terça-feira, 31 de maio de 2016

Nas tramas da transdisciplinaridade


 "A transdisciplinaridade é uma abordagem científica que visa à unidade do conhecimento. Desta forma, procura estimular uma nova compreensão da realidade articulando elementos que passam entre, além e através das disciplinas, numa busca de compreensão da complexidade do mundo real."


  Muito se fala, hoje em dia, em transdisciplinaridade. Nas escolas, em reuniões pedagógicas, ouve-se o termo e sugere-se que ela aconteça, com o ensino contemplando as várias áreas do conhecimento. 
    Algum tempo atrás,  a ordem era repassar conteúdos específicos, cada professor em sua área de especialização. Mas, gradativamente, em vistas de um mundo globalizado, acesso instantâneo à informação e a diversidade de interesses, o aluno não necessita somente assimilar verdades incontestáveis ou conhecimento engessado, mas estar aberto e preparado à chuva de informações que se derrama sobre ele, sabendo refletir, ao abrir a janela para o mundo. 
   Neste contexto, basta acessar a internet para saber quem foi este ou aquele herói, em que ano e porque aconteceu a Revolução Francesa, por exemplo. Claro que o conhecimento adquirido em aula e pela leitura é essencial, mas o aluno tem toda informação ao seu dispor, como nunca antes ocorreu, desde que queira ou necessite dela. Nesta questão entra o incentivo à pesquisa, a motivação para compreender o desconhecido, a curiosidade de saber do ser humano. Torna-se necessário instrumentalizar a busca do conhecimento.
  Em termos de transdisciplinaridade, muitos conceitos e conteúdos não precisam ser aprendidos estaticamente, mas fazendo-se uso de dinâmicas de conhecimento, como acontece na elaboração de projetos. Nas reuniões pedagógicas, comumente, os professores são orientados a incentivar a pesquisa e organizarem-se de forma a contemplarem o mesmo tema, em determinada turma, por exemplo, mas sob os diferentes ângulos e perspectivas das diversas disciplinas.
   Na educação infantil há muito já se trabalha com a transversalidade, vista a necessidade de formar um ser humano na sua totalidade, integralmente. As áreas de conhecimento se completam, se alternam, para um único fim: o aprendizado. Música, artes visuais, literatura, natureza e sociedade, movimento e mesmo noções de matemática se integram, para que a criança aprenda e desenvolva plenamente suas capacidades.
   O aluno, já em séries mais avançadas, também irá tirar benefícios maiores ao fazer conexões com as áreas do conhecimento, unindo a um fio condutor, na teia do aprendizado. Suas múltiplas capacidades serão envolvidas e o resultado será bem melhor tramado.

Referências: 

terça-feira, 24 de maio de 2016

Estabecendo relações e compreendendo o mundo


      Para a criança conseguir estabelecer relações e compreender o mundo à sua volta, necessita fazer associações, interações e utilizar símbolos que representem o mundo real. Faz por meio da brincadeira, dos jogos de exercício, seguindo jogos normatizados, reproduzindo o mundo real, simbolicamente, pela sua imaginação, e por fim faz sua interpretação de mundo, conforme o seu grau de desenvolvimento e faixa etária.


    A criança nasce ligada à mãe e, aos poucos, começa a manter contato com outras pessoas, cuidadores, membros da família, outros bebês. Começa a interagir no espaço físico e estabelece relações. Inicialmente, a interação se dá por imitação, depois começa a indicar o que deseja e cria estratégias para obter. Esta relação com o outro e o mundo em volta, sejam objetos, alimentos ou pessoas, começa a ser divertida e a criança brinca com as situações. Um bebê que tapa os olhos e acredita que assim estará ausente, cria um jogo de aparição e esconderijo. O adulto, ou mesmo criança, entrando no jogo,  tornará a brincadeira ainda mais interessante e enriquecedora em termos de aprendizagem. Esta criança brinca, mas na verdade, estabelece relações com o exterior através destes jogos de exercício, repetição e imitação.

     Com o passar do tempo a criança começa a jogar simbolicamente, criando e incorporando personagens, fazendo de conta que suas brincadeiras são reais, pois em sua mente acredita que sim, em vista de seu desenvolvimento e compreensão. A criança em torno de dois anos de idade utiliza-se de símbolos que representem o mundo real, que por sua imaturidade, não compreende completamente. Vamos supor que a criança foi ao dentista e impressionou-se com a experiência. Será bastante possível que ao chegar em casa, suas impressões se transformem em uma brincadeira, muitas vezes com inversão de papéis, como ela ser o profissional e uma boneca ou ursinho o paciente, que necessita ficar quieto e se sujeitar às intervenções do dentista. Do mesmo modo, percebemos nas escolas as crianças reproduzindo situações vivenciadas em casa, opressões ou mesmo traumas.
     Conforme avança em idade e desenvolvimento, a criança passa a se interessar por desafios maiores, que integrem outros grupos, com jogos onde regras determinam o bom andamento da brincadeira. Gostam de jogos ao ar livre, envolvendo equipes, com bola, corda e outros recursos, desenvolvendo, assim, as capacidades físicas e outros aprendizados importantes da vida em sociedade, como ganhar e perder, esperar a vez, ter honestidade e respeito para com os demais. Os jogos de tabuleiro, dados, cartas, cartelas e blocos fazem, igualmente, parte do repertório que abrange o aprendizado infantil neste sentido.
     Posteriormente, o então adolescente, irá se interessar por jogos ainda mais desafiadores, como palavras cruzadas, por exemplo, pois desenvolve simultaneamente a memória e o raciocínio, como exige acertar a resposta associando com o encaixe das letras na grade, indicada no jogo. Os jogos tecnológicos também desafiam e fazem parte do cotidiano dos adolescentes.

