domingo, 25 de dezembro de 2016

Semeadoras

     O espírito natalino toma conta de todos e estamos imbuídos de sentimentos de amorosidade, compaixão, fraternidade, alteridade, entre muitos outros.
   Pensando em minha posição como professora, naturalmente educadora, utilizada como exemplo e apoio na vida de tantos, pequenos ou adolescentes, me pego com algumas perguntas: O que tenho feito de concreto baseado no espírito natalino? Será que vou além ou fico limitada a este período do ano? O que passo para meus alunos, sobre ações que efetivem e justifiquem estes sentimentos?
     Acredito que estes nobres sentimentos devem ir bem além do mês de dezembro. Devem fazer parte da vida das pessoas e serem manifestados por ações, bem mais do que com palavras ou felicitações. Sei que devemos ser profissionais e muitas vezes somos criticados quando tentamos humanizar as aulas. Há uma corrente que defende a separação do eu profissional e do eu pessoa humana, como se ambos não pudessem conviver. Vemos conflitos internos e familiares em nossos alunos, o individualismo tomando conta, farpas de todo tipo entre os alunos, necessidades básicas não só de pão, mas de afeto e carinho.
     Penso que somos mais do que professoras, somos semeadoras. Semeamos o bem, os bons conselhos, o bom exemplo, o bom olhar para com o outro. Se o ano todo ficamos alienados às situações adversas de nossos alunos, como podemos falar em generosidade, em solidariedade e amor? Temos que descer do pedestal em que erroneamente nos colocamos e enxergar muito mais além.


Referências:

Blog do Briguilino. Disponível em:

Overmundo. Disponível em:


segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Cidadãos conscientes de sua identidade


     As novas gerações precisam saber de sua história, dos fundamentos da civilização, da arte, das concepções filosóficas, da sua cultura e da sua origem.

Casa de pedra
em São Vendelino
Muito se aprende na escola, com seus conteúdos pré estabelecidos, mas muitas vezes me pergunto se o aluno sabe a origem de seu sobrenome, a história de seus ancestrais, ou da sua cidade. Muitos alunos, pasmem, não sabem se são descendentes de alemães, italianos, africanos ou lusos, ou onde nasceram, o nome da cidade natal. Se avançarmos um pouco, mal sabem a cidade ou estado em que vivem ou até sua família.
     Considero da maior importância trabalhar com os alunos a identidade, seja pessoal, seja do coletivo em sua cidade ou estado. O aluno precisa saber o contexto social em que vive, conhecer sua cidade, sua história, pesquisar sua origem. A representação de mundo pelos Estudos Sociais deve começar nos primeiros anos da educação infantil, depois avançando em conhecimento no Ensino Fundamental. Um cidadão sem identidade não saberá o que é melhor para sua cidade, estado ou país, pois a partir do conhecimento da sua identidade se sentirá parte de um grupo, irá valorizar suas raízes e seus ideais, e não se calará frente a injustiças sociais. 
   Se quisermos formar cidadãos conscientes, torna-se fundamental trabalharmos a identidade da criança, de sua família e comunidade, fortalecendo seus valores, cultura, história, conhecendo o espaço geográfico que a cerca e aspirações que o conduzirá pela vida.

     


O presente é onde nós nos perdemos se esquecemos nosso próprio passado e não tivermos a visão do futuro”.
(Ayi Kwei Armah, 1989)


Referencias:

 -COOPER, Hilary. Aprendendo e ensinando sobre o passado a crianças de 3 a 8 anos. Educar, Curitiba, v. Especial, p.171-190, 2006. Disponível em: <revistas.ufpr.br/educar/article/viewFile/5541/4055> .

-Foto:http://historiasvalecai.blogspot.com.br/2013/10/2865-familias-dos-construtores-da-casa.html



domingo, 18 de dezembro de 2016

Guerreiras por natureza

       Este blog tem o objetivo e o intuito de postarmos os aprendizados, as relações estabelecidas entre os conteúdos assimilados no semestre e a prática docente. Mas também pode ser espaço para um desabafo, uma reflexão ou mensagem. 
     Este ano de 2016 tem sido um ano atípico para a maioria dos brasileiros, sendo afetados direta ou indiretamente na economia, com a crise instalada. A crise não só financeira, mas social e política. Cada vez mais emergem casos de violência doméstica ou nas ruas, intolerância religiosa, sexual e racial, casos de corrupção política e incredulidade nos representantes do povo, nas esferas municipais, estadual e federal.
     A situação vivida em 2016 tem afetado também os professores, oprimidos pelo parcelamento de salários e custo de vida altíssimo. Muitos também estiveram engajados em manifestações e protestos, desgastando o emocional, que por sua vez reflete no corpo, que somatiza estas emoções e pressões.
     O ano, embora desgastante, teve que seguir seu rumo, com o cumprimento de cargas horárias, desenvolvimento de conteúdos, muitas vezes questionáveis, formações pedagógicas, apresentações nas escolas, e entre tudo isso, enfrentar horas de estudo e tarefas em frente ao computador, comprometidas com o Pead. Com certeza a saúde ficou um pouco abalada e nem sempre conseguimos estar 100% em dia em nossas atividades, ou refletido na qualidade do trabalho.
     Mas somo professoras, guerreiras por natureza, e vamos superar 2016 e vir com tudo em 2017. Assim espero.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Espaço e formas




