terça-feira, 30 de maio de 2017

A Escola pública no Brasil


       Uma das perguntas que mais intrigam a sociedade, quanto mais a classe docente, é "Porque a escola pública (ou ensino, educação) é tão fraca no Brasil?"



     Esta pergunta exige um aprofundamento maior para a exatidão de uma resposta, convincente e realista, sobre a história deste país, que não é objeto desta reflexão. Porém, o fator econômico certamente é a base de toda situação.
   Uma escola de qualidade exige investimentos, professores bem remunerados, estrutura física adequada, tecnologia, formação contínua do corpo decente, verbas para alimentação, segurança, manutenção e material didático. Uma escola também não se faz somente com recursos financeiros, é fundamental uma gestão participativa, a atuação de um  conselho escolar, dentro do princípio da transparência e com acesso a informação, de todo e qualquer membro da comunidade escolar, ou seja, uma eficiente administração. O corpo decente, por vezes, faz milagres com os recursos disponíveis, e não raro, tira do próprio bolso despesas diversas, visando o bom andamento de suas propostas pedagógicas.
     Como ponto de partida para pensar em uma resposta à pergunta formulada, devemos pensar em um país que foi colônia por séculos, viveu a escravatura, correndo bem atrás dos países europeus em termos de educação, visto o número de analfabetos em um passado recente. Sempre que no Brasil se pensou em reforma ou mudanças na educação, os passos foram lentos, atrofiados ante o fator econômico. "De onde virá a fatia necessária à educação?" "Quanto será preciso para alavancar a educação no Brasil?" Mais uma vez, perguntas levam a mais perguntas, e as respostas ficam reticentes. 
     A atual intenção governamental prevê mudanças na tão almejada LDB, que assegurou, entre outros, o direito a educação gratuita a todo brasileiro, por exemplo. Além da possibilidade de terceirização da educação, a nova proposta para o Ensino Médio emerge camuflada de "melhor para o estudante", que fará suas escolhas baseado no que quer seguir. Mas qual  estudante aos 14/15 anos sabe exatamente o que quer seguir na carreira? Mexer no Ensino Médio poderá significar menos disciplinas reflexivas, formando cidadãos despreparados para agir com criticidade ante as questões fundamentais da vida e da cidadania. Como  Jamil Cury, na aula inaugural da Faced/UFRGS 2017, tão bem expôs: "Mexer na LDBEN é abrir o campo para novos retrocessos". Certamente.
     Portanto, questionar os rumos e os porquês da realidade escolar no Brasil exige um olhar longo na história, na conjuntura política e nos fatores determinantes que induzem a uma nova pergunta: "Como e quem vai pagar a conta?"

Referências:

CURY, Carlos Roberto Jamil. Aula inaugural Faced/UFRGS 2017 >https://www.youtube.com/watch?time_continue=7&v=n61sFnGI2p4<


terça-feira, 23 de maio de 2017

O mal ou o não feito

     Ontem tive uma experiência desagradável comigo mesma, mas que conhecemos muito bem em sala de aula como professoras.
     Tivemos aula de Projeto Pedagógico em Ação e, pasmem, não sabia que haveria apresentação, nem estava com as atividades em dia! Algo que vivenciamos e não entendemos com nossos alunos, mas ocorreu comigo como aluna. Não sabia se saía correndo ou se  me escondia embaixo da cadeira...

    Por isso, vale a sabedoria popular que diz que "Pimenta nos olhos dos outros é refresco!", Veja como é fácil julgar, avaliar um aluno por uma desatenção, não entendendo o que levou o aluno a tal feito.
    Não pretendo, com isso, me justificar, argumentando que tinha problemas pessoais, compromissos ou qualquer outra coisa. Quero, sim, chamar a atenção para o nosso aluno como pessoa integral, onde um ocorrido não corresponde ao todo, mas faz parte de um processo de aprendizagem e, ousando um pouco mais, de vida. 

