O pensamento de Henri Wallon(1879-1962), filósofo, médico e político francês, quanto à aquisição da linguagem, apresenta uma concepção psicogenética dialética do desenvolvimento, percebendo o ser humano como uma pessoa integral, ajudando a superar a divisão mente/corpo da cultura ocidental.
A base de sua teoria engloba a valorização da afetividade e das emoções no processo de ensino e aprendizagem, com valor à relação professor-aluno. Da mesma forma, apresentou uma visão política em propor uma educação mais justa para uma sociedade democrática.
Wallon estabeleceu categorias de atividades cognitivas específicas: afetividade, movimento, inteligência e a formação do eu. As emoções são a base do desenvolvimento da inteligência, assim como o movimento é importante na atividade de estruturação do pensamento no período que antecede a linguagem; a inteligência relaciona-se com o raciocínio simbólico desenvolvendo o pensamento abstrato, e o eu coordena as demais, pois é o campo responsável pelo desenvolvimento da consciência e da identidade.
A teoria de Wallon propõe estágios de desenvolvimento onde o posterior amplia e reforma os anteriores, permeado por conflitos internos e externos, geradores de evolução:
- Estágio impulsivo-emocional (até o primeiro ano de vida): as emoções são o principal instrumento de interação com o meio, desenvolvido através do ambiente, sentimentos intraceptivos e fatores afetivos.
- Estágio sensório-motor e projetivo ( 3 meses a 3 anos): a inteligência predomina e o mundo externo prevalece nos fenômenos cognitivos, podendo ser prática (em relação com o corpo) e discursiva ( apropriação da linguagem).
- Estágio do personalismo ( 3 aos 6 anos): importante na formação da personalidade e na autoconsciência, onde a criança pode se opor ou imitar o adulto.
- Estágio categorial ( 6 a 11 anos): a criança começa a desenvolver a memória e a atenção voluntária, formando conceitos abstratos.
- Estágio da adolescência: é essencialmente afetiva, uma fase de conflitos em busca da autoafirmação e onde a sexualidade começa a se desenvolver.
Segundo Wallon, os processos de desenvolvimento jamais se encerram, mas sofrem manifestações afetivas ao longo da vida que levarão a processos de adaptação.
Wallon levou o afetivo para a sala de aula, perpassando a inteligência e o desempenho. Dentro de uma cultura mais humanizada do processo de ensino e aprendizagem, considerando a pessoa como um todo.
Sua obra desafia os métodos pedagógicos tradicionais, questionando sobre a importância das emoções neste mundo hostil da atualidade.
Referências:
FERREIRA, Aurino Lima. ACIOLY_RÈGNIER, Nadja Maria. Contribuições de Henri Wallon à relação cognição e afetividade na educação. Educar, Curitiba, n. 36, p. 21-38, 2010. Editora UFPR.