domingo, 26 de junho de 2016

      Um pouco de poesia, de reflexão e alteridade.
                       
  MUNDO SURDO

Hoje o mundo amanheceu surdo, menos eu.
Poderia gritar e ninguém ouvir.
Iriam pensar que eu estava louca, ou estranha.
Olhar-me-iam como se fosse algo inacabado
Mal constituído ou com problemas.

Hoje quis falar com alguém, contar sobre meu dia,
Sobre minhas emoções escondidas.
Mas ninguém iria me entender
Pois o mundo é dos surdos:
“Pra que essa gritaria?”...

Quis um abraço, um carinho, um “bom dia”.
Falei, falei e ninguém entendia.
Tentei imitar os gestos que faziam
Uma tortura, não conseguia.
Como me fazer ouvir?

Comecei a calar como eles
E minha boca se fechou.
Todos pensaram: “agora ela tem jeito!”
“Está igual a nós”... Terá sucesso
Terá sonhos, chances na vida.

Senti-me desprezada, excluída.
Queria apenas me comunicar
Dizer o que sentia.
Estudar falando, trabalhar cantando
Fazer tudo como sabia.

Uma janela se abriu:
Vinham falantes de todos os lados,
Relatando o que viram, o que queriam
Falávamos e nos entendíamos,
Como se nos conhecíamos.

E os que não falavam riam de nós
Pois dançávamos sem parar
Pois as músicas não ouviam.
Imaginavam-nos loucos
Na mais silenciosa agonia.
                                 Cláudia S. Kerber






terça-feira, 21 de junho de 2016

Mapa conceitual da vida

     
    Na vida é importante seguirmos uma linha de pensamento, de conduta ou raciocínio. É necessário fazermos articulações entre o que pensamos e fazemos, abrir extensões de nossos projetos, tanto diários, como de longo prazo.
   Tomemos como base o mapa conceitual de um projeto de aprendizagem: escolhemos um conceito e a partir dele alongamos o fio da linha de pensamento que iremos seguir. Assim descobrimos as possibilidades de investigação que surgem conforme avançamos, adquirindo mais compreensão e ampliando nosso campo de visão. Entre dúvidas e certezas aparecem novos elementos fundamentais para a elaboração do projeto.


   Comparo, desta forma, nossa vida. Tanto vida pessoal como profissional, nosso trabalho como docentes. A construção de uma linha de pensamento surge a partir do que somos, do que queremos, do que determinamos.

    Surge a questão: o que queremos saber ou fazer? Como iremos proceder para realizar ou adquirir? Que implicâncias acarreta? O que sabemos sobre isto? O que precisamos saber? Perguntas surgem aos montes, mas a resposta nós mesmos buscamos e redefinimos.
    Em termos práticos, se meu foco é ser um professor melhor, o que devo fazer? Podemos seguir uma linha de pensamento e criar estratégias e articulações: qualificação - cursos de formação - curso superior específico. Como devemos proceder: entusiasmo - coragem - determinação - disciplina - compromisso. Do mesmo modo, definimos como podemos realizar: buscar uma Universidade - prestar seleção - deslocamento - horários compatíveis. Assim formam-se teias que podem ser interligadas, a partir de um conceito básico:ser um professor melhor.
    Penso que a vida, sob este aspecto, baseia-se em princípios, desejos, conquistas e superações. Então façamos nosso mapa conceitual e tracemos nosso destino.
     
Referências:

quarta-feira, 15 de junho de 2016

O poder da voz


   Cuidar da voz talvez seja mais importante do que imaginamos. No início do semestre, assistimos o filme "Minha voz, minha vida", que mostrou como dois professores usavam sua voz, de maneiras distintas.
   A partir do filme, produzido com o intuito de alertar, voltei a alguns anos atrás, quando tive problemas com minha voz, devido a problemas de saúde, mas principalmente, pelo uso indevido da voz. Trabalhava com o maternal em uma escola de educação infantil, com crianças em torno de três anos de idade, em número de catorze ou quinze na turma. Na minha rotina era comum falar alto em qualquer coisa que iríamos fazer: almoçar, brincar, escovar os dentes ou pintar, por exemplo. Também apartava desentendimentos e chamava a atenção muitas vezes aos gritos, energicamente. A explicação, obviamente, era que eles não me ouviam!
   Os problemas com rouquidão começaram e inúmeras vezes perdi a voz. Como consequência, os alunos não me ouviam outra vez!
A diretora, pessoa e profissional que estimava muito, sempre me orientava a baixar a voz e procurar outros modos, mais criativos, para chamar a atenção dos pequenos. Comecei a bater uma caneta em um copo de alumínio ou a sussurrar em vez de gritar. Da mesma forma, dava batidas na porta para prestarem atenção. E deu certo: poupei minha voz e ainda obtive um melhor retorno dos alunos. Também passei a beber água com frequência, costume mantido até hoje.
    Atualmente atuo com crianças menores, de um a dois anos de idade, mas que ainda não controlam o tom de voz, normal em sua fase de desenvolvimento, pois muitas vezes e repentinamente, gritam e se exaltam. Porém, faço uso de estratégias, como falar baixinho, propositalmente, e convido a também falarem assim. Geralmente funciona, pois é tão diferente alguém sussurrar que passa a ser novidade para eles, além de ser divertido imitar a professora neste novo desafio.
   Os cuidados com a voz também passam por gargarejos com produtos específicos, pastilhas e exercícios fonológicos, como os que o professor realiza no vídeo. Deste modo certamente estaremos poupando nossas cordas vocais de abusos, e utilizando-as para atividades mais interessantes como cantar, por exemplo. E cantando, podemos atingir objetivos mais eficazes e gratificantes do que gritando.



Referências:
Filme Minha voz, minha vida,  realizado pelo SINPRO-SP, com direção de Deivison Fiuza.
https://www.youtube.com/watch?v=d9e4oHqtIXY

terça-feira, 7 de junho de 2016

Favorecendo o aprendizado

     
  Estou trabalhando com meus pequenos, na EMEI Estrelinhas do Recanto, os cinco sentidos. Pensemos em crianças em torno de 18 meses descobrindo suas capacidades, como se dará a descoberta e o aprendizado?


     Fazendo um link com as interdisciplinas deste terceiro semestre, podemos fazer associações. Estamos estudando Musicalidade humana, Ludicidade e Literatura, além de Líbras e o Seminário Integrador. Ou seja, as interdisciplinas  possuem entre si uma ligação: são formas de se chegar ao aprendizado, seja ele qual for.
     Voltando aos cinco sentidos, em crianças que estão despertando para o seu potencial, ainda latente, necessitam de um contexto lúdico para a percepção do mesmo. Para tanto, podemos fazer uso da musicalidade para chegarmos à audição, por exemplo, não necessariamente cantando ou ouvindo canções, mas sutilmente, como o bater palmas ritmadas ou zumbidos do vento (zzzzzzzzz), alternando com pingos da chuva (plim...plim...plim...), criando um ritmo agradável. Da mesma forma, através de brincadeiras lúdicas podemos chegar a perceber o tato, como usando um cubo de texturas, ou através de histórias falarmos sobre o gosto ou outro sentido.
     Com as crianças bem pequenas é especialmente através da ludicidade, em suas diversas interpretações, com a musicalidade e a literatura, ou dramatizando ou criando novos modos de promover o aprendizado, que atingiremos o objetivo desejado, no caso, descobrir suas capacidades sensoriais.

Referências da imagem: www.cm-pampilhosadaserra.pt