A educação está inserida e é orientada por teorias e princípios que norteiam o processo de ensino e aprendizagem, dentre as quais, os Centros de interesse de Decroly.
A necessidade mais básica do ser humano é buscar a própria sobrevivência física. Ir em busca da alimentação da família foi, desde os primórdios nas cavernas, a primeira tarefa do homem, coletando frutas e raízes ou abatendo animais. Alimentar-se, respirar e manter a sobrevivência do corpo é um instinto básico que nasce com a própria pessoa.
Dadas as dificuldades do meio hostil da Pré-história, abrigar-se e lutar contra as intempéries também se tornou necessidade essencial na própria sobrevivência e qualidade básica de vida, embora rudimentar. Com um mundo ameaçador em torno da caverna, o homem teve que defender-se, observando e analisando o que lhe colocaria em condição de perigo. Era preciso criar estratégias para manter sua suposta qualidade de vida, a própria integridade, segurança e, por conseguinte, a vida. Para poder comer, abrigar-se e defender-se, o homem começou a produzir: instrumentos, armas, fogo, utensílios, vestimentas, a roda, plantio, entre outros. O homem pré-histórico começou a agir, trabalhar, produzir e, assim, desenvolver-se. Com esta evolução, cada vez mais o campo da produção humana se expandiu, em crescentes e sobrepostas possibilidades.
Chegamos ao mundo contemporâneo com uma gigantesca complexidade dos interesses fundamentais do ser humano. Não basta comer, é preciso experimentar e apreciar a rica variedade alimentícia, não somente para a sobrevivência, mas por prazer. Abrigar-se é bem mais do quer ter um espaço seco, coberto e cercado, mas ter conforto e beleza em sua casa. Defender-se tornou-se regra, pois não mais somente a própria integridade física, mas o patrimônio alcançado. Do mesmo modo, produzir tornou-se mais que ocupação ou simples moeda de troca, mas uma ação que proporciona realização pessoal, incorpora serviços de utilidade pública e coletiva e produção de bens, almejando extrema qualidade de vida em termos materiais, excelência em várias áreas da vida humana e aperfeiçoamento intelectual e científico.
Nesta vasta gama de interesses dos tempos atuais, as necessidades primordiais continuam as mesmas. Neste contexto entra a educação, que contempla de forma diversificada estes quatro centros de interesse: comer, abrigar-se, defender-se e produzir, de forma intencional ou não. São estes centros de interesse fundamentais da vida humana que todo processo de ensino e aprendizado se baseia, com base na complexidade da vida e do mundo.
Decroly foi um pedagogo belga (1871-1932 ) que concebeu esta ideia, a partir de suas constatações, apresentando ao mundo. Segundo ele, o processo de ensino-aprendizagem deve ser orientado por centros de interesse da vida humana, elencados acima. Decroly defendia a ideia de trabalhar temas da realidade do aluno, de seu contexto de vida, para que atribua significado. Do mesmo modo, classificava as etapas do trabalho em observação (direta ou indireta), associação (análise e organização mental dos dados coletados pela observação) e expressão (expressar o aprendizado).
Ao desenvolvermos um projeto de ensino e aprendizagem, este se baseia sempre em um ou mais centros de interesse. Ao colocarmos em prática, temos que passar por estas três etapas, onde o aluno precisa observar o objeto de aprendizagem, fazer associações que permitam a apropriação do conhecimento, através da análise e experimentações e por fim, a expressão, que é onde o aluno já adquiriu o conhecimento mas o consolida com a conclusão ou compartilhamento dos novos saberes.
Em suma, temos que desenvolver atividades e propostas que despertem o interesse dos alunos, com temas pertinentes ao modo de vida e contexto em que vivem. Cabe ao professor conhecer seu aluno e sua realidade, para orientar os trabalhos visando que ele adquira e experimente muitos conhecimentos com entusiasmo e curiosidade.
Referências:
CINEL, Nora Cecília Bocaccio. Centros de Interesse: estratégia utiliza multidisciplinaridade para o desenvolvimento global. Revista do Professor, Porto Alegre, n. 78, ano 20, p. 32-36, abr./jun. 2004.
Olá colega Cláudia,
ResponderExcluircomo vai?
Concordo contigo, quando dizes "temos que desenvolver atividades e propostas que despertem o interesse dos alunos, com temas pertinentes ao modo de vida e contexto em que vivem. Cabe ao professor conhecer seu aluno e sua realidade, para orientar os trabalhos visando que ele adquira e experimente muitos conhecimentos com entusiasmo e curiosidade."
Penso exatamente desta forma, pois acredito que nosso papel enquanto educadoras, é proporcionar aos educandos vivências e experiências a partir da realidade em que estão inseridos. Porque assim conseguirão construir aprendizagens significativas e enriquecedoras que contribuirão para a formação de cidadãos conscientes e críticos.
Que maravilha a maneira como organizas teu blog e tuas postagens são deliciosas de ler, pois de maneira clara e objetiva consegues prender o leitor com a escolha de palavras certas e adequadas. Parabéns!! Abraço, colega Nádila.
Que bom ouvir isso, Nadila! Um abraço!
Excluir