sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Mundo insano

Um pouco mais de poesia, reflexão e alteridade.

O mundo não está apenas surdo.
Está cego. Mudo. Insano.
Faminto. Doente.
Os valores se vendem por trocados
Ou  por milhões.
A justiça pode ser injusta.
A verdade pode ser uma mentira.
Tudo é fake.
Ou cria-se uma verdade paralela.
O que ontem se defendia
Hoje se agride.
A flor que ontem foi plantada
Hoje é lançada fora.
As diferenças são gigantes
E o que separa as pessoas
É um profundo abismo.
Construir pontes?
O único modo de chegarmos do outro lado.
Ou destruir caminhos criados?
Qual sua escolha: o próprio umbigo
Ou braços estendidos?
Qual sua decisão?
Mundo pobre.
Almas pobres.
Ou luz?

Referências:

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Termos na escrita- 2

     Ao escrevermos um texto, uma síntese ou reflexão, é preciso analisar bem o significado das palavras e o correto emprego dos termos.
     O que não está bem claro em um texto pode gerar dúvidas e diferentes interpretações. Isto ocorre nas atividades e atribuições.
   Muitas vezes queremos dizer algo, mas acabamos criando outras interpretações.  Isto pode acontecer em um parecer descritivo, perguntas e enunciados em provas, bilhete aos pais ou mesmo trabalhos acadêmicos.
   Atualmente, nas redes sociais, podemos verificar diferentes interpretações a partir de  uma postagem, por exemplo. Desentendimentos ocorrem, com certa frequência, pois cada um interpreta a seu modo.
     Como escrevi na postagem de  25/11/2015, Termos na escrita,
http://claudiasimoneblogpead.blogspot.com/2015/11/termos-na-escrita.html há severas diferenças entre fatos reais e a forma como são escritos em sites ou jornais. Aparecem, com frequencia, meias verdades ou recortes de alguma fala, causando alvoroços desnecessários. O mundo da política é o mais prejudic  ado.
     Nestas situações, discernimento e consulta de fontes são bem vindas e necessárias.



sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Infância pós-moderna -2

   Vida em movimento, contínua mudança, o ser humano em transformação.

  Estas premissas embasam o pensamento pós moderno. A velocidade do tempo nos dias de hoje não permite estagnações, crenças absolutas e nem plena confiança no que quer que seja. Nada é imutável, insubstituível ou constante. Poucas coisas são definitivas ou duradouras. Estas constatações retratam o pós modernismo, envolvendo as relações interpessoais, relações profissionais e a própria infância.  

   Segundo Bauman, a base do pós modernismo é  a inconsistência, a liquidez, o excesso, o consumismo. “Vivemos em tempos líquidos. Nada foi feito para durar” (BAUMAN).
     Essa é uma das frases mais famosas do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, falecido em janeiro de 2017, aos 91 anos. Um líquido sofre constante mudança e não conserva sua forma por muito tempo. 
  Tudo deve ser usufruído, adquirido e mostrado. Almeja-se ser feliz agora, produzir mais para consumir mais, sem parâmetros ou sentido real. Surge, em meio a tudo isso, a pergunta: "Como educar as crianças nestes tempos líquidos?
  As crianças estão inseridas neste contexto consumista e com valores inversos. Então, como dar um norte a esta geração? Cabe à escola promover uma educação que vá além de conteúdos a serem decorados, mas que o aluno aprenda a compartilhar conhecimentos,  saiba pesquisar, pensar com autonomia, senso crítico e discernimento. E que aprendam a aprender constantemente.

Referências:
Bauman, Zygmunt. Tempos líquidos. Rio de Janeiro. Editora Jorge Zahar. 2007.

Kerber,Cláudia Simone. Infância pós-moderna. Aprendizados. 2015. Acesso ao blog:
http://claudiasimoneblogpead.blogspot.com/2015/10/infancia-pos-moderna.html


sábado, 24 de novembro de 2018

Simplesmente... brincar!

     O brincar pode ser simples e espontâneo. Para brincar não é preciso brinquedos caros, nem coloridos, nem sonoros. Para brincar e promover uma infância feliz e cheia de aprendizados, basta deixar a criança explorar livremente o mundo em volta, oportunizando a manipulação de objetos diversos e o contato com a natureza.
     Esta percepção norteia o projeto Brincar sem brinquedo, desenvolvido com minha turma de berçário, no estágio supervisionado.

    Tenho defendido que para que aconteça o brincar na escola não são necessários grandes investimentos financeiros, nem adquirir muitos brinquedos industrializados, geralmente excessivamente coloridos e barulhentos. Também defendo a ideia de que estar em contato com a natureza favorece aprendizados, e que esta pode ser levada para dentro do espaço escolar. 
    Em meus momentos pedagógicos tenho enaltecido e quase que exclusivamente, o uso de materiais alternativos, ou seja, o não-convencional, o descartável, o rústico, o simples e de uso cotidiano. Seguem-se brincadeiras que exploram tacos de madeira, cuias de chimarrão, potes plásticos, talheres, pneus, elásticos, bolas de retalhos, minhocas de meia, galões de água, caixas de ovos, entre tantos outros recursos. A natureza também oferece matéria prima para rasgaduras, como cascas de árvore e folhas, como a da bananeira, quando seca, por exemplo. Do mesmo modo, podem explorar sementes como de funcho na haste da planta, ou galhos secos e pinhas de pinheiro. 
      
   Este brincar se assemelha com o de nossa infância, que era mais espontâneo e tínhamos que criar nossas brincadeiras, com pouco acesso aos brinquedos industrializados. Penso que é possível fazer um resgate deste cenário nostálgico, da cozinha de nossas avós ou do quintal de casa, sob uma árvore, brincando na terra e com o que tínhamos a disposição. Isto não significa que tenhamos que anular o brincar contemporâneo, mas aliar ao simples espontâneo. Este brincar heurístico (derivado do grego eurisko: descobrir ou alcançar a compreensão de algo.) conecta com a natureza, fonte de criatividade, e com o próprio eu da criança, pois ela passa a ser protagonista de suas brincadeiras, conhecendo, inventando e transformando, por meio da sua imaginação criadora.