Ao pensar as propostas para o Berçário Dois, turma em que atuo, tenho que levar em consideração a fase de descobertas e possibilidades, mas limitadas. Muitos conteúdos são permeados na rotina, visto a importância e influencia que exerce sobre a criança, que necessita de organização no seu dia a dia. Mas as atividades podem, também, ser planejadas, com objetivos específicos, dando suporte para aprendizados maiores que irão ocorrer gradativamente no desenvolvimento.
As formas estão presentes em toda parte, nos brinquedos, no prato do almoço, na caixa de sapatos. Nesta faixa etária, dois anos de idade, segundo Piaget, as crianças se encontram na fase de desenvolvimento sensório-motor e não faz sentido, por exemplo, eu apresentar um bambolê e dizer que é um círculo, ou um pedaço de bolo e dizer que é um quadrado. Bem menos se fosse partir para o abstrato, para o representativo, como sugerindo um triangulo para desenhar uma casa.
As crianças pequenas precisam de objetos palpáveis, para sentir a espessura, o peso, a textura, temperatura, entre outros aspectos. Blocos geométricos de madeira podem ser oferecidos e ela vai construindo uma casa, um muro, uma igreja ou o que sua imaginação mandar. Peças de encaixe também serão usadas para erguer torres ou construir escadas.  Caixas de leite forradas se tornam pesados tijolos e uma tampa de balde plástico se torna o volante de um automóvel.  
O contato com materiais variados, considerados sucata, estimula a imaginação, a criatividade e promove a percepção de formas, mesmo que indiretamente, pelo manuseio e faz de conta.
A criança percebe o espaço a partir do seu próprio corpo, pois ele será parâmetro para saber se algo está longe ou perto, se algo está atrás ou na sua frente. As noções de lateralidade podem ser trabalhadas em brincadeiras corporais, como o barquinho, onde as crianças, frente a frente, se dão as mãos e balançam “pra lá e pra cá”. A tradicional brincadeira do Passa passará exerce a função de abrigar, envolver, pertencer a um novo espaço. Os bambolês podem ser explorados usando papel crepon preso em tiras compridas ao redor e pendurados como móbile, criando espaços lúdicos dentro do círculo de tiras coloridas. Outra utilização dos bambolês pode ser envolvendo três ou quatro crianças e fazê-las caminhar em grupo, com a limitação imposta.  Circuitos realizados com obstáculos e pistas geométricas também são interessantes para a orientação espacial. Gosto muito de túneis, seja em brinquedos específicos ou construídos com mesas ou cadeiras. Da mesma forma, brincar de cabana, usando lençóis, proporciona uma percepção de limite e do “fazer parte” de um espaço. Caixas de papelão oferecem inúmeras possibilidades de trabalhar a percepção espacial, seja apenas sentando dentro e assim, percebendo o espaço que o seu corpo ocupa, seja transformando em um castelo ou um carro.



Na rotina o espaço também pode ser explorado, como percebendo o lugar que cada um ocupa na mesa ou no colchonete que é usado para dormir, por exemplo.
Conforme o patamar de desenvolvimento as atividades são espontâneas, usando materiais alternativos e possibilitando a livre exploração dos mesmos, mas na medida que avançam, desafios maiores podem ser propostos. Montar quebra-cabeças gigantes ou brincar de “Coelho sai da toca” são desafios prazerosos que orientam a percepção espacial.  Quanto as formas geométricas, mais tarde, ainda na educação infantil, podem fazer dobraduras, origami, construir maquetes, trabalhar o tangram, usar o geoplano ou observar obras de arte com formas geométricas , até fazendo releituras.


Referências:

- PIRES, Célia M. C. Espaço e Forma: a construção de noções geométricas pelas crianças das quatro séries iniciais do Ensino Fundamental. São Paulo: PROEM, 2000.

-Tortora, Evandro. ESPAÇO E FORMA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA COM PROFESSORES ATUANTES EM FORMAÇÃO. Encontro Nacional de Educação matemática. 2013.