sábado, 24 de novembro de 2018

Simplesmente... brincar!

     O brincar pode ser simples e espontâneo. Para brincar não é preciso brinquedos caros, nem coloridos, nem sonoros. Para brincar e promover uma infância feliz e cheia de aprendizados, basta deixar a criança explorar livremente o mundo em volta, oportunizando a manipulação de objetos diversos e o contato com a natureza.
     Esta percepção norteia o projeto Brincar sem brinquedo, desenvolvido com minha turma de berçário, no estágio supervisionado.

    Tenho defendido que para que aconteça o brincar na escola não são necessários grandes investimentos financeiros, nem adquirir muitos brinquedos industrializados, geralmente excessivamente coloridos e barulhentos. Também defendo a ideia de que estar em contato com a natureza favorece aprendizados, e que esta pode ser levada para dentro do espaço escolar. 
    Em meus momentos pedagógicos tenho enaltecido e quase que exclusivamente, o uso de materiais alternativos, ou seja, o não-convencional, o descartável, o rústico, o simples e de uso cotidiano. Seguem-se brincadeiras que exploram tacos de madeira, cuias de chimarrão, potes plásticos, talheres, pneus, elásticos, bolas de retalhos, minhocas de meia, galões de água, caixas de ovos, entre tantos outros recursos. A natureza também oferece matéria prima para rasgaduras, como cascas de árvore e folhas, como a da bananeira, quando seca, por exemplo. Do mesmo modo, podem explorar sementes como de funcho na haste da planta, ou galhos secos e pinhas de pinheiro. 
      
   Este brincar se assemelha com o de nossa infância, que era mais espontâneo e tínhamos que criar nossas brincadeiras, com pouco acesso aos brinquedos industrializados. Penso que é possível fazer um resgate deste cenário nostálgico, da cozinha de nossas avós ou do quintal de casa, sob uma árvore, brincando na terra e com o que tínhamos a disposição. Isto não significa que tenhamos que anular o brincar contemporâneo, mas aliar ao simples espontâneo. Este brincar heurístico (derivado do grego eurisko: descobrir ou alcançar a compreensão de algo.) conecta com a natureza, fonte de criatividade, e com o próprio eu da criança, pois ela passa a ser protagonista de suas brincadeiras, conhecendo, inventando e transformando, por meio da sua imaginação criadora.

    “Os brinquedos chamados heurísticos proporcionam à criança a possibilidade de explorar objetos simples do dia a dia de forma que possam ter a oportunidade de expandir suas ideias, sua criatividade, suas percepções sobre o mundo e suas sensações.” (Lacerda)
     Posso relembrar como era minha infância, e fazer associações em minha prática docente, visando aproximar o brincar simples ao complexo mundo industrializado de hoje: 
    “Na minha infância, nos idos anos 1970, as brincadeiras eram simples, rústicas, no pátio de casa ou da escola, nas árvores do matinho aos fundos, na escada, no sótão ou no porão, onde podíamos ser crianças com liberdade e imaginação... Como foi rica minha infância, pois me foi dada a oportunidade de criar, interagir no meio em que vivia, explorar os espaços da casa e da escola e ser criança, plenamente! Feliz de quem olha pra trás, no tempo, e vê lá, uma criançafeliz!” (http://claudiasimoneblogpead.blogspot.com/2015/11/brincando-e-resgatando-crianca-interior.html)
    Acredito que é possível proporcionar às crianças das escolas infantis um contato maior com a natureza e com objetos e materiais simples, pois somos mediadores, cabendo a nós tornar isto realidade: resgatar a simplicidade das coisas, transformando em ricos aprendizados.

Referências:

Lacerda, Mariana. Brinquedos heurísticos: incentivo acessível para o brincar natural. Na pracinha. 2016. Acesso em: http://napracinha.com.br/2016/12/brinquedos-heuristicos-incentivo-acessivel-para-o-brincar-natural/

sábado, 17 de novembro de 2018

Kindergarten - oportunizando aprendizados

O que a criança pequena precisa para aprender brincando, espontaneamente? Como oportunizar um brincar simples, mas que desenvolva diversos aspectos? 