   Com isso, pude refletir e, novamente, valorizando os ditos populares, "Quem julga pouco entende", Como professora, resta lembrar disso antes de repreender o aluno por algo mal ou não feito, mas sim, orientá-lo em suas dificuldades.



quarta-feira, 17 de maio de 2017

Certezas e dúvidas


     Quais são nossas certezas? Existem certezas absolutas?
     Duvidamos de quê? Como eliminamos as dúvidas?
   Temos muitas certezas que consideramos absolutas e nem refletimos sobre tais. Também não nos damos ao trabalho de averiguar sua validade. Em outras situações, estamos inundadas de dúvidas, paralisadas ante as mesmas. Também, algumas vezes, não procuramos esclarecer. Mas toda certeza é duvidosa e necessita um respaldo maior que a confirme. Da mesma forma, as dúvidas, em qualquer aspecto da vida, existem para orientar a ação, conduzir a um bom trabalho.
   Nos Projetos de trabalho as certezas são examinadas, pois outros pontos de vista podem invalidar, pois estamos em meio a um vasto mundo de questionamentos e possibilidades. Dúvidas precisam ser pesquisadas para um bom embasamento do trabalho. A impermanência e a diversidade de opiniões deve ser considerada.
  Um bom início de Projeto em ação é uma pergunta questionadora e investigativa: o que quero saber? O que instiga o interesse dos alunos? Ou, o que é pertinente na fase de aprendizado em que se encontram? A busca por informações, levantamento do material necessário, entrevistas, referências bibliográficas e embasamento teórico são ferramentas necessárias ao andamento dos projetos.
  Independente do tema escolhido, seja Projeto de trabalho ou não, ou mesmo situações do cotidiano, as certezas nem sempre são absolutas e as dúvidas tem sempre esclarecimento, para seguirmos adiante.

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Mais sobre o Projeto CONVIVER: A CASA - colocando em prática

  Esta semana, dentro do Projeto CONVIVER, fiz algumas atividades que enfatizaram o sentimento maior em nossa vida: o amor entre mãe e filho. Com a proximidade do Dia das Mães, trabalhei a ligação que existe entre o filho e sua mãe, com conversas que nomeavam, com a criança identificando e percebendo o nome e a imagem dela. Enumeramos qualidades das mamães e coisas que ela faz. 

   Em um segundo momento, iniciei a confecção de um cartão em forma de casa, estilo porta retrato, onde perguntei as mães a cor da sua própria, e as crianças pintaram a dedo com tinta têmpera, fazendo associações. Pensei no tema CASA, porque está presente nas fases da criança, ou seja, a mãe seria a primeira "casa": o útero que abrigou, alimentou e protegeu a criança. Da mesma forma,  usa-se o termo "casa dos afetos" para designar as pessoas íntimas que fazem parte do rol afetivo, onde a mãe é a primeira pessoa encontrada. E por último, quando a criança cresce e fica mais independente, ela sempre guardará a mãe no coração, onde fará "morada" para sempre. 



     Com estas atividades da semana, enfatizei o aspecto afetivo em suas relações mais próximas, do núcleo familiar da criança. Com certeza não existe amor maior que o que aproxima um filho pequeno de sua progenitora, cuidadora e fonte de bem e de amor, e vice-versa.

      Registro fotográfico, usando o menino Matheus como exemplo:
Os primeiros contatos com a tinta gera expectativa
e provoca sensações táteis prazerosas.


A maravilhosa experiência de manipular tinta é compartilhada. 


Ao saber que está pintando a "sua casa", estabelece associações.

Ao ver o resultado final, Matheus se surpreende ao ver a foto da mamãe.

Matheus observa atentamente a mãe na "janela".



A "casa dos afetos" está pronta e será presenteada para a mamãe.



quarta-feira, 10 de maio de 2017

A casa

     Estou trabalhando novamente com turma de Berçário 2, com toda sutileza que a faixa etária exige. O Projeto CONVIVER norteará minha prática docente este ano e abrange afeto, valores e convivência. 
     Já havia esboçado o mesmo quando iniciamos, no Pead, a interdisciplina Projeto Pedagógico em ação, e achei coerente  desenvolve-lo também a nível discente, a fim de aperfeiçoa-lo. A junção de um mesmo projeto de trabalho nos dois vértices possibilitará que ele seja analisado sob ângulos diferentes.

     A justificativa da realização deste projeto se dá pela  necessidade de carinho e afeto que todos nós precisamos para ter uma vida emocionalmente saudável, bem como pensando em uma convivência diária de gentilezas, respeito e harmonia, fomentando valores essenciais da vida humana.
    O projeto objetiva  promover a convivência amorosa e respeitosa entre os colegas da turma e no âmbito geral das relações, baseando-se nos valores fundamentais da vida humana, na gentileza e na manifestação dos afetos, percebendo os limites e qualidades de cada um.

    Em plena época de Dia das mães, tenho que mesclar o projeto com o tema comemorativo - a propósito, sempre que se evoca a palavra MÃE, despertamos sentimentos de afeto e carinho, seja por parte das crianças ou de adultos. A mãe é a primeira pessoa na vida das crianças, quem alimenta, dá colo e abrigo, proteção, amor e fomenta inúmeros sentimentos positivos.
    Escolhi enfatizar o termo "casa", nas atividades, relacionando com a mãe: ela carrega no ventre (como uma casa), depois, "na casa dos afetos", ela é a primeira e mais importante na vida da criança, e quando crescer , irá ter sua mãe sempre morando em seu coração.
    A sutileza que é necessária no trato com os pequenos lança as sementes para o dia de amanhã,    como esperamos e criamos com nossas ações. 

terça-feira, 2 de maio de 2017

Mais sobre as dificuldades de relacionamento - conclusão

DIFICULDADES DE RELACIONAMENTO – EM TEMPOS

DE REDES SOCIAIS

   Nos dias atuais a internet e as redes sociais são um fato, fazem parte da nossa vida e não conseguimos mais viver desconectados. O círculo de amizades se ampliou absurdamente, assim como a rapidez das mensagens, agora instantâneas.
    Existem incontáveis motivos para comemorar a era digital e as facilidades de comunicação. Quantas pessoas são reencontradas via internet, novas amizades são estabelecidas, laços familiares aproximados e não há distancia que impeça as relações interpessoais. Aparentemente não deveriam existir problemas de relacionamento entre pessoas adultas em função de tamanhas facilidades da era digital.

     Contudo, as relações humanas são permeadas de desencontros, desajustes, discordâncias, carências, sentimentos nocivos e atritos diversos que perpassam tanto relacionamentos reais, presenciais ou virtuais. Muitos conflitos nos relacionamentos tomam novas dimensões quando lançados em rede. A não existência do face a face frequentemente faz extrapolar e exacerbar os atritos já existentes.
   “Conforme a concepção de Mizruchi (2006), as redes sociais influenciam o comportamento tanto de indivíduos, quanto de grupos e a ação humana é afetada pelas relações sociais em que os agentes estão imersos. Visto que todas as grandes mudanças sociais são caracterizadas por uma transformação do tempo e do espaço na experiência humana, a revolução tecnológica, concentrada nas redes de relacionamento, começou a remodelar a base material da sociedade em ritmo acelerado. As chamadas redes sociais são um conjunto de ligações que direta ou indiretamente conectam cada membro de um grupo a outro grupo. Posto, portanto, que as redes sociais são um conjunto complexo de inter-relações que se dinamizam, pode-se dizer que o ser humano vem estreitando as relações e tornando-se cada vez mais comunicativo. Na concepção de Capra (2002), são redes de comunicação que envolvem a linguagem simbólica, os limites culturais, as relações de poder, bem como a atuação das redes de solidariedade local no combate à exclusão social.“ (Silva, Frizzi, Santos, Cabestré, Júnior; 2013).

