quinta-feira, 21 de junho de 2018

Estágio: um desafio pela frente

     Ao pensar em como farei meu estágio em 2018/2, com o Berçário 2, surgem alguns questionamentos e dúvidas a serem consideradas. Embora atue há muitos anos na Educação Infantil, ao aplicar todo conhecimento adquirido no curso superior, ficamos inseguras. O que farei? Serei capaz de articular teoria e prática?

  Ao tentar responder a primeira questão, começo a esboçar mentalmente meu estágio. 
    O que pretendo fazer?
 Pretendo trabalhar com projetos e usar recursos tecnológicos, mas não planejei nada ainda. Do mesmo modo, penso em explorar materiais diversos e alternativos, surpreendendo e promovendo o interesse das crianças. Penso em envolver as famílias e a comunidade escolar em algumas propostas. Pretendo estimular a linguagem, os movimentos e a coordenação, o raciocínio lógico e temporal, explorar os espaços da escola e promover a interação. Penso em proporcionar oportunidades de aprendizado de forma lúdica e prazerosa, estimulando a curiosidade e a imaginação. Que o brincar, livre ou orientado, seja o carro-chefe de muitos aprendizados.
    Que eu consiga fazer as articulações necessárias e possa realizar minha docência com base em sólidos fundamentos teóricos, estudados durante o curso.


domingo, 17 de junho de 2018

Avaliação: um olhar diagnóstico

    Pensamos que o sistema avaliativo austero, com a autoridade do professor em classificar o aluno por sua nota em exames, é superado pela classe docente. Engana--se quem pensa assim. Em meus contatos com o Ensino Fundamental e em reunião de professores, ainda vejo muito este sistema de avaliação, onde se fazem presentes rótulos, descriminações, ameaças e até ironias que, ou acabam com a auto-estima dos alunos, com consequências desastrosas para sua vida, ou o torna agressivo e/ou desinteressado pelos estudos. 

     Felizmente não são todos os professores que atuam deste modo, pois também vejo professores que são mediadores do conhecimento, e da vida do aluno, que muitas vezes apresenta um grande número de dissabores emocionais, familiares,  e sociais, perturbações, medos e ansiedade. O aluno precisa estudar para adquirir conhecimento, não para gerar notas satisfatórias, para mostrar a quem? Ao professor?
    Que bom que existem professores abertos, que largaram para trás o sistema avaliativo no qual foram educados em seus tempos de escola, para abraçarem formas de avaliar mais abrangentes, com mais instrumentos que podem olhar o aluno como um todo, integralmente, não apenas o aspecto cognitivo. 
     A avaliação não deve ser classificatória, mas diagnóstica, com o professor acompanhando dia a dia o desenvolvimento do aluno, sem cobrar a mera reprodução dos conteúdos. É preciso romper com o sistema transmitir-assimilar-memorizar, sem significado real para a vida dos alunos. Torna-se necessário favorecer que o aluno crie algo novo a partir da problematização, da formulação de hipóteses sobre o que foi visto, induzindo a um raciocínio sobre o que está aprendendo. Precisamos fazer a criança descobrir suas aptidões e dons naturais, sem sermos reducionistas, pois a avaliação pode ser a base da compreensão das dificuldades da criança e uma grande oportunidade de dinamizar a busca do conhecimento, percebendo o que o estudo representa para o aluno, com o professor orientando no processo de aprendizagem, independente de como são as crianças.


    O professor precisa valer-se de ética, respeitando o aluno, tendo bom senso, sem apavorar aplicando provas difíceis, regulando sua rigidez e sem fazer ameaças que carregam o peso de um castigo, sem punições ou discriminações, pois o trauma do fracasso, ainda mais se recorrente, gera sentimento de incapacidade e trava o aluno para conquistas posteriores. Existem alunos que não levam o estudo a sério, o que também necessita um outro olhar do professor, para alcançar o real motivo do desinteresse, às vezes no próprio método de trabalho utilizado.
      Mais do que nunca o professor precisa repensar, e reavaliar, o próprio sistema de avaliar, pois não podemos ter o mesmo olhar para alunos diferentes. Estaremos fadados a errar em nosso julgamento, que nem deveria ser encarado assim, mas estarmos abertos a  perceber avanços diários em muitas possibilidades que aparecem e oportunizam o aprendizado.