        Em 2016, na postagem Kindergarten, escrevi sobre o tema: 
     “Sabe-se que a criança passou  a ser valorizada e tratada como pessoa em potencial há pouco tempo, se analisarmos a história. Anteriormente, as crianças limitavam-se a serem "adultos em miniatura", brincando em volta da cozinha, na "barra da saia" das mães ou serviçais. No século XIX começou-se a perceber a criança como ser que precisava de educação específica para a idade. A infância, a partir de então, começou a ser objeto de estudo de muitos pedagogos, psicólogos e outros estudiosos.” http://claudiasimoneblogpead.blogspot.com/2016/10/kindergarten_12.html
     
        A cada dia percebo mais como é fantástico o brincar, que é preciso pouco para deixar uma criança feliz, com brincadeiras simples, se divertindo e aprendendo.
     No Projeto BRINCAR SEM BRINQUEDO, tenho defendido a ideia que é possível um brincar simples e espontâneo, sem brinquedos industrializados, fomentando a curiosidade e impulsionando a criatividade das crianças. 
     Realizamos, esta semana, uma brincadeira com elásticos largos e resistentes, onde amarrei  nas colunas do hall da escola e fiz uma espécie de labirinto, onde puderam passar entre as fitas, explorando a elasticidade e assim, criando possibilidades de brincar. 
     Outra atividade foi a confecção de minhocas de pano, usando meias de nylon velhas, e a pintura da semana ficou por conta de frascos de desodorante roll on, que enchi com tinta, e realizaram pinturas com os mesmos, misturando cores e fazendo descobertas.
     A brincadeira que mais empolgou foi com a confecção de trenzinhos com caixas de papelão, unidas com cordas, onde puderam, além de puxar, encher com bolas coloridas e brinquedos, classificando e selecionando volumes e quantidades em cada espaço. 
     Na escola, devemos oportunizar que a criança explore materiais e crie brincadeiras, assim como desde a criação dos jardins de infância, os "Kindergartens", de Froebel:
   “Froebel foi o primeiro educador a enfatizar o brinquedo, a atividade lúdica, a apreender o significado da família nas relações humanas. Idealizou recursos sistematizados para as crianças se expressarem: blocos de construção que eram utilizados pelas crianças em suas atividades criadoras, papel, papelão, argila e serragem.”(Portal Educação)
   Brincar é uma experiência fundamental da infância, que  proporciona grandes aprendizados. Segundo Vigotsky, “...Na medida em que cresce, a criança impõe ao objeto um significado. O exercício do simbolismo ocorre justamente quando o significado fica em primeiro plano. Do ponto de desenvolvimento da criança, a brincadeira traz vantagens sociais, cognitivas e afetivas.” (Portal Educação)

Referencias: 
Teóricos Sobre Educação e Ideias Sobre o Brincar.  Portal Educação.

domingo, 11 de novembro de 2018

Gaiolas X Asas

     Chegando à metade do estagio, já posso perceber o que o Projeto Brincar sem brinquedo significa na rotina e na vida das crianças.  Já estabelecemos um novo jeito de brincar, onde os brinquedos industrializados perderam espaço e os materiais alternativos são motivo de interações, brincadeiras e aprendizados. Estamos criando um hábito saudável de explorar o simples. Simples no sentido de oferecer subsídios da criança criar sua brincadeira, explorar o meio e os materiais, fazer descobertas, mais criativamente do que oferecendo um brinquedo pronto.

   
    Gosto muito da frase de Rubem Alves: “Há escolas que são gaiolas e escolas que são asas”. 
    Transponho este pensamento para o professor, pois temos que possibilitar que nossas crianças voem, descubram suas capacidades, desenvolvam habilidades e conheçam o mundo Temos que oportunizar um brincar livre para que a criança seja a protagonista de seu aprendizado, dando liberdade para explorar, descobrir, construir e aprender.


Surge o questionamento: somos aqueles (professores) que armam o alçapão para pegar os "pássaros" afim de colocar em gaiolas      para aprenderem somente o que queremos que aprendam e se "comportem" adequadamente, sem sair das grades imaginárias que traçamos? Ou propiciamos que abram as asas, gradativamente, e lancem voo, para conhecerem o céu do conhecimento,       com  a liberdade de pensarem por suas próprias mentes, interagindo e questionando o mundo em volta?”

    O Projeto Brincar sem brinquedo  vem ao encontro do que Rubem Alves sugere: permitir que a criança descubra o mundo, por sua própria investigação, e o professor apenas instrumentaliza esse fazer.





 Referencias:

ALVES, Rubem. Gaiolas ou asas. In: ALVES, Rubem. Por uma educação romântica. Campinas: Papirus, 2002.

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Brincar é coisa séria

     Brincar é coisa séria .Claparede  já dizia: "Nada mais sério que o brincar”. Tenho observado minhas crianças no estagio explorando materiais com tamanha curiosidade, analisando detalhes e possibilidades de brincar. 
     Para as crianças, em torno dos dois anos, um simples varal com corda, prendedores e alguns panos é motivo de uma série de tentativas, onde cada um deles ocupa seu tempo para descobertas e representação da realidade. 
   
