quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Conhecer o mundo

     Conhecer o mundo em volta é um dos objetivos que estabelecemos na educação infantil, baseado no eixo Natureza e sociedade, dos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais). Mas o que significa conhecer o mundo quando trabalhamos com berçários?

     A vida da criança menor de dois anos é um desabrochar contínuo em diversos sentidos: ela descobre-se como sendo independente da mãe, o que ocorre gradativamente com o desmame, os primeiros passos, o contato com outras pessoas, a ida à escola, alimentando-se sozinha, entre outros avanços. normais nesta fase. Quando ela começa a engatinhar, já explora o ambiente, o espaço físico, percebe a temperatura, os sons, os objetos e que o movimento que realiza pode levá-la cada vez mais longe. Quando passa a caminhar, a exploração do ambiente vira uma festa, pois toda descoberta é motivo de imensa alegria. Muitas vezes foge dos pais ou educadores, mas com o intuito de desafiar, mostrando do que é capaz.
     A manipulação de objetos faz com que perceba as formas, a textura, as possibilidades de brincar com eles. A interação com os outros, adultos ou crianças, faz com que se torne um ser social, que respeita combinados e compreende seus limites. O desenvolvimento da coordenação torna a criança cada vez mais autônoma, facilitando avanços em outras áreas. 
     Como professora de berçário II, procuro realizar passeios curtos pelas ruas do entorno da escola, para ver outras casas, apreciar a natureza, conversar com algumas pessoas, e mesmo olhar as galinhas do vizinho, por exemplo. Os passeios também servem para compreenderem normas e manter os combinados, como não largar a cobrinha que seguram.
     Com o desenvolvimento físico, motor e cognitivo, posso pensar em fazer um passeio maior, com um meio de transporte para um outro lugar, como um parque, um campo de futebol ou um prédio histórico, por exemplo. Claro que em função da pouca idade e suas limitações, torna-se necessário o acompanhamento de uma ou duas monitoras, mas pode-se agendar um dia especial para estas atividades.
      Penso que conhecer o mundo na fase de berçário II, em torno de dois anos de idade, é perceber que existe ao redor de si um vasto universo de coisas, pessoas, animais, sons, cheiros, cercas e muros, mas também, portas abertas para o novo e toda sua grandiosidade. E que ela faz parte disto tudo.

Gaiolas ou asas


     Rubem Alves, professor e escritor mineiro, deixou-nos a célebre frase: "Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas", e a partir desta máxima, começamos a observar melhor nossa forma de ensinar, com pensamento crítico sobre nosso papel na educação.


      Surge o questionamento: somos aqueles (professores) que armam o alçapão para pegar os "pássaros" afim de colocar em gaiolas para aprenderem somente o que queremos que aprendam e se "comportem" adequadamente, sem sair das grades imaginárias que traçamos? Ou propiciamos que abram as asas, gradativamente, e lancem voo, para conhecerem o céu do conhecimento, com a liberdade de pensarem por suas próprias mentes, interagindo e questionando o mundo em volta?
     Quem e como somos, afinal? Como é minha postura frente aos conteúdos que tenho que passar, quanto permito a manifestação em sala de aula, quanto possibilito que descubram por eles mesmos as verdades deste mundo? O quanto estimulo os menores, na educação infantil, para que acreditem em si, nas suas capacidades e desenvolvam seu potencial, a autonomia, a descoberta de suas possibilidades, sem podar iniciativas, por mais corriqueiras que pareçam?
      Penso que a partir da percepção de "ser gaiola" ou de "ser asa", como comparou Rubem Alves, cada professor, em sua escola, deve refletir sobre sua prática e buscar, ao máximo, aproximar-se do ideal de dar asas aos seus alunos, para que aprendam por si mesmos, com a figura do decente como um orientador amoroso, ensinando manobras, rotas, mapas e propondo atividades que permitam ao aluno fazer suas próprias descobertas e construções.

Referências:
ALVES, Rubem. Gaiolas ou asas. In: ALVES, Rubem. Por uma educação romântica. Campinas: Papirus, 2002, p. 29-32.


                                                                                                                                                                                                                    

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Orgulho de ser gaúcho

      O orgulho de ser gaúcho é um sentimento cultivado em nosso Estado pelo seu povo, passado de geração em geração, alimentado pelos Centros tradicionalistas e valorizado em nossas escolas.
     Nestas últimas semanas temos avivado este sentimento em nossas escolas, como na EMEI onde trabalho, através de canções, danças, versinhos, atividades pedagógicas, passeios a Centros de Tradição para assistir apresentações, mateada, churrasco, cavalgada (com cavalinhos de pau) e estimulamos o uso de trajes típicos nestes dias.
     Como o público alvo são crianças bem pequenas, até os três anos de idade, as atividades são simples, porém o sentimento de orgulho de ser gaúcho é transmitido em cada proposta, conversação ou explanação sobre o Dia do Gaúcho. Ainda não compreendem a história do Rio Grande do Sul, nem sabem o que é um Estado, por exemplo, e por isso que procuramos representar, e apresentar, a cultura gaúcha para os pequenos. Desta forma, fomentamos o gosto pelas tradições e um sentimento caloroso por tudo que envolve esta questão. Realizamos nossas atividades lembrando o que o cantor e compositor Nico Fagundes eternizou em seus versos: 
    " ...Ouve o canto gauchesco e brasileiro,
    desta terra que eu amei desde guri...
     ...E nos olhos vou levar o encantamento,
    desta terra que eu amei com devoção..."
   A função da escola é justamente esta: além de passar conteúdos, enriquecer a vida e a cultura do aluno, passando valores e conhecimento que levará consigo em sua formação. Pequenos gaúchinhos estão conhecendo e valorizando suas raízes, de seu povo e sua terra.

Referencias:
Fagundes, Nico. Canto alegretense.

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Professores brilhantes

 Assistindo o horário político de televisão, constatei que alguns professores lançaram candidatura e fazem seu breve pronunciamento. Chamou minha atenção o fato de intitularem-se "Professor José", Professora Maria", Professor este ou aquele.
 Nos demais canditados aparece somente o nome, ou um apelido acompanhando. Fiquei, então, pensando: qual é o diferencial do professor para as demais profissões? Até porque é raro ouvirmos "Mecânico tal", Doutora tal", ou no máximo "Paulo, da saúde", por exemplo.
  Acredito que ser professor ainda tem status positivo e diferenciado na sociedade. Talvez não status sócio-econômico, mas de valores, de integridade, de respeito e diferencial cultural, pois ele, o professor, é aquela pessoa que passa estas noções aos mais novos. 
  Muitos professores  serão lembrados, ao longo de nossa vida, não pela roupa usada ou pelo carro que tiveram, mas pelo brilho pessoal e por sua importância em nossa formação. Alguns serão eternos em nossa memória, principalmente aqueles que apostaram na gente: os que incentivaram nas horas de desânimo, abriram nossa mente para o mundo, ensinaram para a vida e cobraram nosso esforço.
  Por isso que acrescentar a palavra Professor sempre será a distinção na sociedade, com uma valorização muitas vezes velada, mas real. Pois "Professores brilhantes ensinam para uma profissão. professores fascinantes ensinam para a vida."(Augusto Cury)

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Pátria amada, Brasil


   Encontrei-me, semana passada, em uma situação que me deixou pensativa: o que fazer de atividade para o Dia da Independência, com crianças de dois anos de idade?
   A dúvida nem era a atividade em si, mas o contexto em que se encontra o país nos dias atuais. Como iria retratar o Brasil, o verde-amarelo, o patriotismo, a mensagem que iria passar. O que eu diria aos pequenos sobre ser brasileiro.

  Passadas as Olimpíadas, o que refere ao país é, de modo geral, controverso, obscuro, crítico e até grotesco. Como irei fomentar na nova geração o orgulho pela Pátria? Como explicarei que o país é um "impávido colosso", ou que "um filho teu não foge à luta", como nos diz o Hino Nacional, pois qual é a luta? Qual a grandeza deste país em que vivem e nasceram? 
  Os valores em relação ao patriotismo e ao orgulho nacional há muito mudaram, frente as turbulências dos últimos meses, ou anos. Como relacionar as cores do país às riquezas, sem ser hipócrita ou levantar bandeiras? Limitar o verde-amarelo à jogos da Seleção ou Olimpíadas é, no mínimo, ofuscar o povo, a cultura, as regiões e a história.
   Em meio à estes questionamentos, surgiu a ideia de começar do zero, levando em consideração a pouca idade e desconhecimento das crianças sobre os problemas sócio-econômicos ou políticos do país. 
   Fiz, então, um quadro mural com a bandeira do Brasil e sobre ela, fantoches de meninos e meninas, vestindo roupinhas verde-amarelas e com a foto do rosto de cada um. A frase que torna o mural objeto de questionamento: NÓS SOMOS O FUTURO DO BRASIL!
   E agora? A quem cabe definir o Brasil que começa agora, nos berçários deste país?
   A frase levou à outra, que pintei na porta de vidro que dá entrada ao hall da escola: O FUTURO PASSA POR AQUI: FORMANDO O PAÍS DO AMANHÃ!
   Ou seja, uma pergunta leva a outra, que nos leva à reflexão. Nem sempre as respostas são imediatas, mas construídas ao longo da jornada.