Referências:


FERREIRA, Lucinete Maria Sousa. Retratos da avaliação. Editora Mediação. 4 edição. Porto Alegre. 2009.

domingo, 10 de junho de 2018

Wallon: o afeto no desenvolvimento da criança



     
     O pensamento de Henri Wallon(1879-1962), filósofo, médico e político francês, quanto à aquisição da linguagem, apresenta uma concepção psicogenética dialética do desenvolvimento, percebendo o ser humano como uma pessoa integral, ajudando a superar a divisão mente/corpo da cultura ocidental.
     A base de sua teoria engloba a valorização da afetividade e das emoções no processo de ensino e aprendizagem, com valor à relação professor-aluno. Da mesma forma, apresentou uma visão política em propor uma educação mais justa para uma sociedade democrática.
     Wallon estabeleceu categorias de atividades cognitivas específicas: afetividade, movimento, inteligência e a formação do eu. As emoções são a base do desenvolvimento da inteligência, assim como o movimento é importante na atividade de estruturação do pensamento no período que antecede a linguagem; a inteligência  relaciona-se com o raciocínio simbólico desenvolvendo o pensamento abstrato, e o eu coordena as demais, pois é o campo responsável pelo desenvolvimento da consciência e da identidade.
     A teoria de Wallon propõe estágios de desenvolvimento onde o posterior amplia e reforma os anteriores, permeado por conflitos internos e externos, geradores de evolução:

- Estágio impulsivo-emocional (até o primeiro ano de vida): as emoções são o principal instrumento de interação com o meio, desenvolvido através do ambiente, sentimentos intraceptivos e fatores afetivos.
- Estágio sensório-motor e projetivo ( 3 meses a 3 anos): a inteligência predomina e o mundo externo prevalece nos fenômenos cognitivos, podendo ser prática (em relação com o corpo) e discursiva ( apropriação da linguagem).
- Estágio do personalismo ( 3 aos 6 anos): importante na formação da personalidade e na autoconsciência, onde a criança pode se opor ou imitar o adulto.
- Estágio categorial ( 6 a 11 anos): a criança começa a desenvolver a memória e a atenção voluntária, formando conceitos abstratos.
- Estágio da adolescência: é essencialmente afetiva, uma fase de conflitos em busca da autoafirmação e onde a sexualidade começa a se desenvolver.

       Segundo Wallon, os processos de desenvolvimento jamais se encerram, mas sofrem manifestações afetivas ao longo da vida que levarão a processos de adaptação.
     Wallon levou o afetivo para a sala de aula, perpassando a inteligência e o desempenho. Dentro de uma cultura mais humanizada do processo de ensino e aprendizagem, considerando a pessoa como um todo.
     Sua obra desafia os métodos pedagógicos tradicionais, questionando sobre a importância das emoções neste mundo hostil da atualidade.



Referências:

FERREIRA, Aurino Lima. ACIOLY_RÈGNIER, Nadja Maria. Contribuições de Henri Wallon à relação cognição e afetividade na educação. Educar, Curitiba, n. 36, p. 21-38, 2010. Editora UFPR.


domingo, 3 de junho de 2018

Porque sou professora?

    Perguntando para um professor de jovens e adultos sobre porque escolheu, ou decidiu, ser professor, fiz, na verdade, uma introspecção, um questionamento a mim mesma.

     Porque escolhi ser professora, entre tantas outras possibilidades, uma vez que já trabalhava em outra área por mais de uma década? Porque achei que valeria a pena estudar, prestar concurso público e cuidar/educar os filhos dos outros, uma vez que sou professora de educação infantil? Porque enfrentar tantos desafios? 

     A resposta é individual, conforme as vivências e anseios de cada pessoa. Considero importante fazermos esta pergunta de tempos em tempos para nos situarmos em nossas próprias escolhas e encontrarmos, mais do que as respostas, o sentido e a motivação necessárias para continuar.
    Muitas vezes ouvimos, até de renomados pensadores, que não deveríamos sermos chamados de educadores, pois a função de educar é da família, que o professor apenas ensina áreas diversas do conhecimento e reforça a educação aprendida em casa. Não que eu discorde, ao contrário, porém educar um ser humano em formação é responsabilidade de todos que fazem parte da infância desta criança, pois se o filho frequenta uma escola, está sob responsabilidade dos professores durante a aula ou turno. Por esta razão considero que devemos ser influenciadores positivos na vida desta criança, cabendo a nós advertir quando são desrespeitosos ou não levam nada a sério, por exemplo. Ouvimos, algumas vezes, que não temos nada a ver com o aluno, mas ficamos, muitas vezes, mais com as crianças que os próprios pais. 
     O antropólogo e folclorista mineiro Tião Rocha, que defende a ideia de educar em ambientes não somente escolares, nos afirma: "Educação só acontece no plural, o eu sozinho não educa e não se educa." Acredito que deve haver parceria por parte da escola e das famílias, pois como diz um provérbio africano: "Para educar uma criança é necessária toda uma aldeia." Grande ensinamento.
    A partir disto, minhas perguntas começam a serem respondidas, pois uma das razões que escolhi ser professora é ser colaborada na criação de um mundo melhor.


Referências:

http://redeglobo.globo.com/acao/noticia/2013/12/antropologo-e-folclorista-prova-que-e-possivel-fazer-educacao-sem-escola.html Antropólogo e folclorista prova que é possível fazer educação sem escola. 2013.



sexta-feira, 1 de junho de 2018

Pedagogia de Projetos

    Se a nossa vida é pautada por projetos, também podemos ensinar e aprender com  a Pedagogia de Projetos.
  Fazendo uma análise de nossa própria vida, podemos verificar que quando almejamos algo, seja a curto, médio ou longo prazo, temos que pensar em como faremos para chegar lá. Precisamos dispor de alguns recursos ou ferramentas que instrumentalizarão nossa caminhada. Não basta apenas sonhar ou fazer planos sem sabermos como isto se tornará possível. Dificuldades diversas podem surgir, mas nem todas são intransponíveis e nesse caso, pensemos em estratégias viáveis. 
  Transportando para a escola, “A Pedagogia de Projetos é uma metodologia de trabalho educacional que tem por objetivo organizar a construção dos conhecimentos em torno de metas previamente definidas, de forma coletiva, entre alunos e professores.” (SANTOS SILVA)
   Atuo como docente com crianças muito pequenas, na turma de Berçário 2. Apesar da pouca idade, trabalho com projetos ao longo do ano. Este ano minha escola escolheu focar no tema leitura, encabeçando os trabalhos, porém não precisamos fazer projetos de leitura, mas formar pequenos leitores com propostas que incluam o tema.
    Com a pouca idade de minhas crianças, eu preciso pensar em projetos e atividades que sejam do interesse delas, despertando, assim, a curiosidade, a imaginação e diversas habilidades. Atualmente estamos realizando o projeto “As plantinhas”, que envolve leitura, passeios, observação da natureza, plantio de sementes e mudas, pinturas com flores que soltam tinta, manuseio de livros e revistas para encontrar animais e plantas. Deste modo posso desenvolver diversas questões sobre um tema central.
   “O mais importante no trabalho com projetos não é a origem do tema, mas o tratamento dispensado a ele, pois é preciso saber estimular o trabalho a fim de que se torne interesse do grupo e não de alguns alunos ou do professor, só assim o estudo envolverá a todos de maneira ativa e participativa nas diferentes etapas.(SANTOS SILVA)
     No decorrer do ano, desenvolveremos, no Berçário 2, novos projetos, como o “Pequenos leitores”, que já iniciei, concomitantemente ao “As plantinhas”, com a contação da história com fantoche do Pato Paco, que iria fazer aniversário. Um projeto sempre envolve muitos fatores e áreas de interesse, e pode ter a participação de toda comunidade escolar, saindo dos limites da sala de aula.
Muda plantada pelas crianças no projeto
 "As plantinhas"
Referências:

SILVA, Aise de Santos. Trabalhando com Projetos na Educação Infantil. Portal da Educação. Acesso em: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/trabalhando-com-projetos-na-educacao-infantil/21902