As redes sociais permitem o anonimato, transformando comportamentos.
     As relações humanas em tempos de redes sociais se tornam, analisando genericamente, impessoais, rasas e não raro, inconvenientes, pois expõe a pessoa a situações constrangedoras. Do mesmo modo, emergem a impulsividade e a agressividade, revelando o pior lado do ser humano. A privacidade é invadida e estamos sujeitos à opinião alheia indevida. Não há assuntos ocultos em tempos de redes sociais. O vazio existencial da vida moderna é preenchido com postagens duvidosas, frequentemente com ostentações e falsa felicidade. Como questionou Leandro Karnal: “Quantas redes sociais são necessárias para preencher o vazio existencial?”

O vazio existencial é muitas vezes preenchido com as redes sociais,
que podem se tornar nocivas.

     As relações interpessoais se tornam prejudiciais quando os limites do respeito e da conveniência são ultrapassados, pois assim, antes positivas, todas facilidades de comunicação se tornam tóxicas. As dificuldades de relacionamento na era digital se ampliam e se espalham largamente, afastando-nos dos outros, com um efeito contrário ao desejado.

"O efeito da desinibição online é uma força poderosa, mesmo quando estamos cientes do efeito que tem em nós. Muitas vezes, opera a um nível inconsciente", explica o investigador americano John Suler, da Universidade de Rider, que em 2004 cunhou o conceito de "desinibição tóxica".John Suler aponta vários causas para a desinibição tóxica. Entre elas estão o anonimato, o fato de a comunicação ser assíncrona (alguém deixa um comentário que pode ser visto minutos, horas ou até dias depois), a concepção do mundo online como um mundo de fantasia, "separado das exigências e responsabilidades do mundo real", e ainda a ausência física do interlocutor.” (Pereira; 2013)

   Conclui-se, portanto, que as dificuldades nos relacionamentos, em tempos de redes sociais, se transformaram, assim como toda a sociedade, ante as facilidades e agilidade da era digital.
   O ser humano continua tendo entraves nas relações interpessoais, mas agora extrapolados, compartilhados, analisados e julgados publicamente e influenciados por um novo pensamento de superficialidade, em perfis com egos inflados ou mesmo fictícios, e que nem sempre reconhecem as fronteiras da conveniência, da privacidade, da educação e do respeito humano.

Referencias: 

- Pereira, João Pedro. Na internet a conversa é outra. Público. 2013. >//www.publico.pt/tecnologia/jornal/na-internet-a-conversa-e-outra-26997682<

- Silva, Denise Rodrigues Nunes Da. Frizzi, Fernanda Navarro. Júnior, Jorge Rufino da Silva. Cabestré, Dra. Sonia Aparecida. Santos, Thiago Roberto Gamonal Dos. Redes Sociais e Relacionamento Interpessoal – Um Estudo no Âmbito Universitário. Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. 2013. Bauru – SP. Acesso em: http://portalintercom.org.br/anais/sudeste2013/resumos/R38-0579-1.pdf

- Karnal, Leandro. Leandro Karnal Admiradores. Portal Raízes. 2016. Acesso em:












segunda-feira, 1 de maio de 2017

Dia do trabalho - observações

 
   Há quem diga que o trabalho enobrece. Há quem diga que cansa. Há quem diga que é pra louco. Há quem se realiza, quem só passa o tempo, quem só reclama, quem abençoa e agradece. Há quem se ocupa, quem mata o tempo, quem acha o serviço, quem se esconde. Há quem trabalha até a noite, quem tem muitas jornadas, há quem falta, quem se desculpa, que nem se justifica. Há quem ama o que faz, quem se acomoda, quem se conforma, quem só recebe no fim do mês. Há quem nunca tem folga e há o folgado. Há quem valoriza, quem sabe onde aperta o sapato, há quem não tá nem aí.
     E há quem precisa e não tem. Como disse Cortella: "Existem os desempregados e os desocupados". Tem quem não desenvolveu o hábito e o "gosto".
     Mas tem quem rala e batalha. Para este, tiramos o chapéu. Um ótimo e merecido feriado para todo trabalhador!