exclusão.
     Às vezes o preconceito se manifesta onde menos esperamos, até mesmo entre educadores. E pode tomar dimensões que extrapolam o bom senso. Toda criança tem direito à educação, independente de sua situação ou condição.
     Penso que a sociedade precisa urgentemente de educação sobre aceitar o diferente, refletir sobre o que perturba, muitas vezes descobrindo a causa de tanto medo, embora mascare com a arrogância, tornando-se intolerante e agressivo. A agressividade não é só física, mas no olhar de soberba ou desprezo, nas palavras duras e atitudes hostis ou mesmo indiferentes. Com tanta informação no mundo atual, poucos procuram saber mais sobre o que lhe incomoda no outro. Simplesmente julgar sem refletir, um caminho curto mas desastroso.

     Em nossas escolas é fundamental que tratemos as questões que envolvem preconceito, formando cidadãos com mentalidade mais aberta e atitudes mais humanas. A tarefa é grande, mas a escola inclusiva já é um bom começo.

Referências:

globo.com. Jornal Nacional. 2017. Acesso em:


domingo, 24 de setembro de 2017

Uma visão sobre os indígenas


Estereótipos


     Nossa geração ainda tem em mente a imagem de um indígena selvagem, seminu, morando na floresta. Vemos ora vítima, ora guerreiro, ou atrasado. Fomos ensinados assim, vimos desenhos que representavam desta maneira nos livros escolares.
   Pouco se sabe, na verdade, sobre a cultura indígena, salvo historiadores e o que aparece na mídia. Temos pouco contato com indígenas e quando temos, ficamos observando como se fossem seres exóticos, vivendo outra realidade. A cultura indígena tem suas particularidades, sua arte, crenças, hábitos e forma de ver a vida e a natureza, dando a esta valor imensurável. Cada cultura é uma forma de viver neste planeta, e a indígena, sem dúvida, faz de maneira respeitosa e interativa.

O indígena brasileiro – dados oficiais

     Segundo o IBGE, “há cerca de 900 mil índios no Brasil, que se dividem entre 305 etnias e falam ao menos 274 línguas. Os dados fazem do Brasil um dos países com maior diversidade sociocultural do planeta. Em comparação, em todo o continente europeu, há cerca de 140 línguas autóctones, segundo um estudo publicado em 2011 pelo Instituto de História Europeia.”(FELLET)
   Conforme o IBGE, houve uma retomada do indígena às áreas tradicionais, optando pela convivência mais isolada, em meio à natureza:

     “Nas últimas décadas, intensificaram-se no país as chamadas “retomadas”, quando indígenas retornam às regiões de origem e reivindicam a demarcação desses territórios. Em alguns pontos, como no Nordeste e em Mato Grosso do Sul, muitos ainda aguardam a regularização das áreas, em processos conflituosos e contestados judicialmente.
      Em outros casos, indígenas podem ter retornado a terras que tiveram sua demarcação concluída. Hoje 57,7% dos índios brasileiros vivem em terras indígenas.”(FELLET)

Comunidade indígena na cidade de Farroupilha,
na serra gaúcha.


     Embora ainda muitos indígenas vivem em cidades, a maioria mora em reservas demarcadas ou  aldeias específicas e sobrevivem de artesanato de palha e taquara, cerâmica e outros em madeira. Sofrem muito preconceito, pois a ignorância da sociedade não consegue compreender sua natureza e costumes. Assimilamos diversos hábitos vindos dos indígenas, como dormir na rede, tomar banho todos os dias ou comer milho, por exemplo. 

     “No contato, a todo o momento são postos à prova quanto as suas identidades étnicas, visto que a concepção que predomina nas sociedades não-indígenas é de povos do passado, não compreendendo que a dinâmica cultural, que é própria de todas as sociedades, faz com que incorporem alguns elementos da cultura ocidental, o que não significa que deixaram de se identificar como indígenas.” ( BERGAMASCHI, GOMES)

A educação



      A educação entre os povos indígenas valoriza a criança, que merece ser tratada com delicadeza, ao mesmo tempo em que desenvolve a autonomia, tornando-se muito independente. Liberdade talvez seja a principal característica dos povos indígenas, que tem um modo específico de ver a vida. Os indígenas valorizam a língua falada e seus conhecimentos são passados dos mais velhos aos mais novos. Porém o indígena da atualidade está conectado com o mundo, estuda, cursa universidade e usufrui das vantagens da era digital. O índio dos dias de hoje se veste com roupa normal, o que não o descaracteriza, mas nos lembra que todos mudamos com o tempo.