    “Os brinquedos chamados heurísticos proporcionam à criança a possibilidade de explorar objetos simples do dia a dia de forma que possam ter a oportunidade de expandir suas ideias, sua criatividade, suas percepções sobre o mundo e suas sensações.” (Lacerda)
     Posso relembrar como era minha infância, e fazer associações em minha prática docente, visando aproximar o brincar simples ao complexo mundo industrializado de hoje: 
    “Na minha infância, nos idos anos 1970, as brincadeiras eram simples, rústicas, no pátio de casa ou da escola, nas árvores do matinho aos fundos, na escada, no sótão ou no porão, onde podíamos ser crianças com liberdade e imaginação... Como foi rica minha infância, pois me foi dada a oportunidade de criar, interagir no meio em que vivia, explorar os espaços da casa e da escola e ser criança, plenamente! Feliz de quem olha pra trás, no tempo, e vê lá, uma criançafeliz!” (http://claudiasimoneblogpead.blogspot.com/2015/11/brincando-e-resgatando-crianca-interior.html)
    Acredito que é possível proporcionar às crianças das escolas infantis um contato maior com a natureza e com objetos e materiais simples, pois somos mediadores, cabendo a nós tornar isto realidade: resgatar a simplicidade das coisas, transformando em ricos aprendizados.

Referências:

Lacerda, Mariana. Brinquedos heurísticos: incentivo acessível para o brincar natural. Na pracinha. 2016. Acesso em: http://napracinha.com.br/2016/12/brinquedos-heuristicos-incentivo-acessivel-para-o-brincar-natural/

sábado, 17 de novembro de 2018

Kindergarten - oportunizando aprendizados

O que a criança pequena precisa para aprender brincando, espontaneamente? Como oportunizar um brincar simples, mas que desenvolva diversos aspectos? 

        Em 2016, na postagem Kindergarten, escrevi sobre o tema: 
     “Sabe-se que a criança passou  a ser valorizada e tratada como pessoa em potencial há pouco tempo, se analisarmos a história. Anteriormente, as crianças limitavam-se a serem "adultos em miniatura", brincando em volta da cozinha, na "barra da saia" das mães ou serviçais. No século XIX começou-se a perceber a criança como ser que precisava de educação específica para a idade. A infância, a partir de então, começou a ser objeto de estudo de muitos pedagogos, psicólogos e outros estudiosos.” http://claudiasimoneblogpead.blogspot.com/2016/10/kindergarten_12.html
     
        A cada dia percebo mais como é fantástico o brincar, que é preciso pouco para deixar uma criança feliz, com brincadeiras simples, se divertindo e aprendendo.
     No Projeto BRINCAR SEM BRINQUEDO, tenho defendido a ideia que é possível um brincar simples e espontâneo, sem brinquedos industrializados, fomentando a curiosidade e impulsionando a criatividade das crianças. 
     Realizamos, esta semana, uma brincadeira com elásticos largos e resistentes, onde amarrei  nas colunas do hall da escola e fiz uma espécie de labirinto, onde puderam passar entre as fitas, explorando a elasticidade e assim, criando possibilidades de brincar. 
     Outra atividade foi a confecção de minhocas de pano, usando meias de nylon velhas, e a pintura da semana ficou por conta de frascos de desodorante roll on, que enchi com tinta, e realizaram pinturas com os mesmos, misturando cores e fazendo descobertas.
     A brincadeira que mais empolgou foi com a confecção de trenzinhos com caixas de papelão, unidas com cordas, onde puderam, além de puxar, encher com bolas coloridas e brinquedos, classificando e selecionando volumes e quantidades em cada espaço. 
     Na escola, devemos oportunizar que a criança explore materiais e crie brincadeiras, assim como desde a criação dos jardins de infância, os "Kindergartens", de Froebel:
   “Froebel foi o primeiro educador a enfatizar o brinquedo, a atividade lúdica, a apreender o significado da família nas relações humanas. Idealizou recursos sistematizados para as crianças se expressarem: blocos de construção que eram utilizados pelas crianças em suas atividades criadoras, papel, papelão, argila e serragem.”(Portal Educação)
   Brincar é uma experiência fundamental da infância, que  proporciona grandes aprendizados. Segundo Vigotsky, “...Na medida em que cresce, a criança impõe ao objeto um significado. O exercício do simbolismo ocorre justamente quando o significado fica em primeiro plano. Do ponto de desenvolvimento da criança, a brincadeira traz vantagens sociais, cognitivas e afetivas.” (Portal Educação)

Referencias: 
Teóricos Sobre Educação e Ideias Sobre o Brincar.  Portal Educação.

domingo, 11 de novembro de 2018

Gaiolas X Asas

     Chegando à metade do estagio, já posso perceber o que o Projeto Brincar sem brinquedo significa na rotina e na vida das crianças.  Já estabelecemos um novo jeito de brincar, onde os brinquedos industrializados perderam espaço e os materiais alternativos são motivo de interações, brincadeiras e aprendizados. Estamos criando um hábito saudável de explorar o simples. Simples no sentido de oferecer subsídios da criança criar sua brincadeira, explorar o meio e os materiais, fazer descobertas, mais criativamente do que oferecendo um brinquedo pronto.

   
    Gosto muito da frase de Rubem Alves: “Há escolas que são gaiolas e escolas que são asas”. 
    Transponho este pensamento para o professor, pois temos que possibilitar que nossas crianças voem, descubram suas capacidades, desenvolvam habilidades e conheçam o mundo Temos que oportunizar um brincar livre para que a criança seja a protagonista de seu aprendizado, dando liberdade para explorar, descobrir, construir e aprender.


Surge o questionamento: somos aqueles (professores) que armam o alçapão para pegar os "pássaros" afim de colocar em gaiolas      para aprenderem somente o que queremos que aprendam e se "comportem" adequadamente, sem sair das grades imaginárias que traçamos? Ou propiciamos que abram as asas, gradativamente, e lancem voo, para conhecerem o céu do conhecimento,       com  a liberdade de pensarem por suas próprias mentes, interagindo e questionando o mundo em volta?”

    O Projeto Brincar sem brinquedo  vem ao encontro do que Rubem Alves sugere: permitir que a criança descubra o mundo, por sua própria investigação, e o professor apenas instrumentaliza esse fazer.





 Referencias:

ALVES, Rubem. Gaiolas ou asas. In: ALVES, Rubem. Por uma educação romântica. Campinas: Papirus, 2002.

