Trabalho com turma de Berçário 2,
crianças em torno de dois anos de idade. Pensar em multiplicação e divisão para
esta faixa etária precisa de um olhar um tanto especial para a fase em que se
encontram.
Nesta fase as crianças começam a perceber que
são seres independentes, descobrindo suas capacidades e as possibilidades que o
mundo apresenta. Começam a comer sozinhas, falar, tirar ou colocar o calçado,
experimentam subir no escorregador, exploram tudo que encontram e encantam-se
com diversas atividades como cantar, dançar, coordenar movimentos, empilhar
objetos, entre tantas coisas.
A rotina torna-se uma maneira eficaz e
prazerosa de desenvolver aspectos importantes na vida da criança. Como o texto
“Multiplicação e divisão a toda hora” (Revista Nova Escola) sugere, todos os
momentos são propícios ao aprendizado, inclusive noções básicas e primárias de
multiplicação e divisão. Não é necessário que se faça uma atividade específica
para que a criança assimile que podemos dividir ou multiplicar. Um exemplo se
dá na hora do café ou do lanche, quando cortamos o bolo em 10 pedacinhos. O bolo está inteiro e 10 crianças querem
comê-lo, em quantos pedaços teremos que cortar? Surge, talvez, o primeiro problema a ser resolvido. Cortamos o
bolo e distribuímos um para cada um. Automaticamente
criamos uma fração, 1/10.
Obviamente que as crianças não vão compreender os
termos que estamos pretendendo, mas percebem que existem possibilidades e
soluções para dar um pedaço para cada um a partir de um todo.
A multiplicação se dá em situações igualmente
da rotina, como quando brincamos no parquinho e as crianças fazem uso de potes de
sorvete vazios para brincar e precisamos de pazinhas e garfinhos. Temos dez
crianças e duas preferem ir ao balanço, três querem brincar no jacaré e as
outras cinco querem uma pá e garfo. Então são
cinco vezes dois complementos cada uma. Tenho que ir buscar dez objetos
para acompanhar o pote das crianças. Este raciocínio ainda não vai ser feito
literalmente pelas crianças, mas posso oralmente fazer este questionamento,
para captarem como funcionam as operações matemáticas, de forma lúdica e
espontânea, sem maiores pretensões.
Acredito que a multiplicação e a divisão fazem
parte da vida da criança pequena, mesmo sem ela saber ou o professor interferir.
Quando brincam com carrinhos um deles pega na caixa e distribui naturalmente um
para cada colega, quando brincam com animais de borracha e há duas girafas,
três cavalos, cinco elefantes, por exemplo, eles naturalmente dividem os
elefantes entre os colegas.
Quando pensamos em usar a rotina de forma
proveitosa, enriquecemos o dia a dia, pois toda hora é momento de aprender e
construir as noções matemáticas, como um
tijolinho sobre outro tijolinho.
Referencias:
Multiplicação e divisão a toda hora, Revista Nova Escola (acesso em: