quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Entre o sensorial e o simbólico


 Em meu Estágio Curricular estou desenvolvendo o Projeto BRINCAR “SEM BRINQUEDO”, onde experimentamos um brincar diferenciado, dentro da concepção de uma infância simples, espontânea, estruturado na corporeidade, no contato com a natureza e com objetos de material alternativo como fonte de exploração e brincadeiras.
Brincadeira de túnel, com mesas e panos
  Revisitando postagens do início do curso, reencontro as mesmas questões que norteiam , hoje, meu trabalho docente e realização do estágio:

Ao pensar as propostas para o Berçário Dois, turma em que atuo, tenho que levar em consideração a fase de descobertas e possibilidades, mas limitadas. Muitos conteúdos são permeados na rotina, visto a importância e influencia que exerce sobre a criança, que necessita de organização no seu dia a dia. Mas as atividades podem, também, ser planejadas, com objetivos específicos, dando suporte para aprendizados maiores que irão ocorrer gradativamente no desenvolvimento.”

   
Piaget
Jean Piaget nos fala da fase sensorial, o Estágio sensório-motor, onde se 
inicia o desenvolvimento das coordenações motoras, a criança aprende a diferenciar os objetos, o próprio corpo e o pensamentos está vinculado ao concreto. As crianças em que atuo tem entre 18 meses a 2 anos de idade, onde começa a transição do período sensorial ao representativo.

“Neste subestádio ocorre a transição entre a inteligência sensório-motora e a inteligência representativa, que começa em torno dos dois anos, com o aparecimento da função simbólica. A novidade, em relação ao sub-período anterior é que as invenções já não se efetuam de modo prático, mas passam ao nível mental. A criança começa a ser capaz de representar o mundo exterior mentalmente em imagens, memórias e símbolos, que é capaz de combinar sem o auxílio de outras ações físicas. Na atividade lúdica ela é capaz de “fingir”,“fazer de conta”, fazer “como se”: é o “símbolo motivado”. Invenção e representação seguem juntas, anunciando a passagem a um nível superior.” (Cavicchia)

   
Explorando objetos do cotidiano
Analisando o conteúdo curricular que fala de formas, na área da matemática: “As formas estão 
presentes em toda parte, nos brinquedos, no prato do almoço, na caixa de sapatos.”, segundo Piaget, vejo que as crianças ainda se encontram na fase sensório-motor, pois:

 “As crianças pequenas precisam de objetos palpáveis, para sentir a espessura, o peso, a textura, temperatura, entre outros aspectos. Blocos geométricos de madeira podem ser oferecidos e ela vai construindo uma casa, um muro, uma igreja ou o que sua imaginação mandar. Peças de encaixe também serão usadas para erguer torres ou construir escadas. Caixas de leite forradas se tornam pesados tijolos e uma tampa de balde plástico se torna o volante de um automóvel." (http://claudiasimoneblogpead.blogspot.com/2016/12/espaco-eformas.)

   O Estágio segue dentro de uma proposta de brincar explorando o meio, o corpo, o mundo em volta:
O contato com materiais variados, considerados sucata, estimula a imaginação, a criatividade e promove a percepção de formas, mesmo que indiretamente, pelo manuseio e faz de conta. A criança percebe o espaço a partir do seu próprio corpo, pois ele será parâmetro para saber se algo está longe ou perto, se algo está atrás ou na sua frente.”

Referências:

- Cavicchia, Durlei de Carvalho. O Desenvolvimento da Criança nos Primeiros Anos de Vida. Departamento de Psicologia da Educação da UNESP. Acesso em:
https://acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/224/1/01d11t01.pdf

- Piaget. J. A Epistemologia Genética. Trad. Nathanael C. Caixeira. Petrópolis: Vozes, 1971. 110p

-Tortora, Evandro. ESPAÇO E FORMA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELATO DE
UMA EXPERIÊNCIA COM PROFESSORES ATUANTES EM FORMAÇÃO.
Encontro Nacional de Educação matemática. 2013a


terça-feira, 16 de outubro de 2018

Um brincar alternativo

     O brincar  nos berçários é um convite ao singelo, ao lúdico e a exploração.
     Trabalhar com berçário envolve a sensibilidade de perceber o que desperta o interesse de crianças tão pequenas, fomentando a curiosidade, favorecendo aprendizados e desenvolvendo capacidades.
   

     Aos poucos o projeto Brincar “sem brinquedo”, minha proposta de estágio, começa a se desenhar, com o mínimo possível de recursos industrializados, mas fundamenta-se em um brincar diferenciado e alternativo. A infância pode ser simples, ou podemos fazer uma releitura deste modo de ser criança. Podemos oportunizar um brincar significativo:

     "Ter apenas coisas que piscam, giram e fazem tudo sozinhas dificulta o uso da imaginação e do pensamento analítico. Acho incrível ver como as crianças são capazes de transformar qualquer objeto em algo interessante, fazendo descobertas e alimentando o faz de conta. Brinquedos mais simples têm esse poder de transformação, de ser um foguete ou uma boneca no mesmo objeto. E acho fundamental trabalhar com a criança conceitos como transformar, reciclar. São preocupações fundamentais nos dias de hoje, ao invés de incentivar o consumismo e o acúmulo de brinquedos."


       A infância tem o olhar do fascínio, da descoberta, do simples mas de valor imensurável.




Referências:

Diferenças ente brincar e brinquedo. Portal Educa-me.http://naescola.eduqa.me/atividades/a-diferenca-entre-brincar-e-ter-brinquedos/,

sábado, 13 de outubro de 2018

Como ser mais criativo

       Eu sempre me considerei uma pessoa criativa, mas em algumas situações tenho dificuldades para liberar. Parece que há um bloqueio em algumas áreas.
     Os insights (clareza súbita na mente; iluminação, estalo) são frequentes algum tempo depois de ficar “martelando” a solução de um problema. O lado intuitivo processa nossas intenções de um modo diferente e o insight aparece em momentos posteriores de mais relaxamento físico e mental.
     Na correria e pressão diária achamos que temos que acertar sempre, e logo. Esta ideia de não poder errar nos leva a pensar que somos incapazes de fazer algo bom o suficiente. Mas de um erro pode surgir uma grande ideia.
    A necessidade de acertar nos leva a buscar um sentido lógico a tudo, porém não é assim que a criatividade se manifesta, mas o lógico e o intuitivo caminham paralelamente e ambas, conforme o caso, trazem possibilidades.
     A necessidade de praticidade no modo de pensar e aplicar uma ideia se assenta no amadurecimento da mesma e um ambiente adequado favorece a criatividade.
Em algumas áreas do conhecimento  não mostramos interesse, mas precisamos, quando necessário, fazer uma inserção  em terrenos diferentes do nosso domínio, para que a clareza apareça.

Referencias:
CASTRO, Ilíada de. O que é Criatividade. Acesso em:
https://www.youtube.com/watch?v=4B4qo7ebBTY 

terça-feira, 9 de outubro de 2018

Primeiros relatos: uma análise

     Dei início ao estágio do curso. Minha turma conta com catorze crianças e uma monitora auxilia durante toda a tarde, no cuidado com os pequenos. Na Educação Infantil, especialmente com berçários, como minha turma, a rotina diária consome boa parte do tempo. Em minha escola as tarefas do cuidar são divididas igualmente entre professora e monitora, ficando a parte pedagógica para a docente.

     Com bebês as atividades tem que ser lúdicas, pois somente assim nos aproximamos da criança e, com linguagem e metodologia adequada, fazemos as intervenções pedagógicas.

     O primeiro dia foi bem animado para os pequenos, pois logo avistaram os balões que seriam usados naquela tarde. Inicialmente uma canção de acolhida, nomeando as crianças “Palma palma palma... pé pé pé... roda roda roda e diz quem é?” Todos puderam acompanhar o coleguinha sendo indagado, com alguns conseguindo responder e outros mostrando um olhar curioso, esperando que eu dissesse seus nomes.

     Em um segundo momento, li a história “O balão” que falava de um menino que ganhou um balão de sua mãe, brincou tanto com ele, no mundo da sua imaginação, que acabou soltando ele e foi para o céu, para sua tristeza. Mas a mãe estava sempre pronta para lhe possibilitar novas aventuras.

     Depois disto, fiz uso de um balão e passei a todos, pedindo que assoprassem forte, para o balão subir. Em seguida dei um balão a cada criança para que brincassem de jogar para cima e pegar.

    A atividade foi simples, mas significativa. Por um momento, sentaram-se calmamente, cantaram, gesticularam e socializaram seus nomes e individualidade. Depois acompanharam a saga do menino que, como eles, se alegram e se frustram, fantasiam e despertam, mas com pessoas que os amam e querem bem.

    Na atividade do balão, perceberam e experimentaram que seu sopro pode movimentar coisas, se divertindo e descobrindo possibilidades de seu corpo. E, ao final, brincaram bastante tempo com seus balões, trocando com os colegas, jogando para o alto, pegando e, um e outro, vendo seu balão estourar.

    Trabalhar com crianças é sempre prazeroso e percebemos facilmente o desenvolvimento de cada uma. Temos que instrumentalizar para que nosso aluno aprenda e desenvolva suas capacidades plenamente, de forma lúdica e interagindo com os demais.
      Uma nova proposta: a simplicidade no brincar e no aprender, como diria o poeta:

"Cresci brincando no chão, entre formigas. De uma infância livre e sem comparamentos. Eu tinha mais comunhão com as coisas do que comparação.“ — Manoel de Barros

Referencias:

Barros, Manuel de. Manoel por Manoel, do livro Memórias inventadas – As Infâncias de Manoel de Barros, p. 187)

domingo, 7 de outubro de 2018

Desafios da criatividade


     São necessárias competências criativas para resolver problemas. Para fomentar uma mente criativa é imprescindível ter motivação, uma vez que só se cria quando se está comprometido com o que se faz.
   
     Para ocorrerem manifestações criativas têm que haver conexões entre quem cria com o cenário em que o produto é criado. O meio e até a dificuldade podem impulsionar atitudes criativas.
    As aptidões criativas são variadas e se manifestam unidas aos esforços pessoais.  Ser criativo é dominar conhecimentos e ser criativo implica ter características como autonomia, autoconfiança, tolerância à ambiguidade ou persistência.
    A criatividade é uma atribuição e sofre interferência do olhar alheio, havendo então o “condicionamento do que se cria pela valoração de alguém que pode ser o professor avaliando o trabalho dos alunos, o crítico de arte ou o próprio momento sócio-histórico.” (MORAIS)
    É de conhecimento que muitos professores se incomodam com a autonomia, ousadia, a curiosidade, o humor, a criticidade e divergência do aluno mais criativo. Em nossa rotina em sala de aula encontramos o desafio destas crianças, o que pode gerar desconforto, por sua postura de certo enfrentamento, porém a criatividade deve ser um adjetivo valoroso para mentes criativas.

Referências:
MORAIS, Maria de Fátima. Criatividade: conceitos e desafios. Educação. 2015. Editora APM.