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Brincar é coisa séria

     Brincar é coisa séria .Claparede  já dizia: "Nada mais sério que o brincar”. Tenho observado minhas crianças no estagio explorando materiais com tamanha curiosidade, analisando detalhes e possibilidades de brincar. 
     Para as crianças, em torno dos dois anos, um simples varal com corda, prendedores e alguns panos é motivo de uma série de tentativas, onde cada um deles ocupa seu tempo para descobertas e representação da realidade. 
   
   Um canudo de papelão, estes de tecido, e uma bola de desodorante Roll on, suficientemente pequena para entrar no canudo, outra brincadeira. Demonstrei uma vez como poderia fazer e já assimilaram com tamanha rapidez, fazendo experiências  e carregando o canudo em grupo pelo hall da escola, como se fosse uma tora de madeira. Ao trazer um pneu para a escola, os maiores chegaram a pedir o que era aquilo, e seus olhos brilhavam com a possibilidade de rodar, de sentar dentro ou de encher com objetos.
    Acredito que cada uma das crianças brincou com toda seriedade possível, aprendendo matemática, física, e mesmo noções de trabalho em equipe.
     "Penso que o brincar é importante, pois a infância é a fase da vida do ser humano em que as conexões cerebrais são estruturadas, o corpo começa a movimentar-se com desenvolvimento físico e motor, a socialização e a relação com o mundo externo (deixa de ser e de sentir-se ligado à mãe) acontece. Do mesmo modo, nos primeiros anos de vida o emocional se molda conforme as experiências, afetos ou situações negativas que a criança vivencia." (http://claudiasimoneblogpead.blogspot.com/2016/04/nada-mais-serio-que-uma-crianca.html)

    Mas por que brincar é assunto sério? "As brincadeiras constituem um direito legítimo da infância, porque elas representam um aspecto crucial do desenvolvimento físico, intelectual e social da criança."(Boivin, Tremblay, Peters, Smith)
   As atividades espontâneas tem funções educativas, desenvolvendo as habilidades que são as base do aprendizado da leitura, da escrita e das matemáticas. Do mesmo modo, "As brincadeiras oferecem oportunidades de socialização com os pares da mesma idade, de aprender a entender os outros, de se comunicar e de negociar." (Boivin, Tremblay, Peters, Smith)
    As brincadeiras estimulam as crianças a aprender, a imaginar, a categorizar e a resolver problemas.Também tem função terapêutica: "As brincadeiras permitem às crianças se expressar sobre os aspectos perturbadores de seu cotidiano como os fatores de estresse, os traumatismos, os conflitos familiares e outros dilemas." (Boivin, Tremblay, Peters, Smith)
     Por estas razões, brincar sempre será da maior importância na vida e rotina dos pequenos.

Referências:

Boivin M, Peters RDeV, eds. Smith PK,  Tremblay RE. Brincar. Enciclopédia sobre o Desenvolvimento na Primeira Infância [on-line]. Acesso em:

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Criança curiosa

     Chegando ao final da quarta semana do Estágio Supervisado, pude constatar, aplicando e experimentando um Brincar “sem brinquedo”, que a curiosidade move a criança, movimentando e construindo aprendizados. "Ser curioso é desejar tudo ver e tudo saber. A curiosidade move o pensamento a procurar uma resposta, mas às vezes, antes de completada, já surge outra e mais outra indagação.”( http://claudiasimoneblogpead.blogspot.com/2016/11/curiosidade-infantil.html )

   
  A criança pequena ainda não pergunta verbalmente “ O que é isto?” Ou “para que serve”, mas experimenta na prática através de suas vivências.  

     E a curiosidade infantil tem uma explicação: 

Na verdade, tudo isso tem uma base no cérebro que já foi pesquisado. O cérebro durante esses primeiros anos de vida está muito ocupado gerando novos circuitos e conexões, por isso consome muita energia, mas, ao mesmo tempo, uma intensa atividade justifica a necessidade de descobrir o porquê das coisas e descobrir incessantemente.” (Amorim)

    Ao professor que está acompanhando o processo de desenvolvimento e instrumentalizando o brincar, cabe perceber os interesses da criança, uma vez que pode revelar habilidades, o que lhe satisfaz e dá significado. Ele pode ajudar a despertar e aprofundar a curiosidade infantil, promovendo situações e disponibilizando recursos e condições para que a criança brinque espontaneamente.
      O Projeto Brincar “ sem brinquedo” estimula um brincar espontâneo e criativo, com materiais não convencionais e sem oferecer propostas prontas, mas fomentando o interesse e a curiosidade inatas. 
Caixa surpresa - Projeto Brincar "sem brinquedo"
     
     Certamente podemos fazer valer a máxima de Albert Einstein: "A curiosidade é mais importante que o conhecimento."  Podemos concluir, em outros termos,  afirmando que uma premissa leva à outra, ou, a primeira induz à segunda.

Referencias:

Amorim, Patrícia. Criança Curiosa – Tudo Sobre a Curiosidade Infantil. Trocando Fraldas.  

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Entre o sensorial e o simbólico


 Em meu Estágio Curricular estou desenvolvendo o Projeto BRINCAR “SEM BRINQUEDO”, onde experimentamos um brincar diferenciado, dentro da concepção de uma infância simples, espontânea, estruturado na corporeidade, no contato com a natureza e com objetos de material alternativo como fonte de exploração e brincadeiras.
Brincadeira de túnel, com mesas e panos
  Revisitando postagens do início do curso, reencontro as mesmas questões que norteiam , hoje, meu trabalho docente e realização do estágio:

Ao pensar as propostas para o Berçário Dois, turma em que atuo, tenho que levar em consideração a fase de descobertas e possibilidades, mas limitadas. Muitos conteúdos são permeados na rotina, visto a importância e influencia que exerce sobre a criança, que necessita de organização no seu dia a dia. Mas as atividades podem, também, ser planejadas, com objetivos específicos, dando suporte para aprendizados maiores que irão ocorrer gradativamente no desenvolvimento.”