     “Se os povos indígenas empreendem esforços para concretizar o diálogo intercultural, nos levam a pensar que se a proposta educacional é conviver e efetuar trocas com as sociedades indígenas, a escola terá que fazer um esforço para conhecer esses povos, sua história e sua cultura e, mais especialmente, afirmar uma presença que supere a invisibilidade histórica que se estende até o presente. Apesar da colonização, do genocídio, da exploração, da catequização, da tentativa de assimilar os indígenas à sociedade nacional, estes povos mantiveram-se aqui, resistentes, mesmo que por vezes silenciosos.” ( BERGAMASCHI,GOMES)


Os Bugres - Kaigangs

     Moro na encosta da serra, em São Vendelino, que fica próximo de Farroupilha, onde há uma aldeia indígena, com 20 famílias, uma igreja evangélica e uma escola. Os bugres, comumente chamados, vivem em contato direto com a natureza e sobrevivem vendendo seus artesanatos nas ruas das cidades próximas. 



     Em minha cidade ocorreu a história de Luís Bugre, um garoto indígena que se perdeu da tribo e foi criado por meu bisavô, colono português, até a idade adulta. Contam que era hábil caçador, guia dos imigrantes, mas também tinha seu lado rebelde e sofria com as zombarias dos colonos alemães, isso no século XIX. Possivelmente estes preconceitos geraram revoltas, como na história local de extermínio da família Versteg, pelos indígenas, como relata reportagem recente no Jornal NH. http://www.jornalnh.com.br/_conteudo/2017/09/webtv/2172432-conheca-a-historia-do-indio-luis-bugre-luis-bugre-e-o-ataque-aos-vertsteg.html

Referências:

 BERGAMASCHI, Maria Aparecida. GOMES, Luana Barth. Currículo sem fronteiras. A TEMÁTICA INDÍGENA NA ESCOLA: ensaios de educação intercultura. Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. 2012. 

ERTEL, Débora. NH (Jornal digital). A lenda de Luís Bugre. Vídeo. 2017.

FELLET, João. BBC Brasil. Revista Prosa Verso e Arte (Revista digital). 305 etnias e 274 línguas: estudo revela riqueza cultural entre índios no Brasil. (2016)

FRONZA, Raquel. Pioneiro (Jornal digital).Conheça a única comunidade indígena da Serra gaúcha, em Farroupilha. 2015.

domingo, 17 de setembro de 2017

Rótulos e concepções epistemológicas

     Como professores, e como não dizer, como pessoas, temos hábitos não muito condizentes com o que pretendemos: que nosso aluno aprenda, elabore hipóteses, resolva conflitos, raciocine logicamente e ainda que seja muito criativo.
    Estou falando dos rótulos que tantas vezes colocamos em nossos alunos: "não serve para isto", "tem histórico familiar fraco", "está longe do que queremos", "aluno problemático", fora outros. Fernando Becker fala bem disso, analisando relatos de professores:

  "...tu consegues ensinar (matemática) se a pessoa tem talento.”(BECKER)
     
“[A inteligência] nasce com o homem, eu acho. Ela pode ser
desenvolvida, mas ela não pode ser, digamos, adquirida. [...]. Acho que ela nasce, uns com mais, outros com menos; ela pode ser desenvolvida, mas acho que ela já vem, acho que a gente já vem com isso”.(BECKER)

     Este pensamento está presente em nosso fazer pedagógico, dadas as concepções epistemológicas que existem sobre o aprendizado. Porém, temos que pensar em nosso aluno como um ser integral, com sim, histórico familiar, experiencias diversas, estímulos em maior ou menor grau, acompanhamento especializado ou a margem do processo de aprendizagem, por sua realidade ou dificuldade.
     Portanto, devemos pensar na construção de conhecimento que nosso aluno está fazendo, a partir de premissas anteriores e no caminho que vai trilhando e ajuda que necessita. Como se cada informação e experiencias fossem  tijolinhos de sua construção, onde ele vai levantando as  paredes em sua mente. Fernando Becker  mostra este processo construtivista, a partir de exemplos práticos: 

"Quando tu abraças uma árvore, tens a noção perfeita do que
será futuramente um cilindro, aquele tronco, [noção] do que seja uma circunferência; [...] a árvore serrada te dá o contorno de uma esfera... Creio que a criança pode ter muita facilidade para a matemática quando ela tem experiências desse tipo”. (BECKER)



     Com certeza, com experiencias assim ela poderá entender melhor e fundamentar o aprendizado. Nossa função é instrumentalizar este processo, fornecendo os "tijolinhos" e orientando sua construção, sem rótulos que bloqueiam, mas percebendo as reais dificuldades.

Referências: 

BECKER, Fernando. Epistemologia do professor de matemática. Ed. Vozes

sábado, 16 de setembro de 2017

Uma questão de ética


     A ética e a moral andam lado a lado, porém,  "O que significam, refletem e interferem na vida em sociedade?"

     "A palavra ética é oriunda do grego ethos, que é o espaço simbólico construído pelas práticas de um povo. O ethos nasce da interação dos indivíduos visando o que é bom e certo para a coletividade, e o resultado desta interação é transmitido às futuras gerações. É, portanto, uma construção social e histórica. O ethos é, portanto, o rosto de um povo... A moral, por sua vez, é um confronto pessoal entre aquilo que somos e a aquilo que devemos ser." (Carneiro)

    Percebemos o quanto é conflitante decidir posturas e atitudes, visto que estas definem vidas e rumos. "A ética, então, tem a função de nos apoiar em nossas escolhas morais." (Carneiro). Os valores éticos mudam com o tempo, pois acompanham a moral vigente, seja esta louvável ou depreciativa.
    Como a ética é uma reflexão sobre algo já consolidado, portanto, surge uma pergunta sobre uma questão recorrente no país: "Que ética tem-se acerca da "nova moral" vigente, da corrupção corriqueira que o brasileiro está acostumado e a sociedade é conivente?


    Como educadores, temos um compromisso com a ética, e questiono: "O que fazemos para restaurar estas distorções estabelecidas, construindo uma sociedade  mais ética?"

      Penso que o professor tem em suas mãos a semente de uma sociedade mais ética, começando com seu papel de referencia na vida dos alunos, sendo um questionador crítico do mundo.  As atitudes corretas devem ser valorizadas, não sendo conivente com situações repreensíveis, como fazendo "vista grossa" para o errado.
     Precisa-se  instaurar o que é certo e o que é errado, fazer o aluno pensar sobre o bom e o ruim, perceber o que prejudica o outro e o que agrega, pois estes fatores comumente confundem-se, onde surge o pensamento do "não há certo ou errado", valendo lembrar que liberdades terminam onde começam os direitos do outro, e assim, que não podemos aceitar a corrupção e injustiças, por exemplo. 
   Devemos, como professores, partir do princípio de que quanto mais o aluno questionar, tendo referencias e criticidade, mais terá parâmetros para avaliar escolhas e atitudes. 


Referencias:

CARNEIRO, Alfredo de Moraes Rêgo.  Filosofia Contemporânea. Qual a diferença entre ética e moral? Filosofia na rede. (setembro/2017).Acesso em:

domingo, 10 de setembro de 2017

Questões étnico-raciais na Educação Infantil

     Como podemos, nós professores da educação infantil, contribuir para uma nova geração livre de preconceitos, respeitando as diferenças e que tenha conhecimento e valorize a cultura negra?

     A educação infantil, ainda mais nas turmas iniciais, revela para a criança, junto com a família, o mundo. Esta apresentação do mundo, e dela ao mundo, é permeada por afeto, corporeidade, paciência e ludicidade, e o professor deve ter o cuidado de não passar uma visão distorcida, muitas vezes de cunho pessoal, para a criança. Em primeiro lugar é o professor quem precisa estar aberto ao mundo, revendo seus conceitos, pra que esteja livre de PRE- conceitos e que não transmita erroneamente aos alunos tão pequenos.
     Na escola infantil em que atuo não tem crianças negras e há poucos afrodescendentes no município, que é muito pequeno (São Vendelino, no vale do Caí). Portanto, para a maioria das crianças locais, alemãs em sua grande maioria, o contato é mínimo. Porém, torna-se fundamental apresentar para as crianças o diferente. "Cabe observar que, embora os conteúdos da Educação Infantil não sejam organizados em componentes curriculares, os temas referentes à História e Cultura Afro-Brasileira e Africana devem estar presentes no conjunto de todas as atividades desenvolvidas com as crianças."(Conselho Nacional de Educação)
     Ao professor cabe buscar informações que lhes sejam úteis, como legislação, a história e cultura dos povos africanos e seus descendentes brasileiros, e procurar práticas que envolvam as questões étnico-raciais. Aos alunos, é fundamental apresentar a diversidade de etnias e raças que constituem a população brasileira, bem como sua cultura, história, valores, música, dança, personagens históricos, literatura, arte e tantos outros aspectos, da mesma forma que faz com as outras culturas.
A família deve fazer parte do processo de educar a nova geração,
 livre de preconceitos.

     Precisamos educar as novas gerações para a convivência com o diferente, sendo todos iguais, sem distinção. As gerações passadas tiveram mais dificuldade em lidar com o diferente, pois havia o medo incutido, a generalização. Não é tarefa fácil mudar mentalidades, mas com a globalização, os direitos assegurados, e principalmente, educação, os que estão crescendo agora respeitarão as diferenças e irão conviver livres de preconceitos.  O professor de educação infantil tem que minimizar ao máximo indícios de preconceito que ora surgirem entre as crianças, apresentando atividades que, ludicamente, valorizem as diferentes culturas e etnias, de forma prazerosa e interessante.

Atividade realizada com o Berçário 2, onde o boneco Théo,
pardo e afrodescendente, vai na casa das crianças.


sábado, 9 de setembro de 2017

Desafios


     O maior desafio, em se tratando de pessoas com algum tipo de necessidade especial, é vencer o preconceito. Ser tratado com respeito, amabilidade, dignidade. Ter educação, os direitos assegurados e uma vida cheia de possibilidades mesmo na limitação.
    Confesso que, como tanta gente, tenho certa aflição ao lidar com pessoas que tenham algo diferente do "comum". Percebo o quanto não estamos preparados para isso, pois é algo que aflige mais pessoas, por desconhecimento ou simplesmente por pouca convivência. Temos, vergonhosamente, uma certa dose de "compaixão", nos colocamos no lugar deles e entendemos as dificuldades que tem e o "trabalho" de seus familiares. Porém, o portador de alguma necessidade especial quer exatamente o contrário: não quer ser visto como alguém descomunal, digno de pena e muito menos gerador de transtornos e peso para os seus, mas como ser humano, igual a todos em direitos e respeito.

    Historicamente, é relativamente recente esta visão no Brasil e no mundo. Ora, como devia ser horrível viver na Idade Média, por exemplo, onde a escuridão das mentes pairava sobre a humanidade! E não somente em relação aos deficientes físicos ou mentais, mas para inúmeras questões, de saúde, higiene, religião, sexo, etc. Nos tempos das fogueiras, da inquisição, do desconhecimento e do preconceito. Mais adiante, com os avanços da Ciência, e falando em religião, com o  cristianismo, começou a surgir uma luz para a humanidade.
   No século XIX começaram os estudos mais profundos da mente humana, da psiquiatria, da genética. As diferenças começaram a ser vistas com outros olhos, para alívio e consideração a tantas pessoas acometidas por mazelas diversas, síndromes, distúrbios, transtornos e deficiências. Passou a haver a possibilidade de educação, de inserção social, de convívio sem preconceito, de formas de tratamento. Pasmem, até despojados de alma eram vistos em outros tempos!

     Grandes avanços e vitórias foram surgindo e a maior delas, vencer o preconceito, que ainda existe, mas em reduzida escala. Os portadores de necessidades especiais passaram a ser amparados por lei, assistidos e ouvidos. Hoje vemos deficientes no mercado de trabalho, se comunicando por sinais, lendo em braile, participando ativamente da vida em sociedade. E não mais merecedores de compaixão, mas sim, de admiração e respeito, como todo ser humano.

     Em termos de escola, a educação deve ser inclusiva, onde o portador de necessidades educacionais especiais possa conviver com todos, aprender junto, apesar das dificuldades e limitações.
       
"Ao invés de o aluno ajustar-se aos padrões de “normalidade” para aprender, a escola deve ajustar-se à “diversidade” dos seus alunos. Pessoas com deficiência mental são as que mais necessitam de apoio educacional porque esse tipo de deficiência é o mais frequente na população, requerendo, portanto, uma atenção maior do sistema escolar. A educação inclusiva é um processo em que se amplia a participação de todos os estudantes nos estabelecimentos de ensino regular. Trata-se de uma reestruturação da cultura, da prática e das políticas vivenciadas nas escolas de modo que estas respondam à diversidade de alunos. É uma abordagem humanística, democrática, que percebe o sujeito e suas singularidades, tendo como objetivos o crescimento, a satisfação pessoal e a inserção social de todos." (Rodrigues)

     Portanto, como professores, o desafio se torna maior ainda: além de vencermos os próprios desafios, fomentar a convivência respeitosa entre os alunos e proporcionar ao portador de necessidades educacionais especiais, um aprendizado coerente, dentro de suas potencialidades.


Referencias:

Rodrigues, Olga Maria Piazentin Rolim. Educação especial: história, etiologia,
conceitos e legislação vigente / Olga Maria Piazentim Rolim Rodrigues, Elisandra
André Maranhe. In: Práticas em educação especial e inclusiva na área da deficiência
mental / Vera Lúcia Messias Fialho Capellini (org.). – Bauru: MEC/FC/SEE, 2008.

domingo, 3 de setembro de 2017

Eixo VI - novos aprendizados



     Estamos iniciando mais um semestre, onde a inclusão será o termo que irá permear as interdisciplinas e o aprendizado.

"Estar junto é se aglomerar com pessoas que não conhecemos. Inclusão é estar com, é interagir com o outro". (Mantoan)

     O foco serão as práticas pedagógicas, currículo e ambientes de aprendizagem, a docência e processos educacionais inclusivos. Serão abordadas questões étnicas e raciais na educação, alunos com necessidades educacionais especiais, desenvolvimento e aprendizagem sob o enfoque da  psicologia e filosofia da educação.
     Segundo a educadora Maria Teresa Égler Mantoan, "na escola inclusiva professores e alunos aprendem uma lição que a vida dificilmente ensina: respeitar as diferenças. Esse é o primeiro passo para construir uma sociedade mais justa."

       "A escola tem que ser o reflexo da vida do lado de fora. O grande ganho, para todos, é viver a experiência da diferença. Se os estudantes não passam por isso na infância, mais tarde terão muita dificuldade de vencer os preconceitos. A inclusão possibilita aos que são discriminados pela deficiência, pela classe social ou pela cor que, por direito, ocupem o seu espaço na sociedade. Se isso não ocorrer, essas pessoas serão sempre dependentes e terão uma vida cidadã pela metade. Você não pode ter um lugar no mundo sem considerar o do outro, valorizando o que ele é e o que ele pode ser. Além disso, para nós, professores, o maior ganho está em garantir a todos o direito à educação."(Mantoan)

     Que sejamos capazes de perceber diferenças, situações de preconceito e desigualdades, e que tenhamos a sensibilidade para acompanhar estas situações em nosso cotidiano escolar e educar para um mundo mais humano, com mentes mais abertas. 
        Bom estudo e muitas aprendizagens para todas nós!



Referencias:

CAVALCANTE, Meire. Inclusão promove a justiça. Nova Escola. Revista digital. https://novaescola.org.br/conteudo/902/inclusao-promove-a-justica

MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão Escolar: O que é? Por quê? Como fazer?.Ed. Moderna.

domingo, 9 de julho de 2017

Cultura da desvalorização

  Um tema que seguidamente vem à tona no círculo de professores é a "Cultura da desvalorização docente".    
    Desde que me lembro os professores tem lutado por valorização: dos salários, do respeito à classe, pela carga horária, pelo sistema em si, entre outras reivindicações. Historicamente, como bem estudamos no ano passado, sabe-se da desvalorização do trabalho docente no Brasil, como uma mera "ocupação" das moças solteiras ou como ofício de religiosos ou homens sem habilidade para outros ofícios maiores.
     Não é de se estranhar que atualmente ainda sejamos tratadas como professorinhas, tias de creche ou decidam por horários absurdos de trabalho. E veja que entre nós existem ideias que nos deixam perplexas, como um comentário que ouvi de uma estagiária: "As professoras reclamam de seu salário mas todas tem carro estacionado no pátio da Escola." Como se ser professor fosse sentença de receber pouco, ser "menos" na sociedade consumista, ou pertencer aos que  "trabalham por vocação." 
    É claro que temos que amar nosso trabalho, caso contrário, não suportaríamos de pé as dificuldades encontradas. É por amor à profissão que levantamos todo dia e enfrentamos triplas jornadas, mas queremos condições dignas de trabalho, horários coerentes, horas de planejamento, salário justo e condizente com outros de mesma exigência de escolaridade. Porque um dentista da rede municipal, por exemplo, tem vencimentos maiores que de um professor, se ambos fizeram curso superior? Porque é esperado do professor que seja "pobre"? Que ande de ônibus ou não tenha condições de melhorar sua vida? Parece que esta ideia está profundamente enraizada em nossa sociedade.
     O que fazer frente a esta "Cultura da desvalorização"? Continuando nosso trabalho e lutando por respeito. Acredito que a mentalidade das novas gerações, que estão em nossas mãos nas escolas, é que irá revolucionar a Educação, com valorização e respeito aos professores. Portanto, vale lembrar que somos semeadores de novas mentalidades.

quinta-feira, 6 de julho de 2017

Avaliação na Educação Infantil

     Na próxima semana haverá entrega de pareceres descritivos na EMEI em que trabalho, que é realizada duas vezes por ano. Atuo como docente em turma de Berçário 2, crianças em torno de 2 anos de idade. 
     Como avaliar crianças tão pequenas? Que critérios utilizo? O que considero na escrita dos pareceres?

     A função do professor de Educação Infantil é acompanhar o desenvolvimento das crianças, observando sua evolução, seja física,  cognitiva ou psicomotora. A criança pequena se desenvolve espontaneamente, porém se amplia com a estimulação, que é oferecida pelo professor. Este pode dar condições e oportunidade da criança expandir suas potencialidades e observará em que estágio está seu desenvolvimento, promovendo novos desafios. Poderá constatar dificuldades em seu processo de desenvolvimento, e orientará, com propostas, para que consiga ajudá-la da melhor forma.


     Torna-se  importante que o professor tenha a sensibilidade de perceber os interesses das crianças, pois muitas vezes direcionamos nossas atividades para fins específicos e acabamos por descobrir outros caminhos, todos, embora diferentes, contribuem para o desenvolvimento, pois sinalizam, a toda hora, o que querem aprender.

     Durante os meses que acompanhei as crianças, percebi avanços, diferenças de desenvolvimento entre elas, constatei o quanto mudaram através da estimulação orientada, suas preferências, características pessoais e dificuldades diversas.
     Estas observações estão sendo registradas de forma escrita, juntamente com atividades realizadas e com o recurso da fotografia. Deste modo ocorre a avaliação das crianças, que será passada aos pais em portfólio e conversaremos individualmente sobre o desenvolvimento de cada uma delas, sempre visando o melhor para elas.

