domingo, 25 de dezembro de 2016

Semeadoras

     O espírito natalino toma conta de todos e estamos imbuídos de sentimentos de amorosidade, compaixão, fraternidade, alteridade, entre muitos outros.
   Pensando em minha posição como professora, naturalmente educadora, utilizada como exemplo e apoio na vida de tantos, pequenos ou adolescentes, me pego com algumas perguntas: O que tenho feito de concreto baseado no espírito natalino? Será que vou além ou fico limitada a este período do ano? O que passo para meus alunos, sobre ações que efetivem e justifiquem estes sentimentos?
     Acredito que estes nobres sentimentos devem ir bem além do mês de dezembro. Devem fazer parte da vida das pessoas e serem manifestados por ações, bem mais do que com palavras ou felicitações. Sei que devemos ser profissionais e muitas vezes somos criticados quando tentamos humanizar as aulas. Há uma corrente que defende a separação do eu profissional e do eu pessoa humana, como se ambos não pudessem conviver. Vemos conflitos internos e familiares em nossos alunos, o individualismo tomando conta, farpas de todo tipo entre os alunos, necessidades básicas não só de pão, mas de afeto e carinho.
     Penso que somos mais do que professoras, somos semeadoras. Semeamos o bem, os bons conselhos, o bom exemplo, o bom olhar para com o outro. Se o ano todo ficamos alienados às situações adversas de nossos alunos, como podemos falar em generosidade, em solidariedade e amor? Temos que descer do pedestal em que erroneamente nos colocamos e enxergar muito mais além.


Referências:

Blog do Briguilino. Disponível em:

Overmundo. Disponível em:


segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Cidadãos conscientes de sua identidade


     As novas gerações precisam saber de sua história, dos fundamentos da civilização, da arte, das concepções filosóficas, da sua cultura e da sua origem.

Casa de pedra
em São Vendelino
Muito se aprende na escola, com seus conteúdos pré estabelecidos, mas muitas vezes me pergunto se o aluno sabe a origem de seu sobrenome, a história de seus ancestrais, ou da sua cidade. Muitos alunos, pasmem, não sabem se são descendentes de alemães, italianos, africanos ou lusos, ou onde nasceram, o nome da cidade natal. Se avançarmos um pouco, mal sabem a cidade ou estado em que vivem ou até sua família.
     Considero da maior importância trabalhar com os alunos a identidade, seja pessoal, seja do coletivo em sua cidade ou estado. O aluno precisa saber o contexto social em que vive, conhecer sua cidade, sua história, pesquisar sua origem. A representação de mundo pelos Estudos Sociais deve começar nos primeiros anos da educação infantil, depois avançando em conhecimento no Ensino Fundamental. Um cidadão sem identidade não saberá o que é melhor para sua cidade, estado ou país, pois a partir do conhecimento da sua identidade se sentirá parte de um grupo, irá valorizar suas raízes e seus ideais, e não se calará frente a injustiças sociais. 
   Se quisermos formar cidadãos conscientes, torna-se fundamental trabalharmos a identidade da criança, de sua família e comunidade, fortalecendo seus valores, cultura, história, conhecendo o espaço geográfico que a cerca e aspirações que o conduzirá pela vida.

     


O presente é onde nós nos perdemos se esquecemos nosso próprio passado e não tivermos a visão do futuro”.
(Ayi Kwei Armah, 1989)


Referencias:

 -COOPER, Hilary. Aprendendo e ensinando sobre o passado a crianças de 3 a 8 anos. Educar, Curitiba, v. Especial, p.171-190, 2006. Disponível em: <revistas.ufpr.br/educar/article/viewFile/5541/4055> .

-Foto:http://historiasvalecai.blogspot.com.br/2013/10/2865-familias-dos-construtores-da-casa.html



domingo, 18 de dezembro de 2016

Guerreiras por natureza

       Este blog tem o objetivo e o intuito de postarmos os aprendizados, as relações estabelecidas entre os conteúdos assimilados no semestre e a prática docente. Mas também pode ser espaço para um desabafo, uma reflexão ou mensagem. 
     Este ano de 2016 tem sido um ano atípico para a maioria dos brasileiros, sendo afetados direta ou indiretamente na economia, com a crise instalada. A crise não só financeira, mas social e política. Cada vez mais emergem casos de violência doméstica ou nas ruas, intolerância religiosa, sexual e racial, casos de corrupção política e incredulidade nos representantes do povo, nas esferas municipais, estadual e federal.
     A situação vivida em 2016 tem afetado também os professores, oprimidos pelo parcelamento de salários e custo de vida altíssimo. Muitos também estiveram engajados em manifestações e protestos, desgastando o emocional, que por sua vez reflete no corpo, que somatiza estas emoções e pressões.
     O ano, embora desgastante, teve que seguir seu rumo, com o cumprimento de cargas horárias, desenvolvimento de conteúdos, muitas vezes questionáveis, formações pedagógicas, apresentações nas escolas, e entre tudo isso, enfrentar horas de estudo e tarefas em frente ao computador, comprometidas com o Pead. Com certeza a saúde ficou um pouco abalada e nem sempre conseguimos estar 100% em dia em nossas atividades, ou refletido na qualidade do trabalho.
     Mas somo professoras, guerreiras por natureza, e vamos superar 2016 e vir com tudo em 2017. Assim espero.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Espaço e formas




Ao pensar as propostas para o Berçário Dois, turma em que atuo, tenho que levar em consideração a fase de descobertas e possibilidades, mas limitadas. Muitos conteúdos são permeados na rotina, visto a importância e influencia que exerce sobre a criança, que necessita de organização no seu dia a dia. Mas as atividades podem, também, ser planejadas, com objetivos específicos, dando suporte para aprendizados maiores que irão ocorrer gradativamente no desenvolvimento.
As formas estão presentes em toda parte, nos brinquedos, no prato do almoço, na caixa de sapatos. Nesta faixa etária, dois anos de idade, segundo Piaget, as crianças se encontram na fase de desenvolvimento sensório-motor e não faz sentido, por exemplo, eu apresentar um bambolê e dizer que é um círculo, ou um pedaço de bolo e dizer que é um quadrado. Bem menos se fosse partir para o abstrato, para o representativo, como sugerindo um triangulo para desenhar uma casa.
As crianças pequenas precisam de objetos palpáveis, para sentir a espessura, o peso, a textura, temperatura, entre outros aspectos. Blocos geométricos de madeira podem ser oferecidos e ela vai construindo uma casa, um muro, uma igreja ou o que sua imaginação mandar. Peças de encaixe também serão usadas para erguer torres ou construir escadas.  Caixas de leite forradas se tornam pesados tijolos e uma tampa de balde plástico se torna o volante de um automóvel.  
O contato com materiais variados, considerados sucata, estimula a imaginação, a criatividade e promove a percepção de formas, mesmo que indiretamente, pelo manuseio e faz de conta.
A criança percebe o espaço a partir do seu próprio corpo, pois ele será parâmetro para saber se algo está longe ou perto, se algo está atrás ou na sua frente. As noções de lateralidade podem ser trabalhadas em brincadeiras corporais, como o barquinho, onde as crianças, frente a frente, se dão as mãos e balançam “pra lá e pra cá”. A tradicional brincadeira do Passa passará exerce a função de abrigar, envolver, pertencer a um novo espaço. Os bambolês podem ser explorados usando papel crepon preso em tiras compridas ao redor e pendurados como móbile, criando espaços lúdicos dentro do círculo de tiras coloridas. Outra utilização dos bambolês pode ser envolvendo três ou quatro crianças e fazê-las caminhar em grupo, com a limitação imposta.  Circuitos realizados com obstáculos e pistas geométricas também são interessantes para a orientação espacial. Gosto muito de túneis, seja em brinquedos específicos ou construídos com mesas ou cadeiras. Da mesma forma, brincar de cabana, usando lençóis, proporciona uma percepção de limite e do “fazer parte” de um espaço. Caixas de papelão oferecem inúmeras possibilidades de trabalhar a percepção espacial, seja apenas sentando dentro e assim, percebendo o espaço que o seu corpo ocupa, seja transformando em um castelo ou um carro.



Na rotina o espaço também pode ser explorado, como percebendo o lugar que cada um ocupa na mesa ou no colchonete que é usado para dormir, por exemplo.
Conforme o patamar de desenvolvimento as atividades são espontâneas, usando materiais alternativos e possibilitando a livre exploração dos mesmos, mas na medida que avançam, desafios maiores podem ser propostos. Montar quebra-cabeças gigantes ou brincar de “Coelho sai da toca” são desafios prazerosos que orientam a percepção espacial.  Quanto as formas geométricas, mais tarde, ainda na educação infantil, podem fazer dobraduras, origami, construir maquetes, trabalhar o tangram, usar o geoplano ou observar obras de arte com formas geométricas , até fazendo releituras.


Referências:

- PIRES, Célia M. C. Espaço e Forma: a construção de noções geométricas pelas crianças das quatro séries iniciais do Ensino Fundamental. São Paulo: PROEM, 2000.

-Tortora, Evandro. ESPAÇO E FORMA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA COM PROFESSORES ATUANTES EM FORMAÇÃO. Encontro Nacional de Educação matemática. 2013.




sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Multiplicação e divisão no Berçário


Trabalho com turma de Berçário 2, crianças em torno de dois anos de idade. Pensar em multiplicação e divisão para esta faixa etária precisa de um olhar um tanto especial para a fase em que se encontram.
Nesta fase as crianças começam a perceber que são seres independentes, descobrindo suas capacidades e as possibilidades que o mundo apresenta. Começam a comer sozinhas, falar, tirar ou colocar o calçado, experimentam subir no escorregador, exploram tudo que encontram e encantam-se com diversas atividades como cantar, dançar, coordenar movimentos, empilhar objetos, entre tantas coisas.
A rotina torna-se uma maneira eficaz e prazerosa de desenvolver aspectos importantes na vida da criança. Como o texto “Multiplicação e divisão a toda hora” (Revista Nova Escola) sugere, todos os momentos são propícios ao aprendizado, inclusive noções básicas e primárias de multiplicação e divisão. Não é necessário que se faça uma atividade específica para que a criança assimile que podemos dividir ou multiplicar. Um exemplo se dá na hora do café ou do lanche, quando cortamos o bolo em 10 pedacinhos. O bolo está inteiro e 10 crianças querem comê-lo, em quantos pedaços teremos que cortar? Surge, talvez, o primeiro problema a ser resolvido. Cortamos o bolo e distribuímos um para cada um. Automaticamente criamos uma fração, 1/10.
Obviamente que as crianças não vão compreender os termos que estamos pretendendo, mas percebem que existem possibilidades e soluções para dar um pedaço para cada um a partir de um todo.
A multiplicação se dá em situações igualmente da rotina, como quando brincamos no parquinho e as crianças fazem uso de potes de sorvete vazios para brincar e precisamos de pazinhas e garfinhos. Temos dez crianças e duas preferem ir ao balanço, três querem brincar no jacaré e as outras cinco querem uma pá e garfo. Então são cinco vezes dois complementos cada uma. Tenho que ir buscar dez objetos para acompanhar o pote das crianças. Este raciocínio ainda não vai ser feito literalmente pelas crianças, mas posso oralmente fazer este questionamento, para captarem como funcionam as operações matemáticas, de forma lúdica e espontânea, sem maiores pretensões.
Acredito que a multiplicação e a divisão fazem parte da vida da criança pequena, mesmo sem ela saber ou o professor interferir. Quando brincam com carrinhos um deles pega na caixa e distribui naturalmente um para cada colega, quando brincam com animais de borracha e há duas girafas, três cavalos, cinco elefantes, por exemplo, eles naturalmente dividem os elefantes entre os colegas.
Quando pensamos em usar a rotina de forma proveitosa, enriquecemos o dia a dia, pois toda hora é momento de aprender e construir as noções matemáticas, como um tijolinho sobre outro tijolinho.

Referencias:
Multiplicação e divisão a toda hora, Revista Nova Escola (acesso em:



domingo, 20 de novembro de 2016

Consciência Negra

   Hoje é dia da Consciência Negra. Então, você pergunta "por que precisa deste dia?" Da mesma forma que existe o Dia da mulher, por exemplo. Servem para lembrar e tomar consciência: do valor, da história ou da cultura.
 Mas, acima de tudo, nós, “brancos, nórdicos, arianos ou europeus” (ironizando), temos que revisar nossos conceitos, relembrar as injustiças históricas, o abuso e atrocidades cometidas, hoje justificadas sob o pseudo pretexto da ignorância do passado, na verdade, sob o jugo da soberba, da "superioridade" e do dinheiro. 
  Os negros estavam em suas terras, pacificamente vivendo na mãe África (segundo a própria ciência) e foram levados a força para trabalho escravo em países estranhos, arrancados de suas famílias e sujeitos a toda forma de crueldade e exposição. Acha pouco? Depois da libertação, foram largados a própria sorte, ocupando terras em barrancos para ter onde morar, sem estudo, assistência e trabalho. E você ainda chama o negro disto ou daquilo, vomitando sua arrogância? Ou é apenas um ignorante se escondendo atrás de sua prepotência branca? Pense duas vezes antes de colocar rótulos. 
  Como sempre, acredito que a educação muda o pensamento, e como dizem:"pensamentos mudam o mundo." Neste caso, é a consciência que muda sua cabeça. 

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Fatores de aprendizado

     Talvez o que aprendemos nas aulas de história não era bem assim. Talvez o mundo seja bem maior do que imaginamos em nossas aulas de geografia. Talvez nunca fizemos uma experiência em Ciências. Talvez a esquina não seja o limite de nossos sonhos, nem a vida a terça parte do que pode ser.
     Para a criança o mundo é do tamanho do que ela conhece. Acredita no que os adultos ensinam. Ela assimila "verdades"e toma partido do que confia. A criança lê, ouve, escreve, experimenta, faz associações. Ela vivencia, adquire conhecimento e, assim, constrói o aprendizado.

    O aprendizado efetivo precisa ser arquitetado sobre bases diversas, considerando a realidade das crianças, o método utilizado, suas vivências, estímulos, apoio familiar e até fatores como alimentação e saúde essencial. Nem todo aprendizado é construído igual. Como falar de um mesmo assunto, com experiências pessoais diferentes e desejar o mesmo resultado? 
    Talvez eu não tenha compreendido, em meu tempo de escola, muitos conteúdos que foram repassados. Talvez nunca tive coragem de tirar uma dúvida. Talvez nem sonhe que o mundo é tão grande e tão diferente em cada lugar. Quem sabe matemática é fácil. Quem pode dizer qual foi minha conexão com o novo. Quem sabe se não entendi tudo errado...

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Curiosidade infantil

     
     Uma das grandes características da infância é a curiosidade. Muitas vezes confundimos curiosidade com peraltice ou intromissão, não raro dizendo: “Joãozinho, deixa de ser curioso!” Sem querer estamos minando um dos maiores portais do conhecimento.
     Ser curioso é desejar tudo ver e tudo saber. A curiosidade move o pensamento a procurar uma resposta, mas às vezes, antes de completada, já surge outra e mais outra indagação. O que seria da humanidade se não fossem os curiosos? Talvez não tivessem descoberto a penicilina, ou a lâmpada, ou mesmo continuaríamos achando que voar é somente para pássaros.
     Uma criança saudável é naturalmente curiosa: quer saber de onde vem o som, quem está falando no telefone e como foi parar lá dentro, porque cai água do céu, porque o sol é amarelo, porque as formigas caminham juntas, porque, porque, por que... E vão além: como se faz isso, como se faz aquilo, onde tem isso, quando aquilo lá...
    A curiosidade é inerente ao ser humano e por ela vamos além, buscando respostas e atravessando as fronteiras do que é conhecido. Estimular a curiosidade infantil, incentivando e promovendo experiências é, além de um prazer enorme, fomentar que novos cientistas e questionadores surjam. Assim como Einstein, Galileu, Pasteur, Santos Dumont ou Da Vinci foram guiados pela curiosidade, nossos alunos também podem seguir seus desejos de ver e de saber. E, por conseguinte,  com suas aguçadas visões de mundo, fazer suas vidas muito mais incríveis.