   
Piaget
Jean Piaget nos fala da fase sensorial, o Estágio sensório-motor, onde se 
inicia o desenvolvimento das coordenações motoras, a criança aprende a diferenciar os objetos, o próprio corpo e o pensamentos está vinculado ao concreto. As crianças em que atuo tem entre 18 meses a 2 anos de idade, onde começa a transição do período sensorial ao representativo.

“Neste subestádio ocorre a transição entre a inteligência sensório-motora e a inteligência representativa, que começa em torno dos dois anos, com o aparecimento da função simbólica. A novidade, em relação ao sub-período anterior é que as invenções já não se efetuam de modo prático, mas passam ao nível mental. A criança começa a ser capaz de representar o mundo exterior mentalmente em imagens, memórias e símbolos, que é capaz de combinar sem o auxílio de outras ações físicas. Na atividade lúdica ela é capaz de “fingir”,“fazer de conta”, fazer “como se”: é o “símbolo motivado”. Invenção e representação seguem juntas, anunciando a passagem a um nível superior.” (Cavicchia)

   
Explorando objetos do cotidiano
Analisando o conteúdo curricular que fala de formas, na área da matemática: “As formas estão 
presentes em toda parte, nos brinquedos, no prato do almoço, na caixa de sapatos.”, segundo Piaget, vejo que as crianças ainda se encontram na fase sensório-motor, pois:

 “As crianças pequenas precisam de objetos palpáveis, para sentir a espessura, o peso, a textura, temperatura, entre outros aspectos. Blocos geométricos de madeira podem ser oferecidos e ela vai construindo uma casa, um muro, uma igreja ou o que sua imaginação mandar. Peças de encaixe também serão usadas para erguer torres ou construir escadas. Caixas de leite forradas se tornam pesados tijolos e uma tampa de balde plástico se torna o volante de um automóvel." (http://claudiasimoneblogpead.blogspot.com/2016/12/espaco-eformas.)

   O Estágio segue dentro de uma proposta de brincar explorando o meio, o corpo, o mundo em volta:
O contato com materiais variados, considerados sucata, estimula a imaginação, a criatividade e promove a percepção de formas, mesmo que indiretamente, pelo manuseio e faz de conta. A criança percebe o espaço a partir do seu próprio corpo, pois ele será parâmetro para saber se algo está longe ou perto, se algo está atrás ou na sua frente.”

Referências:

- Cavicchia, Durlei de Carvalho. O Desenvolvimento da Criança nos Primeiros Anos de Vida. Departamento de Psicologia da Educação da UNESP. Acesso em:
https://acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/224/1/01d11t01.pdf

- Piaget. J. A Epistemologia Genética. Trad. Nathanael C. Caixeira. Petrópolis: Vozes, 1971. 110p

-Tortora, Evandro. ESPAÇO E FORMA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELATO DE
UMA EXPERIÊNCIA COM PROFESSORES ATUANTES EM FORMAÇÃO.
Encontro Nacional de Educação matemática. 2013a


terça-feira, 16 de outubro de 2018

Um brincar alternativo

     O brincar  nos berçários é um convite ao singelo, ao lúdico e a exploração.
     Trabalhar com berçário envolve a sensibilidade de perceber o que desperta o interesse de crianças tão pequenas, fomentando a curiosidade, favorecendo aprendizados e desenvolvendo capacidades.
   

     Aos poucos o projeto Brincar “sem brinquedo”, minha proposta de estágio, começa a se desenhar, com o mínimo possível de recursos industrializados, mas fundamenta-se em um brincar diferenciado e alternativo. A infância pode ser simples, ou podemos fazer uma releitura deste modo de ser criança. Podemos oportunizar um brincar significativo:

     "Ter apenas coisas que piscam, giram e fazem tudo sozinhas dificulta o uso da imaginação e do pensamento analítico. Acho incrível ver como as crianças são capazes de transformar qualquer objeto em algo interessante, fazendo descobertas e alimentando o faz de conta. Brinquedos mais simples têm esse poder de transformação, de ser um foguete ou uma boneca no mesmo objeto. E acho fundamental trabalhar com a criança conceitos como transformar, reciclar. São preocupações fundamentais nos dias de hoje, ao invés de incentivar o consumismo e o acúmulo de brinquedos."


       A infância tem o olhar do fascínio, da descoberta, do simples mas de valor imensurável.




Referências:

Diferenças ente brincar e brinquedo. Portal Educa-me.http://naescola.eduqa.me/atividades/a-diferenca-entre-brincar-e-ter-brinquedos/,

sábado, 13 de outubro de 2018

Como ser mais criativo

       Eu sempre me considerei uma pessoa criativa, mas em algumas situações tenho dificuldades para liberar. Parece que há um bloqueio em algumas áreas.
     Os insights (clareza súbita na mente; iluminação, estalo) são frequentes algum tempo depois de ficar “martelando” a solução de um problema. O lado intuitivo processa nossas intenções de um modo diferente e o insight aparece em momentos posteriores de mais relaxamento físico e mental.
     Na correria e pressão diária achamos que temos que acertar sempre, e logo. Esta ideia de não poder errar nos leva a pensar que somos incapazes de fazer algo bom o suficiente. Mas de um erro pode surgir uma grande ideia.
    A necessidade de acertar nos leva a buscar um sentido lógico a tudo, porém não é assim que a criatividade se manifesta, mas o lógico e o intuitivo caminham paralelamente e ambas, conforme o caso, trazem possibilidades.
     A necessidade de praticidade no modo de pensar e aplicar uma ideia se assenta no amadurecimento da mesma e um ambiente adequado favorece a criatividade.
Em algumas áreas do conhecimento  não mostramos interesse, mas precisamos, quando necessário, fazer uma inserção  em terrenos diferentes do nosso domínio, para que a clareza apareça.

Referencias:
CASTRO, Ilíada de. O que é Criatividade. Acesso em:
https://www.youtube.com/watch?v=4B4qo7ebBTY 

terça-feira, 9 de outubro de 2018

Primeiros relatos: uma análise

     Dei início ao estágio do curso. Minha turma conta com catorze crianças e uma monitora auxilia durante toda a tarde, no cuidado com os pequenos. Na Educação Infantil, especialmente com berçários, como minha turma, a rotina diária consome boa parte do tempo. Em minha escola as tarefas do cuidar são divididas igualmente entre professora e monitora, ficando a parte pedagógica para a docente.

     Com bebês as atividades tem que ser lúdicas, pois somente assim nos aproximamos da criança e, com linguagem e metodologia adequada, fazemos as intervenções pedagógicas.

     O primeiro dia foi bem animado para os pequenos, pois logo avistaram os balões que seriam usados naquela tarde. Inicialmente uma canção de acolhida, nomeando as crianças “Palma palma palma... pé pé pé... roda roda roda e diz quem é?” Todos puderam acompanhar o coleguinha sendo indagado, com alguns conseguindo responder e outros mostrando um olhar curioso, esperando que eu dissesse seus nomes.

     Em um segundo momento, li a história “O balão” que falava de um menino que ganhou um balão de sua mãe, brincou tanto com ele, no mundo da sua imaginação, que acabou soltando ele e foi para o céu, para sua tristeza. Mas a mãe estava sempre pronta para lhe possibilitar novas aventuras.

     Depois disto, fiz uso de um balão e passei a todos, pedindo que assoprassem forte, para o balão subir. Em seguida dei um balão a cada criança para que brincassem de jogar para cima e pegar.

    A atividade foi simples, mas significativa. Por um momento, sentaram-se calmamente, cantaram, gesticularam e socializaram seus nomes e individualidade. Depois acompanharam a saga do menino que, como eles, se alegram e se frustram, fantasiam e despertam, mas com pessoas que os amam e querem bem.

    Na atividade do balão, perceberam e experimentaram que seu sopro pode movimentar coisas, se divertindo e descobrindo possibilidades de seu corpo. E, ao final, brincaram bastante tempo com seus balões, trocando com os colegas, jogando para o alto, pegando e, um e outro, vendo seu balão estourar.

    Trabalhar com crianças é sempre prazeroso e percebemos facilmente o desenvolvimento de cada uma. Temos que instrumentalizar para que nosso aluno aprenda e desenvolva suas capacidades plenamente, de forma lúdica e interagindo com os demais.
      Uma nova proposta: a simplicidade no brincar e no aprender, como diria o poeta:

"Cresci brincando no chão, entre formigas. De uma infância livre e sem comparamentos. Eu tinha mais comunhão com as coisas do que comparação.“ — Manoel de Barros

Referencias:

Barros, Manuel de. Manoel por Manoel, do livro Memórias inventadas – As Infâncias de Manoel de Barros, p. 187)

domingo, 7 de outubro de 2018

Desafios da criatividade


     São necessárias competências criativas para resolver problemas. Para fomentar uma mente criativa é imprescindível ter motivação, uma vez que só se cria quando se está comprometido com o que se faz.
   
     Para ocorrerem manifestações criativas têm que haver conexões entre quem cria com o cenário em que o produto é criado. O meio e até a dificuldade podem impulsionar atitudes criativas.
    As aptidões criativas são variadas e se manifestam unidas aos esforços pessoais.  Ser criativo é dominar conhecimentos e ser criativo implica ter características como autonomia, autoconfiança, tolerância à ambiguidade ou persistência.
    A criatividade é uma atribuição e sofre interferência do olhar alheio, havendo então o “condicionamento do que se cria pela valoração de alguém que pode ser o professor avaliando o trabalho dos alunos, o crítico de arte ou o próprio momento sócio-histórico.” (MORAIS)
    É de conhecimento que muitos professores se incomodam com a autonomia, ousadia, a curiosidade, o humor, a criticidade e divergência do aluno mais criativo. Em nossa rotina em sala de aula encontramos o desafio destas crianças, o que pode gerar desconforto, por sua postura de certo enfrentamento, porém a criatividade deve ser um adjetivo valoroso para mentes criativas.

Referências:
MORAIS, Maria de Fátima. Criatividade: conceitos e desafios. Educação. 2015. Editora APM.

domingo, 30 de setembro de 2018

Sobre um brincar "sem brinquedo"


     Sobre o tema escolhido para trabalhar no estágio:

    "Tendo em vista que a criança pequena aprende brincando, interagindo e explorando o mundo em volta, surgiu o intento de uma proposta de “brincar sem brinquedo”. Esta proposta visa proporcionar contato com objetos e materiais não convencionais, mas alternativos, em contato com a natureza, com o universo que a criança está inserida, que oferecem possibilidades de aprendizado, de forma lúdica, prazerosa, construtiva e exploratória, estimulando a curiosidade, a representação e a imaginação. Do mesmo modo, envolve  desenvolver habilidades e capacidades da criança, sejam cognitivas, psicomotoras, sociais, afetivas e sensoriais. 
    A proposta vem de encontro com a concepção de uma infância mais livre e simples, em contraposição ao excesso de brinquedos industrializados que sufocam e artificializam o brincar espontâneo. "(Justificativa do projeto)


    "O brinquedo, por sua vez, faz com que a criança crie um mundo de desejos realizáveis através da imaginação dela. Com isto, o brinquedo possibilita uma situação imaginária. Ele desempenha várias funções no desenvolvimento da criança, como: o preenchimento de suas necessidades, o envolvimento num mundo ilusório, o desenvolvimento de sua esfera cognitiva e o fornecimento de um estágio de transição entre o pensamento e o objeto real. (VYGOTSKY, 1998)


Referencias:

VYGOTSKY, L. (1998). A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes





domingo, 23 de setembro de 2018

Projeto para o estágio

   Surgiram, durante as semanas que passaram, as primeiras orientações e ideias para o estágio. Fui acometida por uma insegurança que não estava prevista, antes do encontro com o professor orientador, o que, de certa forma me paralisou.
   Na última semana levantei dados sobre a escola e analisei minha turma, em seus diversos aspectos.

EMEI Estrelinhas do Recanto:
70 alunos, de 4 meses a 3 anos de idade

     Do mesmo modo, pesquisei alguns temas que poderiam definir meu projeto. No fim das contas, a ideia inicial venceu e estão saindo as palavras. O tema escolhido será "Brincar sem brinquedo", ou seja, possibilitar as crianças brincadeiras que não utilizam brinquedos convencionais e industrializados, mas material alternativo como fonte de descobertas e aprendizado.
   
O brincar acontece com o que desperta o interesse da criança,
e o professor pode instrumentalizar estas descobertas

    Para dar seguimento a elaboração do projeto, estou pesquisando referencial teórico para embasar o trabalho e pensando nas metodologias a serem aplicadas.
    Pois bem, começa a tomar forma os trabalhos do estágio!