quarta-feira, 5 de julho de 2017

Fatores da Educação de qualidade

     A concepção de Escola vai muito além do espaço físico que ocupa, ou da sala de aula, onde, comumente, transmitem-se conhecimentos.
     O termo Escola refere-se a algo mais. E espera-se muito mais. Espera-se da Escola educação de qualidade, socialização, mudança. A Escola é esperada como agente de transformação social. Porém não se faz Escola apenas com o professor – que ensina, e o aluno – que aprende. Na Escola existem pessoas, funcionários, pais, salas, laboratórios, biblioteca, espaços de esporte e lazer, histórias pessoais, realidades adversas de ordem socioeconômica, familiar, divergências e dificuldades de todo tipo. Mas também existem ideais, esperança, superação, paciência, tolerância e solidariedade. Além da vontade de aprender, de ensinar, de compartilhar, de inovar, de descobrir, de inventar.
     A Educação está centralizada na Escola – eixo de apoio familiar e social. Ao pensarmos em Escola devemos adentrar em fatores essenciais a educação:

- Lugar de socialização com idades, famílias e ideias diferentes.
- Lugar de descobertas: do eu, do outro, dos saberes, das regras sociais.
- Lugar para expressar-se, descobrir habilidades e desenvolver potencialidades.
- Lugar para ouvir o outro e para ser ouvido.
- Lugar de fomentar ideias que permitam uma vida melhor e transformem toda comunidade, que possibilitem acreditar.

     As políticas de gestão se voltam para a descentralização e dá ouvidos a toda comunidade escolar, interessada em uma Escola acessível, para todos e, justamente, promotora de mudança social. 
     Os programas do Governo Federal, como o PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola), vem de encontro com os anseios da população, pois mediante censo, a Escola recebe verbas que são utilizadas em material necessário, escolhidos com aval do CPM e favorecendo em diversos sentidos, tanto financeiro ou pedagógico, visando a qualidade da educação.
     Portanto, Escola é bem mais que um espaço de transmissão de conhecimento ou socialização, mas é agente de transformação social.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                      












sábado, 1 de julho de 2017

Valorizando a Educação Infantil

    Analisando a Educação Infantil em meu município, carinhosamente chamado de "Pequeno Paraíso".
     Moro em São Vendelino, a 90 km de Porto Alegre, e temos menos de 2 500 habitantes, mas a Educação é valorizada. Em 2016 fiz parte da elaboração do PME (Plano Municipal de Educação), com metas para os próximos 10 anos. Confira dados oficiais do Tribunal de Contas sobre a Educação Infantil:
Escola em que atuo atualmente, como docente no Berçário 2


   "Pequeno Paraíso é pela 2ª vez o que mais atende a Educação Infantil no Estado 08/12/2016

      
      Em uma coletiva de imprensa realizada na terça-feira, 6 de dezembro, o Tribunal de Contas     do   Estado (TCE) apresentou a Radiografia da Educação Infantil no estado com base nos dados do      ano de 2015.
      Pelo Segundo ano consecutivo, São Vendelino é o grande campeão, ficando em 1º lugar          no   Atendimento às crianças na Educação Infantil em idade de creche (0 a 3 anos) e          Pré-Escolas (4   e 5 anos) em turno integral.
   De acordo com a Prefeita Municipal Marlí Lourdes Oppermann Weissheimer, "É o     reconhecimento do trabalho desenvolvido na área da Educação, que foi umas das grandes prioridades nos meus dois mandatos como Prefeita Municipal. Investimos desde 2009 mais de 30% do orçamento em Educação, construímos uma Escola de Educação Infantil que foi inaugurada em 2012, passando a ter duas EMEIS, dobrando a capacidade de atendimento de nossas crianças. Realizamos concurso público, contratamos pessoal, investimos na qualidade do atendimento para que todas as crianças em idade de creche e pré-escola".
     Na prática, o Município já cumpre integralmente as metas previstas nos Planos Nacional e Municipal de Educação, mostrando que através do planejamento é possível ser exemplo de boas Administração.
     "Qualificamos nossa equipe que atua nas Escolas com formação continuada desenvolvida durante este tempo que estamos à frente da Educação no Município. Construímos o Plano de Carreira do Magistério e o Plano Municipal de Educação (PME), dois importantes instrumentos de planejamento da Educação, sendo que o PME planejou as ações para o período 2015/2025. Pelo segundo ano consecutivo somos o Município que mais atende a Educação Infantil e este resultado nos motiva a manter o trabalho desenvolvido e nos desafia a continuar melhorando ainda mais a Educação municipal. Embora sejamos um dos menores municípios do RS, mostramos que é possível fazer um bom trabalho", destaca o Secretário Diego Lutz, que é professor efetivo da rede municipal.
 Já a Radiografia completa pode ser acessada no endereço https://portal.tce.rs.gov.br/?/radiogr?/Radiografia_2015.pdf"
     Acesso:


Referências:
Site oficial da Prefeitura de São Vendelino



domingo, 25 de junho de 2017

Conselhos escolares x realidade


       Percebo em meu município, São Vendelino (no vale  do Caí), uma tentativa de cumprir a legislação que propõe o funcionamento de CEs nas escolas, mas que, na prática, está aquém do que poderia ser. Na realidade existe apenas um Conselho Municipal de Educação, com dois representantes de cada escola, considerando ser uma cidade muito pequena.
Os princípios do Conselho Escolar fundamentam-se na igualdade, na paridade e na transparência das ações.  Segundo o site da Secretaria Estadual da Educação (SEDUC):

O Conselho Escolar mobiliza, opina, decide e acompanha a vida pedagógica, administrativa e financeira da escola, exercendo o controle social da educação e desempenhando as seguintes funções: normativa, consultiva, deliberativa, fiscalizadora, mobilizadora e de unidade executora. (CURY, 2005)

Há problemas estruturais e irregularidade no cumprimento das reuniões. Desde dezembro do ano passado não há mais reuniões, com o cargo de presidente em aberto, pois a mesma se aposentou, estão à espera de novo chamamento da Secretaria de Educação para nomear novos representantes, dois de cada escola. Ou seja, não está cumprindo seu papel ativo na educação.
Uma questão fundamental sobre a Gestão democrática, afirmada pela Lei n. 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), se confirma em meu município e pergunto: "Porque somente professores fazem parte do Conselho Escolar?” Anos atrás os pais que foram indicados não conseguiram conciliar trabalho com o horário das reuniões, em terças-feiras, às 8 horas da manhã. Não me parece nada democrático estipular, verticalmente, quem fará parte do Conselho e quando serão as reuniões, favorável somente aos professores, que participam em seu horário de trabalho. Do mesmo modo, passado um semestre inteiro, ocorre a famosa procrastinação, pois uma esfera espera pela outra para retomar os trabalhos e definir a nova estruturação do CE, tendo como justificativa a troca de administração municipal (em São Vendelino, duas vezes em três meses, pois houve eleição suplementar) e consequente troca de gestores escolares.
Sei da importância de ter Conselho Escolar em meu município, pois há uma interligação entre as escolas, sejam de Educação Infantil, Ensino Fundamental ou Médio, pois o que ocorre no maternal, por exemplo, pode refletir mais adiante nos anos iniciais, e assim por diante. Considero muito válido que as decisões sejam conjuntas e compartilhadas, pois em um passado nem tão remoto, não se tinha voz para nada na escola, apenas era preciso acatar o “pacote” que vinha pronto, seja do Governo Federal, Estadual ou da Prefeitura. Há pouco tempo ainda se falava na necessidade de adaptar a educação a realidade do aluno, ou do contexto em que a escola está inserida, e agora já se pode dizer que muitas decisões e diretrizes importantes são pensadas em reuniões periódicas de segmentos-base da educação, como os professores, e se possível, que seja com os pais e os próprios alunos.
Entrando na questão dos pais, vejo em minha escola um CPM (Círculo de Pais e Mestres) participativo, atuando no sentido de cobrar melhorias e sugerir possibilidades. Talvez seja preciso fazer uma ponte que ligue suas funções no CPM com o Conselho Escolar, ainda não estruturada, por ora em organizações diferentes. Da mesma forma, atualmente não existem mais os “Grêmios Estudantis”, que em meu tempo de escola era atuante. Com certeza, com a existência de agremiações estudantis seria mais uma faceta da educação sendo exposta, a do maior interessado - o próprio aluno, que usufrui e é beneficiado com tudo que é decidido e aplicado na escola.

Referências:
CURY, Carlos Roberto Jamil. O Princípio da Gestão Democrática na Educação: Gestão Democrática da Educação Pública In: In: BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Gestão Democrática da Educação. Brasília, 2005.