Uma das perguntas que mais intrigam a sociedade, quanto mais a classe docente, é "Porque a escola pública (ou ensino, educação) é tão fraca no Brasil?"
Esta pergunta exige um aprofundamento maior para a exatidão de uma resposta, convincente e realista, sobre a história deste país, que não é objeto desta reflexão. Porém, o fator econômico certamente é a base de toda situação.
Uma escola de qualidade exige investimentos, professores bem remunerados, estrutura física adequada, tecnologia, formação contínua do corpo decente, verbas para alimentação, segurança, manutenção e material didático. Uma escola também não se faz somente com recursos financeiros, é fundamental uma gestão participativa, a atuação de um conselho escolar, dentro do princípio da transparência e com acesso a informação, de todo e qualquer membro da comunidade escolar, ou seja, uma eficiente administração. O corpo decente, por vezes, faz milagres com os recursos disponíveis, e não raro, tira do próprio bolso despesas diversas, visando o bom andamento de suas propostas pedagógicas.
Como ponto de partida para pensar em uma resposta à pergunta formulada, devemos pensar em um país que foi colônia por séculos, viveu a escravatura, correndo bem atrás dos países europeus em termos de educação, visto o número de analfabetos em um passado recente. Sempre que no Brasil se pensou em reforma ou mudanças na educação, os passos foram lentos, atrofiados ante o fator econômico. "De onde virá a fatia necessária à educação?" "Quanto será preciso para alavancar a educação no Brasil?" Mais uma vez, perguntas levam a mais perguntas, e as respostas ficam reticentes.
A atual intenção governamental prevê mudanças na tão almejada LDB, que assegurou, entre outros, o direito a educação gratuita a todo brasileiro, por exemplo. Além da possibilidade de terceirização da educação, a nova proposta para o Ensino Médio emerge camuflada de "melhor para o estudante", que fará suas escolhas baseado no que quer seguir. Mas qual estudante aos 14/15 anos sabe exatamente o que quer seguir na carreira? Mexer no Ensino Médio poderá significar menos disciplinas reflexivas, formando cidadãos despreparados para agir com criticidade ante as questões fundamentais da vida e da cidadania. Como Jamil Cury, na aula inaugural da Faced/UFRGS 2017, tão bem expôs: "Mexer na LDBEN é abrir o campo para novos retrocessos". Certamente.
Portanto, questionar os rumos e os porquês da realidade escolar no Brasil exige um olhar longo na história, na conjuntura política e nos fatores determinantes que induzem a uma nova pergunta: "Como e quem vai pagar a conta?"
Referências: