Desde sempre me chamou a atenção as imagens lindas de bebês fofos em revistas para mães. As capas já traziam a imagem de um lindo bebê, geralmente loirinho, de enormes olhos claros, redondinho, limpo, provavelmente cheiroso e muito amado.
Obviamente que a imagem soft da capa era o apelo comercial para a compra da revista, pois toda mamãe deseja que seu bebê seja assim, um fofo, saudável e com todos os encantos possíveis. Como que a revista venderia seus exemplares com um bebê comum, com brotoejas ou subnutrido, por exemplo, sem a aura leve e delicada?
Nos anos 50 e 60 já circulavam revistas do gênero, e minha mãe guardava alguns exemplares, e desde aquela época os bebês já eram retratados desta forma. Haviam propagandas de produtos com desenhos ou fotos de carinhas adoráveis e fofas. .
A idealização da infância é cultural e faz parte do sonho de toda mulher que tem um filho, focando o lado meigo e ocultando as imperfeições, as deficiências, carências e desencantos da maternidade.
A infância soft divulgada pela mídia é a supressão da necessidade que o ser humano tem de resgatar algo que há muito deixou para trás: a doçura e a inocência de um tempo lúdico e imaculado, irreversível em sua vida, frente a realidade da vida adulta.
Soft remete à leveza e a infância é um porto seguro emocional onde o ser humano encontra o alento para enfrentar as asperezas do cotidiano.
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