“Quantas redes sociais são necessárias para preencher o vazio existencial?” (Karnal)
“Dificuldades de
relacionamento em tempos de redes sociais”, este é o tema que pauta uma pesquisa em grupo, no Pead V , adentrando na psicologia da vida adulta. Os
relacionamentos em si somente são complexos, veremos então sob outra ótica em um
mundo de novas tecnologias e possibilidades virtuais.
Penso que o modo
como os relacionamentos convencionais se perpetuaram até hoje está se desvaindo. Não se imagina mais viver sem
internet, redes sociais, aplicativos, mensagens instantâneas que transformam e
interferem no modo como nos relacionamos.
Em uma visão
rápida de outrora (diga-se: alguns poucos anos atrás) as relações familiares
eram baseadas na conversa, no olho no olho, ao redor da mesa das refeições ou
na roda de chimarrão, tomando por base a cultura gaúcha. As relações com meros
conhecidos mantinha-se limitada e com certa reserva. Parentes se comunicavam
com cartas e estas demoravam dias para chegarem ao destino. Aguardava-se com
calma a chegada da resposta. Convites eram entregues pessoalmente e em tudo
havia o contato humano.
Amigos eram as
pessoas com quem podíamos contar, que ligávamos alguma frequência para saber
como estavam e visitávamos regularmente
para conversar ou celebrar a amizade. Pais falavam com seus filhos, que por sua
vez paravam o que estavam fazendo e ouviam. Romances ou mesmos os encontros
casuais eram frente a frente, onde havia uma distância necessária que
determinava um sim ou não, até um talvez bem definidos.
Nostalgia? Talvez
sim, mas nada era rápido, nem tão eficaz, pois o mundo parecia que girava em
uma velocidade menor, e os relacionamentos também seguiam este ritmo. Agora vivemos na era digital, em uma
velocidade absurda e acabamos virando
reféns tecnológicos. Acostumamo-nos rapidamente e apagamos o olho no olho, o que demora,
tudo o que se estende, o que dá trabalho.
Em pouco tempo as
vantagens do mundo digital tomaram conta de nossas casas, nosso trabalho,
pensamento e nossas vidas. Para que
conversar com o filho sobre o dia que passou, se nas redes sociais conseguimos
saber (supomos) onde esteve, o que fez,
com quem andou? Para que sair de casa e encontrar um amigo, se podemos apenas
curtir as coisas que ele posta, e temos uma legião de amigos virtuais que apreciam
tudo que fazemos?
Perguntas como
estas exemplificam as facilidades encontradas na era digital, mas quando nos
damos conta, já fizemos substituições demais em nossas vidas, e nem sempre
sabemos lidar com os entraves que vem junto com este “pacote tecnológico” que
aceitamos. Os limites perderam os parâmetros e não sabemos distinguir as
fronteiras do bom, do aceitável, do ideal. Ficamos confusos ante estes novos
tempos, onde as pessoas perderam o senso de privacidade e sentem-se
exageradamente íntimas umas das outras ao mesmo tempo em que se distanciam cada
vez mais.
Os efeitos devastadores da alienação digital vão se
revelando, principalmente entre jovens e crianças, uma geração marcada por
relacionamentos on line, impessoais e formadores da personalidade. Ouvem-se
mais as novidades virtuais do que uma pessoa real e próxima, como nos jogos
suicidas que invadem nossas casas pelo computador e dispositivos que
transformam pessoas em quase “zumbis” da atualidade.
Leandro Karnal,
sob semelhante análise, nos questiona: “Quantas redes sociais são necessárias
para preencher o vazio existencial?” E a pergunta continua: "Como enfrentar os
problemas de relacionamento advindos da ascensão tecnológica e uso exacerbado de
redes sociais?"
Referências: