A infância é a fase mais
encantadora na vida do ser humano, sob o ponto de vista de uma professora de
Educação Infantil, há muitos anos, fascinada pelo trabalho, que o faz com
brilho nos olhos e alegria no coração.
Sempre
digo que quem trabalha com crianças ou “se apaixona” ou não aguenta muito
tempo. Se apaixonar pelas crianças e pela Educação Infantil é resgatar a
criança interior, que brinca junto, fala na mesma altura dos pequenos, respeita
o ser humano em formação que está ávido por conhecer o mundo e necessita de
parceiros, cuidadores e a mão que possa segurar.
Brincar
é “fazer de conta”, “trabalhar como os grandes”, “uma responsabilidade séria”,
se adentrarmos na mente das crianças. A construção que ela faz ao brincar ergue
as bases da vida adulta, da personalidade, do raciocínio, das habilidades, da
motricidade, das conexões cerebrais, entre outras relevantes capacidades.
Crianças do Berçário 2b, em 2014, em situações cotidianas que os desafiavam a descobrir possibilidades e soluções. |
Na
minha infância, nos idos anos 1970, as brincadeiras eram simples, rústicas, no
pátio de casa ou da escola, nas árvores do matinho aos fundos, na escada, no
sótão ou no porão, onde podíamos ser crianças com liberdade e imaginação.
Os
mais velhos brincavam com os menores, colegas de aula ou vizinhos, aprendíamos
juntos, fazíamos de uma lata uma cadeira, de um espelho um lago ou uma
filmadora... Aprendíamos com aquilo que víamos, vivenciávamos e com aquilo que
tínhamos à disposição. Lembro-me de brincar de missa, de procissão, de aula, de
secretária, de mãe, de cozinha, de repórter, de apresentadora de TV, de
cientista, de “Mulher biônica”, de ginasta olímpica, de ser a própria “Nádia
Comaneci” sobre colchões...