sábado, 5 de novembro de 2016

Matemática lúdica


   As operações aritméticas que se iniciam nos primeiros anos do ensino fundamental podem ser estruturadas cognitivamente na educação infantil, pois a criança pequena já constrói as bases em seu dia a dia nas brincadeiras e interação com os colegas.
   As estruturas mentais vão se erguendo a partir de experiências espontâneas e atividades orientadas por um adulto, no caso um professor, que pode desafiar os alunos a fazer raciocínios matemáticos e realizar as primeiras operações, de forma simples e contextualizada no que ele está fazendo.
   Como trabalho com crianças de dois anos de idade, percebo a adição e a subtração nas brincadeiras mais cotidianas e em canções ou histórias. Obviamente que nesta idade não sabem o que significa 1 + 1 ou 3 - 1, por exemplo, mas ludicamente fazem estas operações.
   Posso citar como exemplo quando estão tomando o café da manhã e ofereço uma rodelinha de banana. Quando comeram o pedaço, ofereço mais dizendo mais um.  Ao comer a segunda rodela digo “O Paulo comeu duas bananas”, mostrando com os dedos. Do mesmo modo quando coloco vários gomos de bergamota na frente da criança, digo: “O Caio tem um monte de bergamota!” Ao comer um digo: “O Caio tem um gomo a menos... menos um...” até que comeu todos e exclamo “Onde estão os gomos da bergamota que tinha aqui?”, claro que vão dizer “Caio comeu”, mas digo “O caio tinha um monte de bergamota e agora não tem mais. Ele comeu todos.” Pode ser simples? Pode sim ser extramente simplório o modo de trabalhar matemática com os pequenos, mas já elaboram esquemas mentais, embora rudimentares, mas efetivos.
   Quando brincam sempre tem uma criança que recolhe todos os carrinhos, por exemplo, embaixo do braço e no colo, não deixando muitos disponíveis para os outros, causando desentendimentos entre os pequenos, pois vai “tomando” todos os brinquedos. Nestas situações aproveito e digo: “Nossa, o Moisés tem um monte de carrinhos e os colegas não tem nenhum pra brincar. Vamos dar um para cada um?” Sugiro que o aluno distribua os carrinhos, um para cada aluno, e no fim, quando distribui, todos ficam felizes. Digo então: ‘Viva! O Moisés tinha um monte e agora cada criança tem um.”
   Nas canções e histórias acentuo as operações aritméticas mentais, como na canção “Cinco patinhos” da Xuxa, onde percebem as quantidades nos dedos, que representam os patinhos, e à medida que a mamãe constata a falta de um, diminui o número de patinhos.
   Os materiais alternativos são grandes aliados das construções operacionais, pois podemos usar tampinhas de garrafas pet coloridas, por exemplo, para fazer jogos de adição e subtração.

 “Experiências mostram que o uso de material variado contribui para a   aquisição dos conceitos, portanto todos os materiais disponíveis podem ser usados pelo professor, começando desde tampas de garrafas e pedrinhas...” (Bittar,  Freitas e Pais)

    Um exemplo seria um jogo com dado, que também pode ser de material reciclado, grande e colorido, muitas tampas coloridas, fundos de garrafas pet para armazenar as tampinhas. Joga-se o dado e digamos que Lucas tira o um, então pode pegar uma tampinha. Marcos pega cinco então pode pegar cinco tampinhas. Podem-se fazer duas ou três rodadas e no final soma-se a quantidade de tampinhas de cada um. Vence quem juntou mais tampinhas. Provavelmente os menores não irão enfatizar a quantidade numérica, mas a quantidade em termos de volume, o “montinho” maior de tampas. Crianças do jardim, por exemplo, já irão compreender, mas no berçário ou maternal irão associar mais com muito, o que não deixa de ser uma pré-operação.
   Penso que o professor da educação infantil acompanha o crescimento e o desenvolvimento das crianças, então cabe a ele perceber como a criança está construindo as noções matemáticas e onde utiliza, no dia a dia. Para tanto, precisa ter a sensibilidade de perceber onde ela se manifesta e onde pode aproveitar o momento para fazer uma intervenção, com o intuito de dar significado a toda experiência dos pequenos.
   Do mesmo modo, deve fazer uso de inúmeros recursos práticos e criativos para elaborar estratégias de adquirir conhecimento, de forma lúdica e construtiva. 


Referencias
   Bittar, Marilena. Freitas, José Luiz Magalhães de. Pais, Luiz Carlos.Técnicas e Tecnologias no Trabalho com as Operações Aritméticas nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Em: A matemática em sala de aula. Editora Penso. 2013.
                                      

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Fronteiras: vida e morte

  
  Estando em tempo de Finados, cabe a reflexão sobre vida e morte. O tema, particularmente interessante, vem à mente especialmente nesta época. Não por coincidência, faço parte do grupo do Projeto de Aprendizagem "Existe vida após a morte?". 

  Este é um tema que me chama a atenção, talvez por ter presenciado a morte de familiares ainda jovem ou pela mera, mas aguçada, curiosidade acerca destes assuntos. 


    No Projeto de Aprendizagem Existe vida após a morte, questionamos se e o quê existe após o último suspiro, biologicamente falando. Iniciamos nossa investigação com as premissas: "O que é vida", "O que é morte" e "Existe vida após a morte?", pois uma leva à outra, complementando a resposta com novas indagações. Ou seja, por mais que busquemos uma resposta, existem apenas suposições, crenças, "certezas" pessoais e dúvidas incontáveis.
   A Biologia explica a morte física como o cessar das funções vitais no organismo vivo, constatado principalmente pela parada cardíaca e/ou respiratória e morte cerebral. Sabemos o destino do corpo físico, perecível como toda matéria orgânica, mas a mente inquieta não se contenta com a finitude e busca, através dos milênios, um algo a mais que ultrapasse esta fronteira.

   Desde os tempos mais remotos, o ser humano busca a transcendência, almejando ansiosamente por um motivo maior, uma força ou ser superior que permitiria que a morte não fosse o fim, mas uma passagem, uma transição que asseguraria a não finitude de tudo que somos. Pode-se justificar o desejo de uma vida além-túmulo, pois nesta vida fazemos planos, criamos laços afetivos, desenvolvemos nosso intelecto, aperfeiçoamos habilidades e talentos, superamos adversidades, fraquezas, mazelas físicas e emocionais, e arduamente aprendemos lições valiosas como "o segredo da felicidade" (ou mesmo da infelicidade), portanto, seria muito "justo" se tudo continuasse... Que decepção tem o ser humano, ao olhar sua vida inteira, e ver que tudo se acaba!
  No Projeto de Aprendizagem "Existe vida após a morte", procuramos estabelecer um paralelo entre o que dizem algumas religiões acerca do assunto, uma vez que todas estão calcadas nesta fronteira desconhecida e instigante que é a morte. Do mesmo modo, procuramos ser realistas, analisando inicialmente a visão da ciência sobre a vida e a morte, para partirmos do que é comprovado para o que é suposto, sempre dentro da lógica do conhecido para o desconhecido.
    Outra questão que o dia de Finados nos faz pensar, como professores, é sobre como tratamos do assunto  morte com as crianças, como respondemos suas perguntas e como separamos o que é fato do que é crença. A questão da morte é frequentemente respondida com respostas falsas e ilusórias, mascarando a realidade com o intuito de poupar as crianças, quando na verdade, é tão natural quanto nascer ou crescer, fazendo parte do ciclo da vida. Porém temos estes meandros justamente porque dentro de nós mesmos estas questões não estão bem esclarecidas e temos, inconscientemente, medo, fobia ou  insegurança ao tratar o assunto. A sensação que se tem é que ao falar em morte vamos atrair tristeza ou mesmo, de forma supersticiosa, ela mesma. A morte pode ser trabalhada com os pequenos sob diversos aspectos, seja pelo lado da ciência, das questões sociais de tempo e passado, da religiosidade e principalmente, pelo lado existencial, das emoções e relações interpessoais. 
   O Projeto "Existe vida após a morte?" ainda está em fase de elaboração, mas já em vias de argumentar as inquietantes perguntas: "Existirá algo (no caso, vida, e de que forma) quando atravessarmos a "porta" final? O que será de nós? Aonde vamos?" Porém não haveremos de responder "sim, existe vida!", mas "talvez...", decepcionando, novamente, quem anseia por uma resposta conclusiva e segura da maior dúvida da humanidade.


