terça-feira, 26 de abril de 2016

Musicalidade


  Gosto muito do filme de animação "Shrek", onde o personagem do burrinho começa a cantar (embora desafinado): "...para quem tem um amigo...", na intenção de agradar o Shrek, um tanto sisudo e solitário. Até que, lá pelas tantas, Shrek dá um grito: "Para de cantar!!!", mas o burrinho não desiste de tentar chamar a atenção. 

  Esta passagem pitoresca do filme faz pensar na música como forma de elevar o espírito, de melhorar o humor, de aproximar as pessoas, de dizer algo que somente por ela conseguimos revelar, ou seja, uma riquíssima expressão da linguagem.
  A musicalidade é inerente ao ser humano, acompanha desde os primórdios da humanidade, agrada aos ouvidos e a alma. Quem nunca presenciou uma gestante colocando música próximo ao ventre para o bebê escutar? Ou, depois do nascimento, cantarolar doces canções de ninar para ele? Ou ensinar  os números com uma cantiga folclórica? 
  Pensamos, geralmente, que é necessário pleno conhecimento de partituras, ter um dom especial ou compreender conceitos específicos, para fazer música. Claro que buscar o conhecimento e a harmonia irão produzir uma composição agradável, mas podemos fazer música espontaneamente, com os dedos, com pequenos objetos ou mesmo assobiando, com ritmo e beleza. 
   A música e a leitura andam juntas, neurologicamente falando, por isso podemos associar as duas para um melhor aprendizado em nossas escolas. Na Educação Infantil fazemos uso, com frequência, de histórias cantadas para trazer musicalidade à Hora do Conto.
   Podemos perceber a musicalidade no ritmo dos pingos da chuva, no compasso turbulento das ondas do mar, no vento que açoita as palmeiras... A musicalidade está na alma de quem deseja elevar o pensamento, ter prazer ao ouvir e transformar, com sensibilidade, sons e palavras em belas melodias.


Referências: 

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Literatura para a responsabilidade social


    Nos dias atuais, ser professor não é somente repassar conteúdos pré-estabelecidos, aplicar provas ou redigir pareceres descritivos. Ser professor é, pela ótica social, incutir valores que irão constituir a sociedade do futuro, fomentar um olhar crítico nos alunos e conscientizar para a responsabilidade de cada cidadão.
   Neste argumento entra um aspecto que pode contribuir, e muito, para a conscientização que almejamos: fazer uso da literatura para introduzir temas sociais em sala de aula. Para os menores ocorrerá de maneira lúdica, porém eficaz.
   Tomando como exemplo o livro "O Mundinho sem bullying", de Ingrid Biesemeyer Bellighausen que chama a atenção para apelidos, brincadeiras de mau gosto (embora inocentes) ou zombarias que colegas fazem para outros, seja por um ou outro motivo. Na história, o menino ficou muito triste ao sofrer bullying, a ponto de não querer mais ir à escola. A lição se dá quando os colegas do menino se conscientizam, pedem desculpas e confeccionam cartazes para reflexão.


    
    O mesmo ocorre com temáticas indianistas ou escravocratas, por exemplo, de valorização das diferenças e que trazem em sua essência, história, conhecimento e o despertar do pensamento para a cidadania, manifestadas em atitudes positivas.
     Para o docente, torna-se muito gratificante ver seus alunos abertos para o diferente, cientes de um mundo que precisa melhorar, com justiça, respeito, solidariedade e no final das contas, tudo remete à educação.

Referências da imagem: 

terça-feira, 19 de abril de 2016

Winnicott, Piaget e Vygotsky - fazendo comparativos com a realidade escolar


     Trabalho com Berçário 2, crianças entre 18 meses e 2 anos de idade, e lendo o texto “Concepções do brincar na psicologia” de autoria de Therezinha Vieira, Alysson Carvalho e Elisabeth Martins, da Interdisciplina LUDICIDADE E EDUCAÇÃO, pude confirmar  e compreender melhor a etapa em que elas se encontram em seu desenvolvimento, em relação ao brincar.
     No texto, as autoras fazem uma menção importante ao pensamento de Donnald Winnicott, que afirma que a partir de um momento, a criança deixa de se sentir unida à mãe, literalmente, para começar a ser independente e explorar o mundo em volta, experimentando sensações novas, em um processo que vai da insegurança, frustração e medo à confiança.
     Os laços que unem mãe e filho, aos poucos deixam de ser físicos para um relacionamento afetivo entre dois seres independentes, que têm sentimentos, angústias e necessitam de todo um tempo de adaptação.  Neste período a criança aprende que a mãe vai, mas retorna. Faço o comparativo com as crianças da EMEI, que no começo do ano, ao ingressarem na turma nova de Berçário 2, ainda são pequenas, com vínculo muito forte à mãe. Com o passar do tempo a criança se acostuma com a rotina de chegar à escola, ser acolhida pela professora, que lhe dá afeto e atenção durante o dia, e à tardinha volta para a mamãe, em grande felicidade, no estabelecimento de uma afetuosa parceria e confiança. Este processo é chamado de espaço potencial ou transacional, segundo Winnicott. Muitas vezes a criança precisa de uma referência simbólica para transpor esta fase de insegurança, como um paninho, um travesseiro ou um bichinho de pelúcia, absolutamente normais e desejáveis para facilitar essa travessia.

    Quando, na escola, a criança passa a se sentir segura, naturalmente começa a interagir com os colegas de turma, explorar o espaço físico e brincar. Ela também começa a enfrentar desafios, importantes para seu desenvolvimento. Ela começa a resolver problemas, criando estratégias para obter o que deseja. Daí a importância de deixar a criança livre e não facilitar demais, pois se tirou o chinelo, por exemplo, ela poderá aprender a colocá-lo novamente, considerando as devidas limitações motoras. Assim também com outros aspectos, como alimentação ou buscar um brinquedo no outro lado da sala, por exemplo.
     Surgem aí os conceitos de adaptação, assimilação e acomodação, que Piaget introduziu no estudo do desenvolvimento das estruturas cognitivas. No caso das crianças da minha turma, já passaram pela adaptação, estão modificando a realidade na assimilação, e estão, gradualmente construindo suas estruturas cognitivas  com a prática do brincar, que consequentemente vai  estabelecendo a acomodação destas estruturas, ocorrendo o que Piaget chama de adaptação inteligente.
 
    Com o passar do tempo, as crianças irão elaborar cada vez mais suas brincadeiras, entendidas como processos de construção de estruturas mentais. Através do faz de conta a criança faz experimentos da realidade, ela manifesta o que há de ser e reproduz situações vividas, muitas vezes trocando os papéis. Ela, brincando de professora na sala, passa mentalmente a ser a professora e os colegas seus alunos, até mesmo a educadora pode assumir o papel de aluna, para ela.
    Surgem, então, os conceitos como a zona de desenvolvimento proximal, como Vygotsky sugeria. A criança que resolve sozinha seus problemas encontra-se na zona de desenvolvimento real, a que ainda necessita de ajuda de um adulto, embora seja potencialmente capaz, na zona de desenvolvimento potencial e finalmente,  a fase intermediária que liga uma à outra, chama-se zona de desenvolvimento proximal. Na zona de desenvolvimento proximal encontram-se as brincadeiras, que irão contribuir para sua evolução, com a orientação de um adulto que a conduzirá a solucionar seus problemas.

     Lendo este texto, “Concepções do brincar na Psicologia”, consegui estabelecer uma relação precisa entre a realidade da faixa etária de meus alunos, com seus medos e avanços, com os fundamentos da Psicologia, que explicam as situações vividas na realidade de minha turma.


Referências: 

Concepções do brincar na psicologia.pdf 

terça-feira, 12 de abril de 2016

Brincando com as palavras


   O que significa brincar com as palavras?

   Brincar com as palavras é usá-las de tal forma que delicie os ouvidos de quem escuta, ou de quem lê. Brincar com as palavras é saber empregá-las de tal modo que provoque um sentimento estético em sua composição. Brincar com as palavras é conseguir harmonizar o que se quer dizer com um entendimento agradável e prazeroso por parte do leitor ou do ouvinte.
   Os poetas e grandes escritores sempre souberam, ao longo dos séculos, como tocar o coração das pessoas, produzir imagens mentais de grande riqueza, estimular a mente crítica ou simplesmente, passar com esmero sua mensagem. A literatura sempre serviu para ir além do que este mundo palpável pode nos oferecer, ir mais longe do que a realidade nos permite, e como disse Fernando Pessoa: "A literatura, como toda arte, é uma confissão de que a vida não basta."