     Todo jogo e brincadeira, desde a primeira infância até a fase adulta serve para entreter, divertir, estimular os aspectos cognitivos ou motores - conforme a fase de desenvolvimento, socializar, aprender regras e principalmente promover aprendizados de forma lúdica e prazerosa.


quarta-feira, 18 de maio de 2016

Mais sobre Projetos de Aprendizagem

    O que é o mais importante ao conceber um projeto de aprendizagem e qual o primeiro passo para sua realização?


 Ao realizarmos um projeto de aprendizagem precisamos levar em conta o interesse do aluno. Devemos incentivar a pesquisa de temas relevantes que venham ao encontro da curiosidade que leva ao conhecimento, de forma criativa e instigante. 
  No meu pensamento, a curiosidade pode ser instigada, pois o aluno sempre terá algo mais a querer saber, com uma boa dose de motivação e desafio como parceiros de aprendizado.
   O aluno até pode ter um conhecimento prévio, mas suas noções podem ser alargadas à medida que vai pesquisando. A diferença entre impor um tema de pesquisa e provocar a curiosidade sobre algo de seu interesse é imensa. O que queremos saber sempre chega a nós, de uma forma ou outra, com muito mais sentido.
  Todos temos, sobre este ou aquele assunto, certezas e dúvidas. Torna-se necessário usar as certezas que temos como alicerces para obter as respostas para nossas suposições e questões a serem preenchidas com o conhecimento, através da pesquisa, para o real aprendizado e assim, ampliar o vasto horizonte do saber.


sexta-feira, 13 de maio de 2016

Projetos de ensino e aprendizagem nos berçários


      Entramos, nos conteúdos da interdisciplina Seminário Integrador, em um assunto que está sempre em pauta no meu fazer pedagógico: a elaboração de projetos.
       Sempre me intrigou a realização de projetos nas turmas iniciais em escolas infantis, da forma como comumente acontece, visto que o assunto deve, ou deveria, partir do interesse das crianças, os Projetos de aprendizagem. Geralmente elaboramos subprojetos baseados em um maior, norteador de atividades na escola ou na rede municipal de ensino. Muitas vezes os temas escolhidos não tem significado para os bebês, e mesmo para o maternal. Realizamos o projeto, mas o aprendizado é mínimo, as atividades tornam-se superficiais e desconexas com a realidade. 
    Porém existem os projetos que fazem alusão às datas comemorativas, válidas para o conhecimento do aluno ou a integração entre turmas, pais e comunidade escolar em geral. São os chamados Projetos de ensino, que às vezes tem de ser feitos de uma hora para outra, por sugestão de uma entidade, por exemplo. Como no caso da "Campanha de prevenção contra o Zica", solicitando elaborar um pequeno projeto conscientizador sobre o tema.
    Este ano questionei novamente sobre como fazer um projeto de interesse dos alunos, se eles nem falam ainda, se mal e mal compreendem que são independentes da mãe? Surgiu então a ideia de trabalhar a identificação do eu, como ser independente e cheio de capacidades a serem descobertas e desenvolvidas. Ou seja, é do interesse e realidade deles e eu, como docente, tenho muito a promover para que aconteçam estas descobertas. 
     Surgiu, então, um projeto de ensino e de aprendizagem, ao mesmo tempo, para o berçário 2, visando a autodescoberta e o desenvolvimento integral da criança.

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Reflexões sobre a INCLUSÃO


     Voltamos a discutir, em aula presencial, uma questão que está em voga nos dia atuais, tanto em nossas escolas, como na sociedade em geral: a INCLUSÃO.
   Como, de fato, ocorre a inclusão no ambiente escolar? Apenas introduzir alunos com necessidades especiais em sala de aula convencional ou proporcionar atendimento qualificado e com a estrutura adequada? Como excluímos, mesmo sem querer, algumas pessoas? Será que não ocorre uma EXCLUSÃO dentro da INCLUSÃO?
     Estas questões nos levam a refletir sobre o termo INCLUSÃO, no sentido amplo: incluir significa abranger, introduzir, colocar dentro. Vamos pensar em nosso círculo de amigos: como escolhemos nossas amizades? Certamente a resposta será "por afinidade"ou "por projetar a sensação de segurança ou de conhecimento". Então significa que fazemos uma seleção inconsciente e imediata do que queremos próximo a nós. O que difere deste parâmetro nos assusta e refutamos para não abrir um espaço ameaçador neste círculo. 
      Vamos pensar em um ambiente coletivo, como a escola. Entre as centenas de alunos que se cruzam diariamente nos corredores e nas turmas, divididas por faixa etária e nível de aprendizado, existem diferenças de cor de pele, etnia, condição econômica e social, hábitos de higiene, fora os padrões estéticos "exigidos pela indústria da beleza e da moda", como alunos com sobrepeso, por exemplo. Entre tantas diferenças, existe uma convivência que é aprendida, que se baseia na tolerância e no respeito. Neste ambiente escolar, de socialização e convívio de diferentes, acontece, ou deveria acontecer, a INCLUSÃO, no sentido restrito, envolvendo indivíduos com necessidades especiais de todo tipo, sejam estas limitações físicas ou cognitivas.
     Mas será que o aluno com alguma necessidade especial recebe, realmente, a atenção que necessita? Nossas escolas estão equipadas adequadamente e com profissionais qualificados para atender a demanda? Ou o aluno diferente, assim dizendo, fica à margem da turma, ou mesmo à deriva no aprendizado? Imaginemos uma sala composta por 35 alunos e uma professora para atender a todos, incluindo um ou mais portadores de necessidades especiais, mas sem suporte para atender bem, ou seja, sem monitor auxiliar, sem banheiros próximos à sala, sem acompanhamento psicológico para ela, se necessitar, e para o aluno, muitas vezes sem o apoio da família e/ou entidades assistenciais. Será que a professora irá dar conta? E este aluno, receberá um atendimento qualificado que merece e necessita? Torna-se óbvia a resposta, pois para que a inclusão aconteça de verdade, precisa estar sustentada em pilares maiores do que apenas boa vontade e dedicação.
     Penso que é nobre, humano e politicamente correta a consolidação da ESCOLA INCLUSIVA, porém torna-se fundamental o planejamento de como se dará esta inclusão, para a garantia de que este aluno receba a atenção que precisa, se socialize saudavelmente e acompanhe, a seu ritmo e capacidade, os conteúdos e aprendizados da turma. Ainda estamos um pouco longe do ideal que esperamos, pois incluir não é só colocar dentro da escola o aluno especial, mas é inserir com a certeza de que será o melhor para a integralidade do seu desenvolvimento.
     

terça-feira, 3 de maio de 2016

A linguagem de sinais como forma de comunicação


   Imagine uma criança ainda pequena querendo se comunicar. Ela ouve, mas não entende, ainda não associa as palavras com as ações. Então o que fazemos para estabelecer comunicação e fazê-la compreender o que dizemos?
   Fazemos, então, uso de gestos para nos fazermos entender. Para a comida, fazemos sinal com a mão perto da boca, para ir embora balançamos a mão, dando “Tchau”, para ela se aproximar, usamos novamente a mão, em sinal de “Vem cá”. Aos poucos ela começa a codificar o gesto/significado, e por meio de repetições, estabelece uma forma de linguagem. Com o desenvolvimento, gradualmente utiliza sílabas ou articula algumas palavras para o processo de comunicação.
  As crianças surdas, do mesmo modo, estabelecem suas formas de comunicação. A linguagem de sinais com as mãos, aliadas a expressões corporais e faciais, permite que surdos-mudos se compreendam e através da interpretação destes sinais, ouvintes possam também fazê-la.
   Desde cedo, ao perceberem a surdez nos filhos, é importante que os pais busquem orientação de como proceder, através de escola especializada, e aprender a língua de sinais. Quanto mais cedo a criança conseguir se comunicar, melhor irá desenvolver a cognição e isto irá favorecer o aprendizado.
  Muito se fala, atualmente, em escola inclusiva, onde todos possam, igualmente, aprender e manter convivência, saudável e desejada, porém nem sempre será o melhor para o surdo. A probabilidade de ser o único surdo da escola, ou da turma, é muito grande, o que poderá fazê-lo se sentir isolado e diferente, sem real aprendizado e a esperada convivência. Sugere-se frequentar uma escola especializada, porém existem poucas, dificultando o acesso para quem mora longe. Os professores tem uma base da Língua Brasileira de Sinais durante a formação em nível superior, porém a prática é que irá concretizar o aprendizado, o que geralmente não acontece. Existem cursos específicos de interpretação de sinais e LIBRAS, propriamente dito, em diversas universidades, como opção de qualificação e habilitação profissional.

    O importante é estarmos sempre abertos para o diferente, buscando as formas de estabelecermos comunicação, pois todos somos cidadãos de direitos iguais e seres humanos que necessitam de convivência afetuosa e desejosos de nos fazermos entender pelos outros.