Projeto Brincar "sem Brinquedo"


segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Estágio: premissas

Registrando sobre o inicio do estágio:
Professor orientador: Luis Carlos Bombassaro
Grupo: 15
Escola: EMEI Estrelinhas do Recanto
Turma: Berçário 2B
Previsão para início: segunda quinzena de setembro
Possíveis temas para desenvolver projetos: dia da criança, primavera, brincar sem brinquedo, entre outras possibilidades.
Muitas dúvidas ainda, muito a decidir.

terça-feira, 28 de agosto de 2018

Eixo VIII - estágio

     Inicia-se mais um semestre, porém com outra perspectiva: o estágio docente. Embora já tenhamos experiência em turma, reforçaremos com os conhecimentos adquiridos ao longo do curso.
     O estágio vem para consolidar teoria e prática, fundamentar conceitos com o dia a dia na escola.


     Em meio a dúvidas e insegurança, próprias da etapa, nós alunas do Pead, estamos envolvidas constantemente em um ato de coragem: educar! Que façamos o nosso melhor.

quinta-feira, 21 de junho de 2018

Estágio: um desafio pela frente

     Ao pensar em como farei meu estágio em 2018/2, com o Berçário 2, surgem alguns questionamentos e dúvidas a serem consideradas. Embora atue há muitos anos na Educação Infantil, ao aplicar todo conhecimento adquirido no curso superior, ficamos inseguras. O que farei? Serei capaz de articular teoria e prática?

  Ao tentar responder a primeira questão, começo a esboçar mentalmente meu estágio. 
    O que pretendo fazer?
 Pretendo trabalhar com projetos e usar recursos tecnológicos, mas não planejei nada ainda. Do mesmo modo, penso em explorar materiais diversos e alternativos, surpreendendo e promovendo o interesse das crianças. Penso em envolver as famílias e a comunidade escolar em algumas propostas. Pretendo estimular a linguagem, os movimentos e a coordenação, o raciocínio lógico e temporal, explorar os espaços da escola e promover a interação. Penso em proporcionar oportunidades de aprendizado de forma lúdica e prazerosa, estimulando a curiosidade e a imaginação. Que o brincar, livre ou orientado, seja o carro-chefe de muitos aprendizados.
    Que eu consiga fazer as articulações necessárias e possa realizar minha docência com base em sólidos fundamentos teóricos, estudados durante o curso.


domingo, 17 de junho de 2018

Avaliação: um olhar diagnóstico

    Pensamos que o sistema avaliativo austero, com a autoridade do professor em classificar o aluno por sua nota em exames, é superado pela classe docente. Engana--se quem pensa assim. Em meus contatos com o Ensino Fundamental e em reunião de professores, ainda vejo muito este sistema de avaliação, onde se fazem presentes rótulos, descriminações, ameaças e até ironias que, ou acabam com a auto-estima dos alunos, com consequências desastrosas para sua vida, ou o torna agressivo e/ou desinteressado pelos estudos. 

     Felizmente não são todos os professores que atuam deste modo, pois também vejo professores que são mediadores do conhecimento, e da vida do aluno, que muitas vezes apresenta um grande número de dissabores emocionais, familiares,  e sociais, perturbações, medos e ansiedade. O aluno precisa estudar para adquirir conhecimento, não para gerar notas satisfatórias, para mostrar a quem? Ao professor?
    Que bom que existem professores abertos, que largaram para trás o sistema avaliativo no qual foram educados em seus tempos de escola, para abraçarem formas de avaliar mais abrangentes, com mais instrumentos que podem olhar o aluno como um todo, integralmente, não apenas o aspecto cognitivo. 
     A avaliação não deve ser classificatória, mas diagnóstica, com o professor acompanhando dia a dia o desenvolvimento do aluno, sem cobrar a mera reprodução dos conteúdos. É preciso romper com o sistema transmitir-assimilar-memorizar, sem significado real para a vida dos alunos. Torna-se necessário favorecer que o aluno crie algo novo a partir da problematização, da formulação de hipóteses sobre o que foi visto, induzindo a um raciocínio sobre o que está aprendendo. Precisamos fazer a criança descobrir suas aptidões e dons naturais, sem sermos reducionistas, pois a avaliação pode ser a base da compreensão das dificuldades da criança e uma grande oportunidade de dinamizar a busca do conhecimento, percebendo o que o estudo representa para o aluno, com o professor orientando no processo de aprendizagem, independente de como são as crianças.


    O professor precisa valer-se de ética, respeitando o aluno, tendo bom senso, sem apavorar aplicando provas difíceis, regulando sua rigidez e sem fazer ameaças que carregam o peso de um castigo, sem punições ou discriminações, pois o trauma do fracasso, ainda mais se recorrente, gera sentimento de incapacidade e trava o aluno para conquistas posteriores. Existem alunos que não levam o estudo a sério, o que também necessita um outro olhar do professor, para alcançar o real motivo do desinteresse, às vezes no próprio método de trabalho utilizado.
      Mais do que nunca o professor precisa repensar, e reavaliar, o próprio sistema de avaliar, pois não podemos ter o mesmo olhar para alunos diferentes. Estaremos fadados a errar em nosso julgamento, que nem deveria ser encarado assim, mas estarmos abertos a  perceber avanços diários em muitas possibilidades que aparecem e oportunizam o aprendizado.