  Como disse o dramaturgo grego Eurípedes, ainda na Antiguidade, "Quem sabe dizer se a vida não é o que chamam de morte e a morte não é o que chamam de vida?"



Referências: 



quarta-feira, 26 de outubro de 2016

O tempo e o espaço no universo da criança


"Como a criança pequena compreende o passado? Como ela lida e constrói a noção de tempo? Como percebe o espaço geográfico?"


  Para responder à questão que me move, penso que atingiremos os objetivos trabalhando os conceitos de hoje, ontem e amanhã. Acredito que inicialmente temos que fazer a criança compreender o dia de hoje, depois recordar o que fez no dia de ontem, antes de dormir e de voltar à escolinha. A noite pode ser o referencial que irá separar um dia do outro, pelo fato de ser escuro, de dormirmos e estarmos em casa. O amanhã é construído da mesma maneira: depois que dormir e acordar novamente. Por isso é tão importante a rotina na educação infantil.
   Os finais de semana também confundem um pouco os pequenos e dois dias seguidos é outra assimilação de tempo. O mesmo se dá em períodos maiores, como as férias.
  À medida que a criança cresce, os conceitos temporais vão se acomodando e ela passa a compreender melhor, frequentemente acompanhado de perguntas como: "quando você vem de novo, hoje ou amanhã? "ou formulações como "Nas férias vou na casa da avó (domingo)." O processo de elaboração de tempo passa por estas suposições até que compreendam melhor e daí, então, entendam espaços de tempo maior, como uma semana, por exemplo (de segunda até os dois dias em casa e aí de novo na escola). Na verdade eles precisam muito destes referenciais da sua rotina.
   Após esta compreensão podemos trabalhar o tempo passado, usando termos simples como algo que aconteceu "há muitos dias atrás", ou "muito, muito, mas muito tempo atrás", ou "quando vocês ainda eram bebês bem pequenos." 
   A assimilação de um tempo relativamente maior  exige um pouco mais de estruturação mental, onde podemos falar que "quando o vovô era bem pequeno", por exemplo. 



   Da mesma forma, assim se estabelecem as primeiras noções espaciais, pois identificam inicialmente pequenos espaços que frequentam, como a casa, a sua sala de aula, a igreja, o pátio, o ônibus que percorre um longo caminho.
 Torna-se interessante fazer a criança pequena observar a cor da sua casa, o tamanho da escola, o que vê no caminho, como praças, padarias e outros lugares ou pontos de referência. Assim consegue fazer conexões de perto e longe e perceber que o mundo é vasto e cheio de coisas diferentes e interessantes.
   Como sugestão de atividade de percepção tempo-espacial com os pequenos, está uma bela conversação de como é sua casa, o que tem dentro e fora dela, se demora pra chegar na escola ou se é "logo ali". Também realizar mini passeios no entorno da escola para perceberem de qual direção vem quando chegam na escola.


 Penso que trabalhar com os pequenos as questões de tempo e espaço começam com a nossa percepção da realidade simples que eles vivenciam e são familiares. Fazer comparações do tamanho da sala com a escola, corrida de quem chega primeiro no outro lado do pátio, observar de que lado a mamãe vem buscar, se da frente ou da rua lateral, conversar sobre o que a criança fez no final de semana e aonde foi, entre outras, são propostas extremamente eficazes para darmos início às construções mentais de tempo e espaço. 
   
   Aos poucos a criança compreende que pertence a uma linha do tempo, com os dias antes e os dias que vem depois do momento presente, assim como começa a perceber o mundo e aonde está inserida geograficamente, mesmo que seus limites fiquem no espaço escola-casa-praça-casa da avó-supermercado, etc. Mas é o bastante para darmos o primeiro passo.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Ciências na escola

     Promover o estudo das Ciências Naturais na escola é...


   ...Fomentar a busca do conhecimento da natureza, apreciando e valorizando o mundo natural.  É testemunhar  o fascínio pelo novo, pelo desconhecido, buscando respostas.
    É estimular a curiosidade, a vontade de saber como as coisas são, vivem ou como funcionam na natureza. É experimentar, é comprovar, é despertar a criança que de tudo quer saber o porquê.


  Por estas razões, acredito que sempre haverão olhinhos atentos e fascinados ante um peixinho no aquário, com suas barbatanas pra lá e pra cá... Que sempre haverá um grupinho alvoroçado ao redor de um formigueiro no pátio da escola... Ou virando um besouro de cabeça para baixo, que fica esperneando sem parar... 
    O mundo natural é incrível, ainda mais para os pequenos, que acolhem amorosamente seres minúsculos nos bolsos... Conversam com tartarugas, pacientemente observando sua caminhada... Ou mesmo plantam feijões em bolotas de algodão.



   Despertar a busca de conhecimento da natureza, fazendo experimentações e constatações, é prazeroso para o professor e muito mais para o aluno. 
Assim é a infância. Assim o maravilhar-se. Assim os aprendizados. E assim continuamos a adorar Ciências na escola.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Matemática para os pequenos


A reflexão de como realizo atividades envolvendo noções de matemática na educação infantil, especificamente com os menores, ocorre a partir da premissa de que o lúdico deve permear toda intervenção pedagógica.
Citemos o exemplo de uma atividade simples que faz parte do dia a dia:
     - “Como nadam os patinhos na lagoa? “Assim: de dois em dois” (mostrando os dedos), respondem as crianças. Esta conversação se refere a uma lúdica indagação sobre quantidades e organização espacial, em uma turma de berçário 2.
     A canção “Dois patinhos” pode ser cantada na hora de iniciar uma caminhada em duplas, ou na organização da turma para ir ao refeitório, por exemplo. A canção é assim: "Os patinhos na lagoa nadam de dois em dois, de dois em dois... nadam de três em três... nada de quatro em quatro... nadam todos juntos..." Nesta brincadeira as crianças são os patinhos e dar a mão ao colega significa que vão nadar junto.
    Esta simples e corriqueira atividade reflete o quanto é sutil o fazer pedagógico em tão tenra idade. A assimilação de conceitos matemáticos básicos pode começar ali, na rotina de um berçário. Da mesma forma, por exemplo, a canção "Três palavrinhas" faz com que pensem um pouco mais: "Três palavrinhas só, eu aprendi de cor: Deus é amor - três palavrinhas só!" Nesta oração as crianças precisam organizar mentalmente as três palavras e coordenar com os gestos de enumerar com os dedos.
    As primeiras noções espaciais e de lateralidade também podem ser construídas ludicamente, como com a brincadeira do barquinho que vai “pra lá e pra cá”, onde a criança segura as mãos da professora e coloca os pezinhos sobre os pés dela e esta movimenta em direções variadas, enfatizando o pra lá (longe) e pra cá (próximo a ela).

     Estes são singelos exemplos de atividades cotidianas envolvendo o ensino da matemática em crianças tão pequenas. Do mesmo modo, jogos com material alternativo e blocos ou peças de encaixe são utilizados largamente. As sementinhas são lançadas na mente das crianças, que aguardam novos desafios para construções maiores, que com o passar dos dias, irão se estruturar. 






quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Kindergarten

    
     Hoje se comemora o Dia das Crianças. A maioria dos professores trabalha com crianças, destas, muitas na educação infantil.  

     Sabe-se que a criança passou  a ser valorizada e tratada como pessoa em potencial há pouco tempo, se analisarmos a história. Anteriormente, as crianças limitavam-se a serem "adultos em miniatura", brincando em volta da cozinha, na "barra da saia" das mães ou serviçais. No século XIX começou-se a perceber a criança como ser que precisava de educação específica para a idade. 

    A infância, a partir de então, começou a ser objeto de estudo de muitos pedagogos, psicólogos e outros estudiosos. Um destes foi o pedagogo alemão Fiedrich Froebel, o criador do JARDIM DE INFÂNCIA, o "Kindergarten". Froebel é considerado o maior reformulador educacional do século XIX, pois com seu pensamento crítico, desenvolveu uma educação diferenciada, com o uso de brinquedos, materiais alternativos (tão em voga na atualidade), para a percepção sensorial, e depois, consequentemente, ampliar movimentos com o próprio corpo. 



    
      Podemos, segundo Frank Carvalho, constatar que:
 "Em sua filosofia educacional, no Kindergarten as crianças eram consideradas plantinhas de um jardim, cujo jardineiro seria o professor (influência de Pestalozzi). A criança se expressaria através das atividades de percepção sensorial, da linguagem e do brinquedo. A linguagem oral se associaria à natureza e à vida." 
     Neste Dia das Crianças, que saibamos dar valor a criança que está se desenvolvendo, conhecendo o mundo, socializando-se e interagindo, pois é dependente de nós, adultos educadores, mas grandiosa em todo seu potencial.



Referencias:
                  Carvalho, Frank Viana. Filosofando. Blog (11 de outubro de 1911). 

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Conhecer o mundo

     Conhecer o mundo em volta é um dos objetivos que estabelecemos na educação infantil, baseado no eixo Natureza e sociedade, dos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais). Mas o que significa conhecer o mundo quando trabalhamos com berçários?

     A vida da criança menor de dois anos é um desabrochar contínuo em diversos sentidos: ela descobre-se como sendo independente da mãe, o que ocorre gradativamente com o desmame, os primeiros passos, o contato com outras pessoas, a ida à escola, alimentando-se sozinha, entre outros avanços. normais nesta fase. Quando ela começa a engatinhar, já explora o ambiente, o espaço físico, percebe a temperatura, os sons, os objetos e que o movimento que realiza pode levá-la cada vez mais longe. Quando passa a caminhar, a exploração do ambiente vira uma festa, pois toda descoberta é motivo de imensa alegria. Muitas vezes foge dos pais ou educadores, mas com o intuito de desafiar, mostrando do que é capaz.
     A manipulação de objetos faz com que perceba as formas, a textura, as possibilidades de brincar com eles. A interação com os outros, adultos ou crianças, faz com que se torne um ser social, que respeita combinados e compreende seus limites. O desenvolvimento da coordenação torna a criança cada vez mais autônoma, facilitando avanços em outras áreas. 
     Como professora de berçário II, procuro realizar passeios curtos pelas ruas do entorno da escola, para ver outras casas, apreciar a natureza, conversar com algumas pessoas, e mesmo olhar as galinhas do vizinho, por exemplo. Os passeios também servem para compreenderem normas e manter os combinados, como não largar a cobrinha que seguram.
     Com o desenvolvimento físico, motor e cognitivo, posso pensar em fazer um passeio maior, com um meio de transporte para um outro lugar, como um parque, um campo de futebol ou um prédio histórico, por exemplo. Claro que em função da pouca idade e suas limitações, torna-se necessário o acompanhamento de uma ou duas monitoras, mas pode-se agendar um dia especial para estas atividades.
      Penso que conhecer o mundo na fase de berçário II, em torno de dois anos de idade, é perceber que existe ao redor de si um vasto universo de coisas, pessoas, animais, sons, cheiros, cercas e muros, mas também, portas abertas para o novo e toda sua grandiosidade. E que ela faz parte disto tudo.

