sexta-feira, 10 de maio de 2019

Inovações pedagógicas

O que estamos fazendo?" 

"O que queremos propor e atingir em nosso fazer pedagógico?"

     Como professora faço constantemente estes questionamentos. A vivência escolar, as mídias digitais, o aluno questionador, a informação instantânea, os conflitos da geração e os reflexos da realidade socioeconômica são alguns desafios do professor da atualidade. Precisamos inovar, rompendo com os processos convencionais de ensino e aprendizagem. 

   "A inovação pedagógica pode ser definida como a invenção/criação de melhorias e/ou transformações do processo de aprendizagem, que gerem valor para estudantes, professores e sociedade como um todo."(ALMEIDA)
     Em minha prática em escola infantil, tenho buscado inovar, sair do padrão e fazer uso de recursos variados, tecnológicos ou apenas alternativas criativas de proporcionar um aprendizado significativo. O elemento surpresa entra diariamente no fazer pedagógico, sempre instigando a curiosidade e a imaginação.  
     Atuando com as crianças, que tem entre dois e três anos, procuro cada dia fazer algo diferente, buscando em projetos de trabalho temas de interesse deles. Atualmente estamos desenvolvendo o projeto "Máquinas maravilhosas", a partir do fascínio deles por veículos e similares que transitam no entorno da escola: tratores, empilhadeiras, roçadeiras, caminhão do lixo, caminhão que traz o leite na escola, entre outros. A primeira atividade foi visitar o corpo de bombeiros, onde puderam entrar nas cabines e na ambulância.  Registrei, editei e mostrei a eles no Note Book, assim como enviei aos pais. Esta forma de trabalhar sai do modo comum, que seria ficar na escola, um bombeiro vir palestrar, pintar desenhos ou procurar imagens em revistas. Entre outras atividades, trouxe capacetes de motociclista para usarem, que foi muito apreciado por eles.
      O importante é sair do lugar comum e  mudar a estratégia de trabalho. O mundo atual pede inovação, agilidade, idéias criativas e integração. 
     "Porque, inventar/criar elementos que tragam novos valores para a aprendizagem significa que estamos deslocando o foco da educação para o que realmente importa: os alunos não se sentirão motivados a estudar por causa da prova, ou para obter seus diplomas, mas sim porque enxergam valor naquilo estão aprendendo; não irão dedicar tempo às tarefas e projetos por estarem sendo obrigados a isso por seus professores e familiares, mas sim porque estarão enxergando significado e sentido em tudo o que aprendem."(ALMEIDA)
     As questões que nos inquietam também nos movimentam para que os aprendizados sejam mais dinâmicos e efetivos. Não basta repassarmos conteúdos, é preciso chegar até o aluno, dar sentido e estarmos abertos ao novo, reformulando nossa prática docente.

Referências:
ALMEIDA, Thiago.Inovação Pedagógica: uma abordagem que está mostrando como transformar a aprendizagem na educação superior. 2017. Acesso:

KERBER,Cláudia Simone. Aprendizados. Inovar o fazer pedagógico: uma nova perspectiva para a educação. 2018. Acesso:

sábado, 4 de maio de 2019

Críticos e saudosistas em tempos líquidos

      Após uma reunião de pais, alguns se admiraram da quantidade de turmas e de profissionais que atuam  na escola infantil: professoras, várias monitoras e estagiárias. Em outro momento, conversando com um pai pouco instruído, e pouco aberto às mudanças no mundo, este me disse que antigamente, no seu tempo de escola, uma só professora dava conta de 40 ou 50 crianças, nas turmas multisseriadas de anos iniciais.
      Posso, de certo modo, até concordar com o que este homem que parou no tempo falou. Argumentei que os tempos eram outros, que nem televisão se tinha em casa, que não havia internet, que tudo era mais lento, sólido e familiar, que não havia este bombardeio de informações que passam pela mente das crianças e adolescentes, e que naquele tempo, a rotina era simples e depois iam dormir. Tudo que eu dizia me pareceu inútil frente os argumentos do senhor em questão.
     Mais tarde comecei a refletir sobre este mundo que vivemos hoje, e a própria escola, que passa por muitas críticas, aos olhos de pessoas que não compreendem o mundo atual, ou relutam em aceitarem as transformações. Embora as inovações tecnológicas sejam magníficas, posso até dizer, um salto evolutivo da humanidade, perdeu-se muito nas questões de respeito, de valorização do professor, do fazer silêncio, da própria concentração nos estudos. Também pudera, com tantas informações entrando na mente, desde o nascimento, conexões e a globalização, como manter o foco?
    As premissas: "Vida em movimento, contínua mudança, o ser humano em transformação", retratam os tempos atuais.
      “Estas premissas embasam o pensamento pós moderno. A velocidade do tempo nos dias de hoje não permite estagnações, crenças absolutas e nem plena confiança no que quer que seja. Nada é imutável, insubstituível ou constante. Poucas coisas são definitivas ou duradouras.”(Aprendizados, 2018)
   
      Estes novos tempos, que aquele pai nega-se a considerar, são o que Bauman chama de “Tempos líquidos.” Segundo Zigmuth Bauman, sociólogo polonês, a base do pós modernismo é  a inconsistência, a liquidez, o excesso, o consumismo. “Vivemos em tempos líquidos. Nada foi feito para durar” (BAUMAN). Até mesmo o que ensinamos hoje pode ser modificado amanhã, dadas as descobertas da humanidade.

    Em relação ao saudosismo do pai, assim como o de muitas outras pessoas, pergunto, em meio a alunos hiper informados, conectados, barulhentos, ativos, questionadores e por vezes, pouco respeitosos: Como educar as crianças nestes tempos líquidos? 
    Cabe à escola promover uma educação que vá além de conteúdos a serem decorados, mas que o aluno aprenda a compartilhar conhecimentos,  saiba pesquisar, pensar com autonomia, senso crítico e discernimento. E que aprendam a aprender constantemente. 
      Que resposta poderia dar aos pais saudosistas? Que percebam as transformações e trabalhem a favor da educação e não fazendo comparações que depreciam o nosso trabalho. A educação, muitas vezes, deve ser dada aos pais também. Que percebam a velocidade do mundo de hoje e saibam o que é educar/ensinar uma criança nestes tempos líquidos. E assim, sejam nossos parceiros, em vez de críticos sem fundamentação.

Referências:

BAUMAN, Zygmunt. Tempos líquidos. Rio de Janeiro. Editora Jorge Zahar. 2007.

KERBER, Cláudia Simone. Infância pós-moderna – 2. Aprendizados. 2018. Acesso em: http://claudiasimoneblogpead.blogspot.com/2018/12/infancia-pos-moderna-2.html

quinta-feira, 2 de maio de 2019

Rótulos e tijolos

      Quantas vezes rotulamos pessoas, colegas de trabalho e mesmo alunos, por serem de um ou outro modo, enquanto estão aprendendo e interagindo.
    Tenho alunos entre dois e três anos de idade, no Maternal, e há muita diferença entre eles, tanto do desenvolvimento biológico (alguns nasceram prematuros, por exemplo, ou com possível autismo), sociais (os pais são surdo-mudos ou adolescentes ainda) e comportamentais (alguns carecem de limites em casa, ou bons exemplos), além de diferenças cognitivas evidentes. Mas não será por estas diferenças que posso rotular os alunos, impedindo o aprendizado.  Dizer que um aluno não terá êxito em alguma área do conhecimento é precipitado, e mesmo anti ético. Este aluno poderá, ao longo do tempo, se destacar em outra área do conhecimento, ou mesmo em várias. 
     O que posso afirmar, nestes anos de trabalho docente, é que toda criança tem um potencial latente dentro de si, que mais cedo ou mais tarde, ira se manifestar, quanto mais com paciência e boa dose de afeto. Como escrevi no blog Aprendizados, em 2017: 
     “...temos que pensar em nosso aluno como um ser integral, com sim, histórico familiar, experiencias diversas, estímulos em maior ou menor grau, acompanhamento especializado ou a margem do processo de aprendizagem, por sua realidade ou dificuldade. Portanto, devemos pensar na construção de conhecimento que nosso aluno está fazendo, a partir de premissas anteriores e no caminho que vai trilhando e ajuda que necessita. Como se cada informação e experiencias fossem  tijolinhos de sua construção, onde ele vai levantando as  paredes em sua mente. “(Aprendizados)

     O professor Fernando Becker nos revela:
     “[A inteligência] nasce com o homem, eu acho. Ela pode ser desenvolvida, mas ela não pode ser, digamos, adquirida. [...]. Acho que ela nasce, uns com mais, outros com menos; ela pode ser desenvolvida, mas acho que ela já vem, acho que a gente já vem com isso”.(BECKER)

    Por isso, ao planejar minhas aulas, ou realizar um projeto, tenho que levar em conta diversos fatores do desenvolvimento dos alunos, prestando atenção para que abranja a todos em suas diferenças, usando diferentes linguagens e experiências sensoriais que cheguem ao entendimento de todos.
   Cabe ao professor perceber as diferenças entre os alunos e sem impor rótulos, oferecer diferentes técnicas para levar o conhecimento ao seu aluno, com sensibilidade.
  “Nossa função (professor) é instrumentalizar este processo, fornecendo os "tijolinhos" e orientando sua construção, sem rótulos que bloqueiam, mas percebendo as reais dificuldades.” (Aprendizados)

Referências: 

BECKER, Fernando. Epistemologia do professor de matemática. Ed. Vozes
KERBER. Cláudia Simone. Rótulos e concepções epistemológicas. Aprendizados. 2017.

quarta-feira, 1 de maio de 2019

Metáforas: um outro enfoque

      Talvez uma das metáforas mais pertinentes ao dia de hoje, o Dia do Trabalho, seja a da avestruz que enfia sua cabeça na terra quando surge um problema. O não enfrentamento de situações constrangedoras, injustas e prejudiciais a quem quer que seja compara-se ao gesto da avestruz, seja em sala de aula, na sala dos professores, reunião de pais ou nas relações do mundo do trabalho em geral.
    Crocodilos, em contrapartida, abocanham sem piedade quem invade seu espaço. Aí questiono: até que ponto permitimos que os "Crocodilos" da sociedade, das instâncias superiores, do mundo virtual, do preconceito e da ignorância, adentram no ambiente escolar, abocanhando até mesmo o fazer pedagógico, a liberdade de cátedra a mente de nossos alunos, a nossa auto estima e valor?
    Penso que, de certo modo, como professores, estamos sendo engolidos pelo sistema, pelas novas diretrizes, pela culpabilização do corpo docente, agora considerado inimigo do Estado e da sociedade. Do mesmo modo, a demonização do saber acadêmico, o pouco valor dado ao estudo científico, o desdem dado as ciências humanas e a própria estupidez das pessoas é sinal destes tempos dificeis. 
     Como professores podemos dar a desculpa de nada poder fazer para mudar o que está se manifestando a passos largos, por medo dos Crocodilos, enfiando a cabeça na terra, ou reagirmos. Historicamente,  o professor tem o difícil desafio diário de enfrentar diversas questões, como péssimas condições de trabalho, violência ou salário aquém do merecido, mas agora os problemas se agigantaram.
    Devemos, sim, é construir pontes, rumo ao pensamento crítico e solução de problemas, mesmo que isto implique em ter que passar sobre Crocodilos famintos. Mas somos guerreiros, e saberemos como enfrentar esses novos tempos.

Referências:

AMARAL, Lígia Assunpção. Sobre crocodilos e avestruzes: falando de diferenças físicas, preconceitos e sua superação. Diferenças e preconceito na escola: alternativas teóricase práticas/coordenação de Júlio Groppa Aquino. São Paulo. Editora Summus. 1988.

KERBER,Cláudia Simone. Diferenças e necessidades especiais na escola. Aprendizados. 2017. lhttp://claudiasimoneblogpead.blogspot.com/2017/10/diferencas-e-necessidades-especiais-na.html