      Conduzindo... 

   Engenhar um texto, brincando com as palavras, é saber construir  uma poesia, um conto, ou qualquer outra forma literária, com beleza, coerência e deleite.
   Esperamos que sempre surjam novos engenheiros da linguagem, que irão adquirir o gosto pelas letras mediante boas leituras, com o uso da língua não somente para a grafia correta, mas para fins mais elevados e, é claro, semeando sonhos. 
   Neste contexto entra o professor, que com paixão pela leitura, em si somente, poderá conduzir o aluno nos caminhos da imaginação e do rico prazer de simplesmente brincar com as palavras.
     



domingo, 10 de abril de 2016

Nada mais sério que o brincar


     "Nada mais sério que uma criança brincando." (Claparede)

     Gosto muito desta frase, que expõe a importância do BRINCAR na infância. Iniciando as discussões no Fórum, da Interdisciplina Ludicidade e Educação, nos foi perguntado: "O brincar é importante? Por quê?", e transcrevo, aqui, meu raciocínio sobre a questão.

     "Penso que o brincar é importante, pois a infância é a fase da vida do ser humano em que as conexões cerebrais são estruturadas, o corpo começa a movimentar-se com desenvolvimento físico e motor, a socialização e a relação com o mundo externo (deixa de ser e de sentir-se ligado à mãe) acontece. Do mesmo modo, nos primeiros anos de vida o emocional se molda conforme as experiências, afetos ou situações negativas que a criança vivencia.
     Com todo esse despertar, através de "ensaios", exploração, curiosidade e muita imaginação, o brincar, propriamente falando, é a possibilidade de realizar todas estas conexões, habilidades, avanços e desenvolver-se plenamente, dentro das limitações biológicas, porém em intensa, mas gradativa extensão.
     Enfim, brincar é importante por que o mundo "de continha", o fazer de conta, é o mundo real em processo de amadurecimento. É desenvolver tudo que pode e haverá de ser, uma pessoa completa e potencialmente capaz." Postagem encontrada em:
moodle.ufrgs.br/mod/forum/view.php?id=975257
     Desta forma, reafirmo a frase de Claparede, dando a devida seriedade e valor ao brincar na infância, na fase mais importante da vida do ser humano.

terça-feira, 5 de abril de 2016

O lúdico na infância


      O termo lúdico remete ao brincar, ao jogo, com o divertimento sobrepondo-se às outras propostas. A ludicidade permite o desenvolvimento e o aprendizado de forma prazerosa, participativa, e assim, estimulando a criatividade.


  Trabalho com Educação Infantil há treze anos, inicialmente como atendente e depois como professora, porém o termo lúdico sempre foi uma incógnita para mim. Procurei compreender o termo através de pesquisa e constatei que meu fazer pedagógico e minha linha de pensamento sobre a infância sempre estiveram assentados neste termo até então desconhecido.

   Depois que compreendi o termo, passei a usá-lo para defender meu pensamento a respeito de minhas práticas educativas. Trabalho com crianças entre 18 meses a 2 anos de idade e acredito que a melhor forma de chegar até elas é através da ludicidade. Cada momento da rotina pode ser permeado por brincadeiras, ora sutis, ora elaboradas. A troca de fraldas não é um momento de higienização somente, mas de troca afetiva, risadas, cócegas, massagem, olhares, conversas, por exemplo. A ida ao refeitório para o café da manhã ou almoço pode vir acompanhada por doces estratégias, como a canção da Branca de Neve e os 7 anões: "Eu vou, eu vou, almoçar agora eu vou, pararatimbum, pararatimbum...", trazendo uma proposta lúdica e prazerosa para o momento.
     Defendo a ideia de que o educador precisa se aproximar da criança sendo também criança, ou seja, adentrar e compreender a infância e o mundo dos pequenos, para depois, e através da ludicidade, fomentar iniciativas, curiosidade, integração, ou quais que sejam os objetivos a que se propõe.
      Sempre que eu falar sobre o meu fazer pedagógico, ouvirão o termo lúdico, pois esta é a base de meu trabalho, de meu convívio com as crianças, é o modo como eu acredito que deva ser o dia a dia em escola infantil, que estimula e promove tantas descobertas e aprendizados.