Gaiolas ou asas


     Rubem Alves, professor e escritor mineiro, deixou-nos a célebre frase: "Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas", e a partir desta máxima, começamos a observar melhor nossa forma de ensinar, com pensamento crítico sobre nosso papel na educação.


      Surge o questionamento: somos aqueles (professores) que armam o alçapão para pegar os "pássaros" afim de colocar em gaiolas para aprenderem somente o que queremos que aprendam e se "comportem" adequadamente, sem sair das grades imaginárias que traçamos? Ou propiciamos que abram as asas, gradativamente, e lancem voo, para conhecerem o céu do conhecimento, com a liberdade de pensarem por suas próprias mentes, interagindo e questionando o mundo em volta?
     Quem e como somos, afinal? Como é minha postura frente aos conteúdos que tenho que passar, quanto permito a manifestação em sala de aula, quanto possibilito que descubram por eles mesmos as verdades deste mundo? O quanto estimulo os menores, na educação infantil, para que acreditem em si, nas suas capacidades e desenvolvam seu potencial, a autonomia, a descoberta de suas possibilidades, sem podar iniciativas, por mais corriqueiras que pareçam?
      Penso que a partir da percepção de "ser gaiola" ou de "ser asa", como comparou Rubem Alves, cada professor, em sua escola, deve refletir sobre sua prática e buscar, ao máximo, aproximar-se do ideal de dar asas aos seus alunos, para que aprendam por si mesmos, com a figura do decente como um orientador amoroso, ensinando manobras, rotas, mapas e propondo atividades que permitam ao aluno fazer suas próprias descobertas e construções.

Referências:
ALVES, Rubem. Gaiolas ou asas. In: ALVES, Rubem. Por uma educação romântica. Campinas: Papirus, 2002, p. 29-32.


                                                                                                                                                                                                                    

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Orgulho de ser gaúcho

      O orgulho de ser gaúcho é um sentimento cultivado em nosso Estado pelo seu povo, passado de geração em geração, alimentado pelos Centros tradicionalistas e valorizado em nossas escolas.
     Nestas últimas semanas temos avivado este sentimento em nossas escolas, como na EMEI onde trabalho, através de canções, danças, versinhos, atividades pedagógicas, passeios a Centros de Tradição para assistir apresentações, mateada, churrasco, cavalgada (com cavalinhos de pau) e estimulamos o uso de trajes típicos nestes dias.
     Como o público alvo são crianças bem pequenas, até os três anos de idade, as atividades são simples, porém o sentimento de orgulho de ser gaúcho é transmitido em cada proposta, conversação ou explanação sobre o Dia do Gaúcho. Ainda não compreendem a história do Rio Grande do Sul, nem sabem o que é um Estado, por exemplo, e por isso que procuramos representar, e apresentar, a cultura gaúcha para os pequenos. Desta forma, fomentamos o gosto pelas tradições e um sentimento caloroso por tudo que envolve esta questão. Realizamos nossas atividades lembrando o que o cantor e compositor Nico Fagundes eternizou em seus versos: 
    " ...Ouve o canto gauchesco e brasileiro,
    desta terra que eu amei desde guri...
     ...E nos olhos vou levar o encantamento,
    desta terra que eu amei com devoção..."
   A função da escola é justamente esta: além de passar conteúdos, enriquecer a vida e a cultura do aluno, passando valores e conhecimento que levará consigo em sua formação. Pequenos gaúchinhos estão conhecendo e valorizando suas raízes, de seu povo e sua terra.

Referencias:
Fagundes, Nico. Canto alegretense.

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Professores brilhantes

 Assistindo o horário político de televisão, constatei que alguns professores lançaram candidatura e fazem seu breve pronunciamento. Chamou minha atenção o fato de intitularem-se "Professor José", Professora Maria", Professor este ou aquele.
 Nos demais canditados aparece somente o nome, ou um apelido acompanhando. Fiquei, então, pensando: qual é o diferencial do professor para as demais profissões? Até porque é raro ouvirmos "Mecânico tal", Doutora tal", ou no máximo "Paulo, da saúde", por exemplo.
  Acredito que ser professor ainda tem status positivo e diferenciado na sociedade. Talvez não status sócio-econômico, mas de valores, de integridade, de respeito e diferencial cultural, pois ele, o professor, é aquela pessoa que passa estas noções aos mais novos. 
  Muitos professores  serão lembrados, ao longo de nossa vida, não pela roupa usada ou pelo carro que tiveram, mas pelo brilho pessoal e por sua importância em nossa formação. Alguns serão eternos em nossa memória, principalmente aqueles que apostaram na gente: os que incentivaram nas horas de desânimo, abriram nossa mente para o mundo, ensinaram para a vida e cobraram nosso esforço.
  Por isso que acrescentar a palavra Professor sempre será a distinção na sociedade, com uma valorização muitas vezes velada, mas real. Pois "Professores brilhantes ensinam para uma profissão. professores fascinantes ensinam para a vida."(Augusto Cury)

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Pátria amada, Brasil


   Encontrei-me, semana passada, em uma situação que me deixou pensativa: o que fazer de atividade para o Dia da Independência, com crianças de dois anos de idade?
   A dúvida nem era a atividade em si, mas o contexto em que se encontra o país nos dias atuais. Como iria retratar o Brasil, o verde-amarelo, o patriotismo, a mensagem que iria passar. O que eu diria aos pequenos sobre ser brasileiro.

  Passadas as Olimpíadas, o que refere ao país é, de modo geral, controverso, obscuro, crítico e até grotesco. Como irei fomentar na nova geração o orgulho pela Pátria? Como explicarei que o país é um "impávido colosso", ou que "um filho teu não foge à luta", como nos diz o Hino Nacional, pois qual é a luta? Qual a grandeza deste país em que vivem e nasceram? 
  Os valores em relação ao patriotismo e ao orgulho nacional há muito mudaram, frente as turbulências dos últimos meses, ou anos. Como relacionar as cores do país às riquezas, sem ser hipócrita ou levantar bandeiras? Limitar o verde-amarelo à jogos da Seleção ou Olimpíadas é, no mínimo, ofuscar o povo, a cultura, as regiões e a história.
   Em meio à estes questionamentos, surgiu a ideia de começar do zero, levando em consideração a pouca idade e desconhecimento das crianças sobre os problemas sócio-econômicos ou políticos do país. 
   Fiz, então, um quadro mural com a bandeira do Brasil e sobre ela, fantoches de meninos e meninas, vestindo roupinhas verde-amarelas e com a foto do rosto de cada um. A frase que torna o mural objeto de questionamento: NÓS SOMOS O FUTURO DO BRASIL!
   E agora? A quem cabe definir o Brasil que começa agora, nos berçários deste país?
   A frase levou à outra, que pintei na porta de vidro que dá entrada ao hall da escola: O FUTURO PASSA POR AQUI: FORMANDO O PAÍS DO AMANHÃ!
   Ou seja, uma pergunta leva a outra, que nos leva à reflexão. Nem sempre as respostas são imediatas, mas construídas ao longo da jornada.



quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Direito autoral

   
    Na primeira aula presencial do eixo IV, tocamos no assunto autoria. Fizemos, mentalmente, algumas associações: Direito autoral, plágio, cópias, referências autorais, enfim, uma série de termos convergentes.
   A termologia Direito autoral é a "denominação dada ao rol de direitos dos autores em relação às suas obras criadas, sejam elas de cunho artístico, literário ou científico.  Assim, o direito autoral é o conjunto de direitos que visam resguardar a expressão de ideias e preserva para os autores o exclusivo direito de reprodução dos seus trabalhos."
   Plágio, por sua vez "significa copiar ou assinar uma obra com partes ou totalmente reproduzida de outra pessoa, dizendo que é sua própria." http://www.significados.com.br/plagio/
   Os conhecimentos adquiridos nos permitem dialogar ou escrever sobre determinados assuntos, embora o que estamos transmitindo já foi pensado anteriormente. Frases célebres, resultados de estudos ou pesquisa, afirmações inovadoras necessitam serem citadas com sua autoria, por uma questão ética e respeitosa, sem tomar como sua o é de direito de outro.
  Porém, ao escrevermos, surgem em nossa mente uma síntese de várias leituras realizadas, sem exatamente lembrarmos a autoria. Nestas situações, devemos ter o respaldo como sustentação de nosso argumento, dando os créditos aos estudiosos, mesmo sem saber citá-los, mas enaltecendo que já  pesquisaram ou estudaram o assunto antes que nós.
   Da mesma forma, quando expomos nosso ponto de vista, baseado em nossa visão ou experiência, podemos evidenciar que este é nosso pensamento ou posição ao referido em questão.
   A mente vai agregando informações, construindo, assim, uma opinião sobre qualquer assunto, porém torna-se necessário saber em que ideias anteriores está baseada.
  

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Educação ainda vem de berço


  O mundo apresenta uma disparidade muito grande de ideias, convicções, valores, prioridades e na forma de educar as crianças. Alguns pais são ausentes, ou super protetores, outros atenciosos e preocupados com o filho, outros se esquivam, delegando sua função de educar para terceiros, estando alheios às necessidades dos filhos.
   Trabalhando com educação infantil deparo-me com pais equivocados sobre a educação de seus filhos. Não sou psicóloga, mas educadora, exercendo meu conhecimento sobre o desenvolvimento infantil. 
   Em minha escola, pública e municipal, os professores zelam pelo cuidado com os pequenos e pelo mais saudável desenvolvimento, de forma integral, abrangendo a promoção da autonomia das crianças e estimulando para se sintam integrados, socializados e em questão, que sejam "educados" para a vida.
   Mas existem pais que não compreendem a promoção da autonomia que nos referimos. Tratam seus filhos, já maiores, como se fossem bebês. Carregam no colo, não tem autoridade e não falam nada para seu filho, como se ainda tivesse seis meses. Daí a escola se torna um problema para eles, pois a criança terá hora para dormir, terá que sentar-se à mesa, esperar sua vez, respeitar colegas e professores, entre outras regras de convivência. "Mas na outra escola (particular) não era assim..." argumentam. Obviamente a Missão da escola era flexível, atendendo às necessidades dos pais, para um ótima convivência com os clientes.
   Como em toda escola, também há aqueles pais que exigem que seu filho seja amplamente estimulado, para que no futuro seja brilhante, habilidoso, uma pessoa de sucesso. Cobram "trabalhinhos", como querendo ver um "atestado" de que ele está fazendo muitas coisas. O brincar, para alguns, não é importante, pois isso toda criança faz.
   Também existem os pais omissos, que nunca perguntam como seu filho está na escola, não participam das reuniões e sequer olham a agenda ou retiram a sacola de roupa suja. Para estes, o ideal seria uma escola 24hs, que fizesse tudo que eles não conseguem fazer. Quando há um feriado se desesperam, pois enlouquecem se ficarem em casa cuidando deles.
   Mas, felizmente, a grande maioria faz parte dos pais responsáveis, interessados, afetuosos e cientes de que depende deles, primeiramente, a educação de seus filhos. Com estes firmamos a parceria que faz com que nosso trabalho seja significativo, prazeroso e gratificante.
    Os filhos sempre serão o reflexo da educação primeira que tiveram em sua vida, ou seja, da família. Depois vem a escola. Como sempre se diz: "A educação vem de berço." E assim é.