   Um canudo de papelão, estes de tecido, e uma bola de desodorante Roll on, suficientemente pequena para entrar no canudo, outra brincadeira. Demonstrei uma vez como poderia fazer e já assimilaram com tamanha rapidez, fazendo experiências  e carregando o canudo em grupo pelo hall da escola, como se fosse uma tora de madeira. Ao trazer um pneu para a escola, os maiores chegaram a pedir o que era aquilo, e seus olhos brilhavam com a possibilidade de rodar, de sentar dentro ou de encher com objetos.
    Acredito que cada uma das crianças brincou com toda seriedade possível, aprendendo matemática, física, e mesmo noções de trabalho em equipe.
     "Penso que o brincar é importante, pois a infância é a fase da vida do ser humano em que as conexões cerebrais são estruturadas, o corpo começa a movimentar-se com desenvolvimento físico e motor, a socialização e a relação com o mundo externo (deixa de ser e de sentir-se ligado à mãe) acontece. Do mesmo modo, nos primeiros anos de vida o emocional se molda conforme as experiências, afetos ou situações negativas que a criança vivencia." (http://claudiasimoneblogpead.blogspot.com/2016/04/nada-mais-serio-que-uma-crianca.html)

    Mas por que brincar é assunto sério? "As brincadeiras constituem um direito legítimo da infância, porque elas representam um aspecto crucial do desenvolvimento físico, intelectual e social da criança."(Boivin, Tremblay, Peters, Smith)
   As atividades espontâneas tem funções educativas, desenvolvendo as habilidades que são as base do aprendizado da leitura, da escrita e das matemáticas. Do mesmo modo, "As brincadeiras oferecem oportunidades de socialização com os pares da mesma idade, de aprender a entender os outros, de se comunicar e de negociar." (Boivin, Tremblay, Peters, Smith)
    As brincadeiras estimulam as crianças a aprender, a imaginar, a categorizar e a resolver problemas.Também tem função terapêutica: "As brincadeiras permitem às crianças se expressar sobre os aspectos perturbadores de seu cotidiano como os fatores de estresse, os traumatismos, os conflitos familiares e outros dilemas." (Boivin, Tremblay, Peters, Smith)
     Por estas razões, brincar sempre será da maior importância na vida e rotina dos pequenos.

Referências:

Boivin M, Peters RDeV, eds. Smith PK,  Tremblay RE. Brincar. Enciclopédia sobre o Desenvolvimento na Primeira Infância [on-line]. Acesso em:

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Criança curiosa

     Chegando ao final da quarta semana do Estágio Supervisado, pude constatar, aplicando e experimentando um Brincar “sem brinquedo”, que a curiosidade move a criança, movimentando e construindo aprendizados. "Ser curioso é desejar tudo ver e tudo saber. A curiosidade move o pensamento a procurar uma resposta, mas às vezes, antes de completada, já surge outra e mais outra indagação.”( http://claudiasimoneblogpead.blogspot.com/2016/11/curiosidade-infantil.html )

   
  A criança pequena ainda não pergunta verbalmente “ O que é isto?” Ou “para que serve”, mas experimenta na prática através de suas vivências.  

     E a curiosidade infantil tem uma explicação: 

Na verdade, tudo isso tem uma base no cérebro que já foi pesquisado. O cérebro durante esses primeiros anos de vida está muito ocupado gerando novos circuitos e conexões, por isso consome muita energia, mas, ao mesmo tempo, uma intensa atividade justifica a necessidade de descobrir o porquê das coisas e descobrir incessantemente.” (Amorim)

    Ao professor que está acompanhando o processo de desenvolvimento e instrumentalizando o brincar, cabe perceber os interesses da criança, uma vez que pode revelar habilidades, o que lhe satisfaz e dá significado. Ele pode ajudar a despertar e aprofundar a curiosidade infantil, promovendo situações e disponibilizando recursos e condições para que a criança brinque espontaneamente.
      O Projeto Brincar “ sem brinquedo” estimula um brincar espontâneo e criativo, com materiais não convencionais e sem oferecer propostas prontas, mas fomentando o interesse e a curiosidade inatas. 
Caixa surpresa - Projeto Brincar "sem brinquedo"
     
     Certamente podemos fazer valer a máxima de Albert Einstein: "A curiosidade é mais importante que o conhecimento."  Podemos concluir, em outros termos,  afirmando que uma premissa leva à outra, ou, a primeira induz à segunda.

Referencias:

Amorim, Patrícia. Criança Curiosa – Tudo Sobre a Curiosidade Infantil. Trocando Fraldas.