Referências:


FERREIRA, Lucinete Maria Sousa. Retratos da avaliação. Editora Mediação. 4 edição. Porto Alegre. 2009.

domingo, 10 de junho de 2018

Wallon: o afeto no desenvolvimento da criança



     
     O pensamento de Henri Wallon(1879-1962), filósofo, médico e político francês, quanto à aquisição da linguagem, apresenta uma concepção psicogenética dialética do desenvolvimento, percebendo o ser humano como uma pessoa integral, ajudando a superar a divisão mente/corpo da cultura ocidental.
     A base de sua teoria engloba a valorização da afetividade e das emoções no processo de ensino e aprendizagem, com valor à relação professor-aluno. Da mesma forma, apresentou uma visão política em propor uma educação mais justa para uma sociedade democrática.
     Wallon estabeleceu categorias de atividades cognitivas específicas: afetividade, movimento, inteligência e a formação do eu. As emoções são a base do desenvolvimento da inteligência, assim como o movimento é importante na atividade de estruturação do pensamento no período que antecede a linguagem; a inteligência  relaciona-se com o raciocínio simbólico desenvolvendo o pensamento abstrato, e o eu coordena as demais, pois é o campo responsável pelo desenvolvimento da consciência e da identidade.
     A teoria de Wallon propõe estágios de desenvolvimento onde o posterior amplia e reforma os anteriores, permeado por conflitos internos e externos, geradores de evolução:

- Estágio impulsivo-emocional (até o primeiro ano de vida): as emoções são o principal instrumento de interação com o meio, desenvolvido através do ambiente, sentimentos intraceptivos e fatores afetivos.
- Estágio sensório-motor e projetivo ( 3 meses a 3 anos): a inteligência predomina e o mundo externo prevalece nos fenômenos cognitivos, podendo ser prática (em relação com o corpo) e discursiva ( apropriação da linguagem).
- Estágio do personalismo ( 3 aos 6 anos): importante na formação da personalidade e na autoconsciência, onde a criança pode se opor ou imitar o adulto.
- Estágio categorial ( 6 a 11 anos): a criança começa a desenvolver a memória e a atenção voluntária, formando conceitos abstratos.
- Estágio da adolescência: é essencialmente afetiva, uma fase de conflitos em busca da autoafirmação e onde a sexualidade começa a se desenvolver.

       Segundo Wallon, os processos de desenvolvimento jamais se encerram, mas sofrem manifestações afetivas ao longo da vida que levarão a processos de adaptação.
     Wallon levou o afetivo para a sala de aula, perpassando a inteligência e o desempenho. Dentro de uma cultura mais humanizada do processo de ensino e aprendizagem, considerando a pessoa como um todo.
     Sua obra desafia os métodos pedagógicos tradicionais, questionando sobre a importância das emoções neste mundo hostil da atualidade.



Referências:

FERREIRA, Aurino Lima. ACIOLY_RÈGNIER, Nadja Maria. Contribuições de Henri Wallon à relação cognição e afetividade na educação. Educar, Curitiba, n. 36, p. 21-38, 2010. Editora UFPR.


domingo, 3 de junho de 2018

Porque sou professora?

    Perguntando para um professor de jovens e adultos sobre porque escolheu, ou decidiu, ser professor, fiz, na verdade, uma introspecção, um questionamento a mim mesma.

     Porque escolhi ser professora, entre tantas outras possibilidades, uma vez que já trabalhava em outra área por mais de uma década? Porque achei que valeria a pena estudar, prestar concurso público e cuidar/educar os filhos dos outros, uma vez que sou professora de educação infantil? Porque enfrentar tantos desafios? 

     A resposta é individual, conforme as vivências e anseios de cada pessoa. Considero importante fazermos esta pergunta de tempos em tempos para nos situarmos em nossas próprias escolhas e encontrarmos, mais do que as respostas, o sentido e a motivação necessárias para continuar.
    Muitas vezes ouvimos, até de renomados pensadores, que não deveríamos sermos chamados de educadores, pois a função de educar é da família, que o professor apenas ensina áreas diversas do conhecimento e reforça a educação aprendida em casa. Não que eu discorde, ao contrário, porém educar um ser humano em formação é responsabilidade de todos que fazem parte da infância desta criança, pois se o filho frequenta uma escola, está sob responsabilidade dos professores durante a aula ou turno. Por esta razão considero que devemos ser influenciadores positivos na vida desta criança, cabendo a nós advertir quando são desrespeitosos ou não levam nada a sério, por exemplo. Ouvimos, algumas vezes, que não temos nada a ver com o aluno, mas ficamos, muitas vezes, mais com as crianças que os próprios pais. 
     O antropólogo e folclorista mineiro Tião Rocha, que defende a ideia de educar em ambientes não somente escolares, nos afirma: "Educação só acontece no plural, o eu sozinho não educa e não se educa." Acredito que deve haver parceria por parte da escola e das famílias, pois como diz um provérbio africano: "Para educar uma criança é necessária toda uma aldeia." Grande ensinamento.
    A partir disto, minhas perguntas começam a serem respondidas, pois uma das razões que escolhi ser professora é ser colaborada na criação de um mundo melhor.


Referências:

http://redeglobo.globo.com/acao/noticia/2013/12/antropologo-e-folclorista-prova-que-e-possivel-fazer-educacao-sem-escola.html Antropólogo e folclorista prova que é possível fazer educação sem escola. 2013.



sexta-feira, 1 de junho de 2018

Pedagogia de Projetos

    Se a nossa vida é pautada por projetos, também podemos ensinar e aprender com  a Pedagogia de Projetos.
  Fazendo uma análise de nossa própria vida, podemos verificar que quando almejamos algo, seja a curto, médio ou longo prazo, temos que pensar em como faremos para chegar lá. Precisamos dispor de alguns recursos ou ferramentas que instrumentalizarão nossa caminhada. Não basta apenas sonhar ou fazer planos sem sabermos como isto se tornará possível. Dificuldades diversas podem surgir, mas nem todas são intransponíveis e nesse caso, pensemos em estratégias viáveis. 
  Transportando para a escola, “A Pedagogia de Projetos é uma metodologia de trabalho educacional que tem por objetivo organizar a construção dos conhecimentos em torno de metas previamente definidas, de forma coletiva, entre alunos e professores.” (SANTOS SILVA)
   Atuo como docente com crianças muito pequenas, na turma de Berçário 2. Apesar da pouca idade, trabalho com projetos ao longo do ano. Este ano minha escola escolheu focar no tema leitura, encabeçando os trabalhos, porém não precisamos fazer projetos de leitura, mas formar pequenos leitores com propostas que incluam o tema.
    Com a pouca idade de minhas crianças, eu preciso pensar em projetos e atividades que sejam do interesse delas, despertando, assim, a curiosidade, a imaginação e diversas habilidades. Atualmente estamos realizando o projeto “As plantinhas”, que envolve leitura, passeios, observação da natureza, plantio de sementes e mudas, pinturas com flores que soltam tinta, manuseio de livros e revistas para encontrar animais e plantas. Deste modo posso desenvolver diversas questões sobre um tema central.
   “O mais importante no trabalho com projetos não é a origem do tema, mas o tratamento dispensado a ele, pois é preciso saber estimular o trabalho a fim de que se torne interesse do grupo e não de alguns alunos ou do professor, só assim o estudo envolverá a todos de maneira ativa e participativa nas diferentes etapas.(SANTOS SILVA)
     No decorrer do ano, desenvolveremos, no Berçário 2, novos projetos, como o “Pequenos leitores”, que já iniciei, concomitantemente ao “As plantinhas”, com a contação da história com fantoche do Pato Paco, que iria fazer aniversário. Um projeto sempre envolve muitos fatores e áreas de interesse, e pode ter a participação de toda comunidade escolar, saindo dos limites da sala de aula.
Muda plantada pelas crianças no projeto
 "As plantinhas"
Referências:

SILVA, Aise de Santos. Trabalhando com Projetos na Educação Infantil. Portal da Educação. Acesso em: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/trabalhando-com-projetos-na-educacao-infantil/21902

sexta-feira, 18 de maio de 2018

EJA: uma ação libertadora

   
   
     A Educação de Jovens e Adultos é um desafio para todos que buscam a escolarização em uma fase posterior, na vida adulta. Mas quem é este aluno?
     O  sujeito de EJA é um adulto, com experiências de vida, que faz parte de um grupo social e cultural de exclusão, que ficou boa parte de sua vida à margem da escolarização. Este aluno sabe que a educação é necessária e encara o desafio pessoal de buscar a escolarização. Digo desafio, pois este aluno, na maioria das vezes, sente-se deficitário em relação às outras pessoas, motivo de vergonha para ele. Conhecemos situações de desconforto e constrangimento que experimentam analfabetos adultos em situações corriqueiras como pegar um ônibus ou entender uma receita médica, por exemplo. Ao pedir ajuda a outro adulto ele se sente inferior e se retrai.
     O aluno adulto  tem consciência de que precisará se esforçar, e comumente, não acredita que será capaz de aprender. Esta insegurança se junta à dificuldade de compreender regras e peculiaridades do mundo escolar, por não ter treinado desde criança. Ou seja, a escola é algo novo e de certa forma, difícil para este aluno. 
     Temos também que considerar que o funcionamento intelectual do aluno adulto é diferente do que da criança, que se encontra ainda em formação. As estruturas psíquicas são diferentes e requer outra metolodologia de ensino. Aliados ao funcionamento intelectual encontram-se as vivências que este aluno já teve, ou seja, já conhece o mundo e tudo já tem um significado.
    O aluno de EJA sabe que estudar pode ser um “divisor de águas” em sua vida, pois fará parte da sociedade letrada e passará a compreender os símbolos que representam o mundo. Portanto, pode-se dizer que a escolarização deste adulto é uma ação libertadora, uma nova forma de ser e estar no mundo. 
    Ao professor de jovens e adultos cabe perceber estas dificuldades e adaptar sua prática para chegar até este aluno, mediando e oportunizando as ferramentas necessárias para o aprendizado nesta fase da vida.

Referências:

OLIVEIRA, MARTA KHOL. JOVENS E ADULTOS COMO SUJEITOS DE CONHECIMENTO E APRENDIZAGEM. IN: REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO SetOut/Nov/Dez 1999 n.º 12. Trabalho apresentado na XXII Reunião Anual da ANPEd, Caxambu, setembro de 1999. 

VARGAS, PATRÍCIA GUIMARÃES; GOMES, MÁRIA DE FÁTIMA CARDOSO. APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO DE JOVENS E ADULTOS: NOVAS PRÁTICAS SOCIAIS, NOVOS SENTIDOS.
In: Educação e Pesquisa. São Paulo, v. 39, n. 2, p. 449-463, abr./jun. 2013.


domingo, 13 de maio de 2018

Aquisição da linguagem segundo Piaget e Vigotsky

Piaget

     Presencio o início da linguagem oral nas crianças que, gradativamente, passam do balbucio e algumas sílabas pronunciadas a pequenas palavras que repetem ao ouvi-las e outras que revelam seus desejos e desagrados, como uma forma de expressarem o que querem ou pensam.
     Percebo que prestam muita atenção ao que falo e imediatamente tentam repetir, alguns logo conseguindo , outros ainda em desenvolvimento deste processo.

Vigotsky
     Procuro realizar atividades que estimulam este desenvolvimento, fazendo uso de pequenas canções na rotina ou em momentos específicos, e orações na hora das refeições. Estas canções possuem ênfases em rimas, vogais ou apenas a última sílaba, fazendo conexões entre o que ouvem e falam, e a própria repetição.
     Podemos realizar nossa pratica pedagógica analisando as concepções de Jean Piaget e Lev Vigotsy quanto à aquisição da linguagem.

                 PIAGET                                               VIGOTSKY

-A maturidade biológica e cognitiva da criança vai surgindo depois de um processo de ouvir, assimilar o que ouviu, reproduzir com os lábios, fazer balbucios e por fim falar.


-A criança pequena se desenvolve através da interação com o meio, com o convívio com outras crianças e adultos. O contato com mais crianças facilita a interação e troca de “conversas” entre eles.

- O adulto, no caso as monitoras e a professora, assumem o papel de mediadoras neste processo, estimulando e criando situações que favorecem um avanço no desenvolvimento. Esta mediação orientada do adulto chama-se Zona de Desenvolvimento Proximal.


     Penso que, ao realizar minha prática pedagógica, tenho que observar em que estágio as crianças estão, qual seu nível de desenvolvimento biológico e cognitivo se encontram, com umas mais ou menos avançadas. Do mesmo modo, além de observar, tenho que propor atividades, tanto espontâneas ou orientadas, de forma lúdica (como requer a idade) e me colocar na posição de mediadora, estimulando e facilitando o próprio desenvolvimento, bem como criando condições para um progresso maior, com minha intervenção e interagindo com os demais.

Referências:

MONTOYA, Adrián Oscar Dongo. PENSAMENTO E LINGUAGEM: PERCURSO PIAGETIANO DE INVESTIGAÇÃO. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 11, n. 1, p. 119-127, jan./abr. 2006.

REGO, Teresa Cristina. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. 10 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.